do surf, sendo palco principal do WCT - campeonato mundial de
surf, desde 2003.
Imbituba
também sedia etapas do campeonato brasileiro de Windsurf e do de
Kitesurf que são realizadas na Lagoa de Ibiraquera, considerada um
dos melhores locais para a prática do esporte no país.
Filho de pai catarinense e mãe gaúcha, a fatalidade da vida bateu a
sua porta quando ainda garotinho, tinha apenas quatro aninhos,
perdeu o pai em um acidente de moto e teve que mudar de
cidade na companhia da mãe e de um irmão que ainda estava por nascer
em busca do amparo familiar.
No bairro de
itapirubá, viveu sua infância sob os conselhos do avô de quem herdou
o nome. Vovô Bráulio lhe passou sabedoria, ensinou a ser uma pessoa justa
e educada, mas as coisas não foram fáceis e as dificuldades que
foram grande, serviu para que aprendesse os verdadeiros valores da vida
e para ter consciência de que quem busca, quem merece, um dia será
recompensado.
No aprendizado da vida fez de tudo um pouco, ajudou o avô em uma
mercearia da família, tentou o futebol, um sonho que não virou
realidade, estudou, formou-se em educação física e hgoje é professor
no Centro Educacional Porto Seguro onde começou
a sua historia com a arbitragem se formando árbitro em 2009 na
Escola de arbitragem Gilberto Nahas da Federação
Catarinense de Futebol - FCF.
Hoje
a vida tem sido bem melhor, pois ele surfa, canta, joga tênis,
mergulha em alto mar, joga futebol com os amigos e esta sempre que
pode ao lado dos familiares e da bela namorada, a cirurgiã
dentista Priscila Zeferino com quem esta de casamento marcado para o
final deste ano.
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Bráulio Machado gastando seu tempo livre em atividades
fora do trabalho e da arbitragem |
Paralelamente
ao cotidiano de um professor de educação física existe o árbitro de
futebol, há três anos é destaque na arbitragem estadual onde
sua partida mais importante foi o confronto de ida da decisão do
estadual deste ano entre Joinville e Figueirense.
A nível nacional fez sua estréia em
2012
na partida Santo André (SP) 1x1 Tupi (MG)
pela série C do campeonato brasileiro. No
ano
passado (2013) estreou na Copa do Brasil na partida Brasil de
Pelotas (RS) 0x1 Atlético Paranaense (PR) e na série B no confronto Paraná
(PR) 0x0 São Caetano (SP). Este ano fez sua estréia na série A do brasileiro na
partida Criciúma (SC) 1x0 Figueirense (SC).
A boa performance nos campos de Santa Catarina já
lhe rende frutos, foi escolhido o segundo melhor árbitro da
campeonato deste ano (Top da Bola) e foi agraciado em sua cidade com
o titulo de cidadão Honorário de Ibituba, pelas relevantes
atividades realizadas em favor do município.
Bráulio Machado, a maior revelação da arbitragem catarinense dos
últimos anos fala um pouco da sua vida, das dificuldades que
encontrou, das falsas amizades, da atualidade da nossa arbitragem
com a profissionalização e do que espera para o futuro.
Confira abaixo a entrevista completa.
Apitonacional:
Fale da sua infância?
Bráulio Machado:
Nasci em Laguna, mas aos quatro anos de idade, eu e minha
mãe (Sirlei Regina da Silva Monteiro), grávida de 4 meses do meu
irmão, fomos morar em itapirubá. Um bairro da cidade vizinha
Imbituba, motivados por uma enorme fatalidade em nossa família, que
foi a perda de meu pai (Jorge Luiz Machado), em um
acidente automobilístico.
Itapirubá é um pequeno bairro do litoral de SC, colonizado por
pescadores, tendo uma média de 300 habitantes, lá vivi toda
minha infância. Nesse local tive todas as vivencias necessárias para
aprender a ser um homem mais justo, educado,
e através das dificuldades aprendi os verdadeiros valores de nossa
vida.
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Recebendo o titulo de cidadão Honorário de Ibituba, |
Aos 10 anos já ajudava meu avô a cuidar da pequena mercearia que
tinha, estudava de manhã e trabalhava a tarde. Aos 16 anos fui fazer
um teste no Tubarão F.C., passei e fiquei lá até os 18 anos, porém
as dificuldades enfrentadas por ser um clube pequeno e a falta de
oportunidades me fizeram desistir desse sonho e voltar pra casa.
Voltei a trabalhar com meu avô, no entanto os invernos sempre foram
difíceis, por morarmos em uma comunidade de veraneio. Assim nos
invernos trabalhava de auxiliar de pedreiro, pintor, pescador,
sempre para com o intuito de ajudar na renda de casa. Até que um
dia recebi a oportunidade de trabalhar como monitor em uma academia
de musculação na qual mantinha a forma. Esse foi um divisor de águas em
minha vida, a partir dai iniciei na Universidade de Educação Física
e minha historia na arbitragem.
