Entrevista

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Afonso Amorim fala da arbitragem piauiense

Aos 45 anos, ele deixa o quadro nacional depois de apitar a final da Série D

30/01/2011 - Árbitro profissional de maior prestígio do futebol piauiense no ano passado, Afonso Amorim de Sousa (foto) entra 2011 fora do quadro nacional, por ter atingido a idade de 45 anos (Teresina-PI, 02/08/1965), mas, no auge de sua forma física e técnica, prepara-se para mais uma temporada em que sua responsabilidade maior é, acima de tudo, segurar o bastão da boa arbitragem enquanto surge um grande nome da nova geração.

Mas depois de um 2010 tão bom, Afonso até já poderia afastar-se que o faria, certamente, realizado. Além de ser escalado para dirigir os dois jogos que decidiram os dois turnos do Campeonato Piauiense, foi escalado para outros jogos importantes tanto a nível local quanto nacional, culminando com a partida final do Campeonato Brasileiro da Série D (Guarany de Sobral 4x1 América de Manaus). No futsal, fez várias finais, a nivel local. A

nivel nacional, participou de três competições, onde dirigiu a final da Liga Norte, em São Luiz-MA, a final da 1ª Divisão dos Jogos Escolares Brasileiros, em Goiânia-GO, categoria masculino, e a semi-final da categoria feminino na divisão especial. Neste final de semana ele falou ao Acessepiauí. Confira:

Acessepiauí - Como você avalia seu estágio atual, onde, na temporada 2010, você teve o melhor desempenho entre os árbitros do nosso futebol profissional, com igual prestígio também no futsal?
Afonso Amorim - Hoje me encontro no melhor momento da minha carreira, apesar de ter deixado o quadro da CA-CBF ao final do ano passado, devido a idade. Deixei num bom momento, apitando a final da Série D, na cidade de Sobral-CE, como é sabido por todos que acompanham o futebol brasileiro. Pretendo ainda atuar a nível local, em 2011, e ao final da temporada farei uma análise do meu desempenho nas competições, onde verei se continuarei para o ano seguinte.

Antes da final do 2° turno, em Campo Maior, a pose histórica com os assistentes e os capitães Neto (Comercial) e Serginho Matogrossense (Flamengo). Mais um jogo decisivo no Campeonato Piauiense (Foto: Severino Filho).

A - Em 1972, pela primeira vez, um árbitro da Federação do Piauí apitou uma final de Campeonato Brasileiro. Mas ele era carioca (Ronald Monassa). Você, porém, foi o primeiro piauiense a alcançar esta façanha. O que isso representa para sua carreira?
Afonso - Representa o coroamento de toda a minha carreira iniciada no ano de 1988, afinal, o objetivo de todo árbitro é apitar a final da competição em que está atuando, ainda mais quando se trata de uma final de Campeonato Brasileiro. Conheci o Sr. Ronald Monassa. Na época, eu era um garoto de 7 anos, e ele fazia a sua atividade física no Lindolfo Monteiro, juntamente com Manoel Alves Araújo, o "Mané Galinha", lembra dele? Depois o Mané foi para o Ceará e tornou-se um dos melhores árbitros de futebol de salão do mundo.

A - Seu ciclo de quadro nacional acabou, em face da idade. E no futebol piauiense, a nível estadual, o que voce espera da arbitragem e da nova gestão da CEAF?
Afonso - Sim, acabou, infelizmente, o meu ciclo de arbitragem na CA-CBF, mas como disse anteriormente, pretendo ainda atuar este ano a nível local. Espero que nossa arbitragem possa ser melhor valorizada por essa administração da FFP, coisa que nunca aconteceu na gestão anterior, com relação a CEAF. Espero que a nova administração possa fazer um trabalho de revelação de novos árbitros, promovendo curso e dando oportunidades a quem realmente merecer.

A – Em 2010 você dirigiu os jogos que confirmaram a definição do títulodos dois turnos – Barras x Comercial, debaixo de chuva, em Barras, e Comercial x Flamengo, em Campo Maior. Qual foi o mais difícil deles?
Afonso - Com certeza, o mais difícil foi o jogo em Barras, entre as equipes de Barras e Comercial, devido a forte chuva na cidade antes da partida, deixando o campo de jogo cheio de água. A principio houve resistência das equipes, mas após o final da chuva e escoamento de parte da água, foi possível dar início ao jogo. E graças a nosso bom e poderoso Deus, tudo correu bem.

Com tanta gente em cima da bola, o lance pode até ficar difícil para a arbitragem. Mas Afonso vê tudo de perto, fruto da experiência e do bom condicionamento físico que o mantém no topd da arbitragem piauiense (Foto: Severino Fiho). 

A – Como árbitro de futebol profissional, você alcançou tudo que almejava? A quem você dedicaria sua trajetória na arbitragem piauiense?
Afonso - Sim, se eu deixar hoje a arbitragem, saio de cabeça erguida e feliz por tudo que já vivi e conquistei na arbitragem. Primeiro dedico a Deus, pois sem Ele não teria chegado onde chequei. Depois à minha família, em especial ao Napoleão Santos, o "NAPLEX", que continua vivo em minha memória.

A – Em 2008 houve aquela pendenga entre os árbitros. O problema dividiu a categoria, mas não impediu que árbitros dos dois lados trabalhassem efizessem boas atuações na temporada de 2010. Pra 2011, você acha que a arbitragem pode ter um curso normal mesmo com a ala dissidente permanecendo dentro da categoria?
Afonso – Não. Infelizmente, o que aconteceu em 2008 ainda continua vivo na memória de alguns colegas da arbitragem, que não souberam superar os fatos acontecidos e ainda guardam mágoas do passado. Infelizmente, com isso só quem perde somos nós, como perdemos muito em 2008.

A – Até onde o desfecho dos julgamentos no TJD pode influenciar na atuação dos jogadores, considerando-se o aspecto disciplinar?
Afonso - Quando o TJD deixa de punir jogadores indisciplinados, com certeza isso vai refletir dentro do campo de jogo. Embora a arbitragem fazendo a sua parte, punindo e excluindo da partida os maus jogadores, se o TJD não os punir também, de nada vai adiantar para acabar com a indisciplina desses maus profissionais da bola.

Destaque no futsal, Amorim também tem sido escalado para jogos decisivos, como nesta ocasião, pela Liga Norte de Futsal, em São Luis (Foto: Divulgação).

A – Você apostaria em algum nome da nova safra para, em algum lugar do futuro, tornar-se o grande árbitro do futebol piauiense?
Afonso – Sim. No campeonato do ano passado, surgiu o Sr. Antonio Dib. Acredido que se for feito um trabalho com ele a nível local e nacional, coisa que não aconteceu comigo. Ele é jovem e tem potencial, mas precisa ser lapidado, como também outros nomes que merecem oportunidades, como os srs. Francisco Júnior e Rogério Braga, para citar mais dois exemplos.

A – O que é mais fácil – ou menos difícil – para o árbitro Afonso Amorim: a aplicação das regras no fute bol de campo ou no futebol de salão?
Afonso - O menos difícil, com certeza, é a aplicação das regras de futebol, pois trata-se de uma modalidade mais praticada e desenvolvida no mundo. Já o futsal é um pouco mais difícil, devido as mudanças das regras, que ainda acontecem.

A - Você pensa em continuar dentro do futebol após pendurar o apito?
Afonso - Sim, penso. Não consigo me ver fora do esporte, principalmente do futebol e do futsal, onde já fui gandula, porteiro, bilheteiro, jogador (categoria juniores), e hoje árbitro.

acessepiaui.com.br

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