Nota da redação:
Bráulio é formado em Educação Física na Universidade do Sul de Santa
Catarina - UNISUL e Pós graduado no Centro Universitário Leonardo da
Vinci.
Apito:
Como a arbitragem apareceu na sua vida?
Bráulio:
Meu primeiro contato com arbitragem ocorreu na Universidade, onde os
professores convidavam os acadêmicos para apitar jogos estudantis e
fazer cursos em diversas disciplinas. Entretanto a arbitragem no
futebol de campo apareceu em minha vida quando comecei a fazer parte
de uma associação no bairro onde morava, lá realizavam jogos de
veteranos aos sábados a tarde, como voluntário comecei a apitar.
Nessa mesma época eu era instrutor de musculação em um clube no
centro da cidade, dando aulas das 14h00 às 20h00, e após o horário
de trabalho decidi me arriscar apitando os peladões (jogos
realizados pelos sócios do clube) que eram realizados das 20h00 às
22h00, nas segundas, quintas e sextas.
Nesse mesmo ano após ser observado pelos árbitros da liga, recebi um
convite para integrar o quadro da Liga Imbitubense, apitando jogos
no campeonato municipal.
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Com
o avô senhor Bráulio e o irmão Daniel Machado |
Apito:
Sendo do interior, teve muitas dificuldades para realizar o curso?
Bráulio:
Sim, apesar de morar no litoral, minha cidade é afastada dos grandes
polos comerciais. A vontade de fazer o curso veio após receber
alguns elogios e o desejo de se aprimorar. Então decidi pesquisar na
internet se havia algum curso de especialização, logo encontrei,
teria inicio em meados de 2009, a Escola de Arbitragem Gilberto
Nahas, não tive dúvidas, imprimi o boleto e me inscrevi.
O próximo passo foi um pouco mais difícil, o curso seria realizado
na sede da FCF, que fica em Balneário Camboriú, e eu nunca tinha
ido em nenhum dos dois lugares. Então procurei informação com
"amigos da arbitragem" que já eram do quadro da Federação
Catarinense, se eles tinham conhecimento e iriam fazer o curso, como
o intuito de dividirmos os gastos e pedir uma carona, tendo em vista
que não tinha carro na época. Como todos que liguei disseram que não
iriam fazer o curso, fui logo pesquisar onde ficava a FCF, e ver se
conseguia um carro emprestado com algum amigo.
Com o endereço na mão e a disponibilidade de um amigo para me
emprestar seu carro, comecei meu grande projeto de chegar um dia ao
quadro da FCF.
As dificuldades só estavam por vir, isso foi nítido, quando consegui
encontrar a FCF e me acomodar na sala de aula, observei as mesmas
pessoas que falaram que não fariam o curso entrar porta a dentro, e
ao me ver nem vermelho ficaram. Mesmo assim pedi
carona para os próximos dias de aula, tendo em vista que fiz o curso
todo ou pedindo carro emprestado a amigos e familiares ou carona, e
a resposta ficou gravado até hoje em minha cabeça: "não coloco cinco
pessoas no meu carro".
Isso foi só o começo, mas já faz parte do passado, somente servindo
como aprendizado. Muitas outras coisas boas aconteceram, pois esse
tipo de pessoas são a grande minoria em nosso meio. E com essas e
outras conclui com êxito meu curso, ingressando no quadro na FCF no
final de 2009.
Apito:
Você tem se destacado nos últimos anos em Santa Catarina, como tem
lidado com isso?
Bráulio:
Sempre mantendo o pés no chão, pois tenho a consciência que hoje
estou árbitro, mas não o serei por minha vida toda. Como todo ser
humano gosto de receber elogios, mas somente os elogios derrubam um
homem. Por isso procuro sempre manter os treinos em dia, assistir as
gravações de todos os jogos que apito, e sempre manter o contato com
instrutores físicos e técnicos de meu estado.
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O
violão é um dos passatempos predileto |
Apito:
Como esta sendo a reação dos familiares e amigos com essa fama
repentina?
Bráulio:
Muito boa. Todos assistem aos jogos, comentam, e agora torcem pelo
árbitro.
Apito:
Como você concilia seu trabalho com a arbitragem?
Bráulio:
Não é nada fácil, mas sempre procuro fechar meus horários de aula em
dias que provavelmente não teremos rodadas nos campeonatos estaduais
e nacionais. Às vezes não conseguimos os horários desejados, e
quando as aulas coincidem com as datas de jogos ou viagens, que são
sempre no dia anterior a partida, entro em contato com
o colégio para acionar o professor substituto ou remanejar a aula.
Apito:
Como viu e como espera o futuro com a aprovação da
profissionalização da arbitragem?
Bráulio: Esse foi um passo muito importante que demos, depois de
concretizado teremos mais tempo para os treinos e estudos, com isso
uma dedicação total a esta atividade. No entanto somos sabedores que
muita coisa há por vir até que esse projeto vire realidade e
possamos assim nos tornarmos verdadeiros profissionais de
arbitragem.
Apito:
Você largaria seu emprego para ser tornar árbitro profissional?
Bráulio:
Sim.
Apito:
Como é a relação da Federação Catarinense com os árbitros?
Bráulio:
Muito boa. Nosso presidente sempre se mostra muito interessado na
qualificação dos árbitros, promove cursos, seminários, reuniões e
treinamentos, em conjunto com o SINAFESC e ANAF. Está sempre
presente, demonstrando muito interesse na melhora do nível técnico,
físico, social e psicológico da arbitragem catarinense. Todos os
outros setores estão atentos e disponíveis a fim de esclarecer ou
informar qualquer situação que venhamos a necessitar.
Apito:
Como você vê o trabalho do seu sindicato local e em que aspectos
precisam melhorar?
Bráulio:
Vejo com bons olhos, o nosso Sindicato. Tem
uma importância fundamental para o desenvolvimento da arbitragem
Catarinense, fornecendo material para os árbitros (agasalhos,
camisetas calções, meiões e cartões para os jogos e treinamentos),
disponibilizando ainda treinamentos, seminários, palestras, com
hospedagem e refeições, tendo ainda advogado sem custos, para caso
algum integrante do quadro de arbitragem seja citado no TJD.
Além disso, passa todas as informações pertinentes aos árbitros por
e-mails ou mesmo por telefone, tendo sua sede física
em Florianópolis para sempre que se fizer necessário o
árbitro pessoalmente sane suas duvidas.
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Com a noiva Priscila Zeferino |
Apito:
Como você vê o trabalho da ANAF, descreva o presidente Marco
Martins.
Bráulio:
A ANAF vem realizando um ótimo trabalho, sempre lutando por
melhorias em todos os sentidos na qualidade de nossa arbitragem. O
Marco é um grande batalhador pela melhoria da arbitragem nacional,
não se priva de tempo para buscar a excelência para arbitragem em
todos os sentidos, inclusive encabeçando nosso maior projeto que é
a profissionalização. É um cara sincero, alegre, parceiro e muito
dedicado.
Apito:
Conte para nós alguma curiosidade que viveu nesses anos de
arbitragem.
Bráulio:
Entre várias, uma que marcou minha vida e levo como estimulo. Quando
cheguei à Escola de árbitros, entre uma conversa informal, nos
conhecendo, uma situação me deixou chateado. Foi quando me
apresentei falando meu nome e que era de Imbituba, uma pessoa falou:
"Imbituba não tem nem time rapaz, como vai ter árbitro".
Essa é uma das tantas frases que trago comigo, hoje Imbituba não só
tem um árbitro no cenário estadual, como também tem um árbitro de
Imbituba que representa o estado a nível nacional.
Apito:
Deixe algum recado para aqueles que estão iniciando na carreira.
Bráulio:
Deus dá a você o que você precisa quando o momento é difícil, basta
ter Fé! Igualmente, planeje suas ações, tenha dedicação, não espere
as oportunidades aparecerem para se preparar, prepare-se todos os
dias, mesmo que sua oportunidade nunca chegue, mas se ela chegar
você estará pronto para qualquer desafio.
Respeite as etapas a serem cumpridas, aproveitando todas às
vivencias como experiência.
|
No
Couto Pereira na partida Coritiba-PR x Nacional-AM ao
lado de Carlos Berkenbrock e Neuza Inês Back |
Currículo
Bráulio da Silva Machado nasceu no dia 18/05/1979 em
Laguna-SC, tem dois irmãos (Daniel Machado e Djaifer Fernandes,),
mede 1,83 e pesa 86 kg, formou-se árbitro em 2009, estreou na categoria
Juvenil (Próspera 1 x 1 Marcílio Dias), em turvo, na divisão
especial na partida Camboriú 1 x 0 Próspera e no profissional na
partida Concórdia 3 x 4 Avaí, disputada no dia 12/02/2011.
Indicado à CBF em 2012 estreou na
Copa do Brasil Sub-20 na partida Avaí (SC) 2X2 Corinthians (SP).
Também em 2012 fez sua estréia na série C
do Brasileiro na partida Santo André (SP) 1x1 Tupi (MG). No
ano
passado (2013) estreou na Copa do Brasil na partida Brasil de
Pelotas (RS) 0x1 Atlético Paranaense (PR) e na série B no confronto Paraná
(PR) 0x0 São Caetano (SP). Finalmente fez sua estréia na série A do
brasileiro neste ano na
partida Criciúma (SC) 1x0 Figueirense (SC).
Recebeu o prêmio Top da Bola em 2012 (bronze) e
em 2014 (prata). Apitou a
primeira partida da final do estadual catarinense deste ano.