Cléber Abade árbitro da 1ª partida da final paulista fala sobre arbitragem e aposentadoria

11/05/2011 - Ele apitou pela última vez uma partida de Campeonato Paulista. Cleber Wellington Abade já anunciou que se aposentará no final deste ano, e fechou com chave de ouro sua participação no Estadual paulista, na primeira partida entre Corinthians e Santos. O árbitro não poupou palavras para opinar sobre o sorteio dos árbitros, discordando do atual método. Coerente nas respostas, Abade espera que tenham mais responsabilidades na escolha dos homens do apito, não dando extrema responsabilidade aos novatos, e privilegiando aos que fazem bons trabalhos e figuram entre os primeiros do ranking.

JD - Luiz Flavio, Seneme ou Marcelo Aparecido? Quem é melhor para apitar a grande final do Paulistão?

Cleber Abade - "Qualquer um dos três que tiver a sorte de ser escolhido, fará um excelente trabalho. Os três têm características bem diferentes, mas todos muito bons. Tem que pesquisar os jogos que eles fizeram e ver características, eu não entregarei nada, faz parte, é estratégia de jogo."

JD - No Corinthians x Santos, no Pacaembu, o lance mais difícil foi ao fim do primeiro tempo, quando o Leandro Castán e o Zé Eduardo se desentenderam?

Cleber Abade - "Não foi difícil, saiu fora da normalidade, no inicio do segundo tempo chamei os dois e ficou tudo mais tranquilo, tanto que não se viu nenhum problema no restante da partida."


JD - O Santos reclamou muito do cartão dado ao Danilo, dizendo que era o único jogador pendurado e que não houve falta.

Cleber Abade - "Foi um lance como os outros dois (Wallace, do Corinthians e Neymar, do Santos). Foram os três lances que destoaram da jogada, não teve simulação, não dou qualquer faltinha, aconteceu durante o jogo."

 
JD - Sabemos que é do estatuto a escolha de árbitros através de sorteios, mas você, é a favor disso?

Cleber Abade - "Com certeza preferia a escolha do melhor árbitro. Na verdade, é uma vergonha, você está impedindo uma pessoa de prestar serviço. Você está dependendo de um sorteio. Imagina os deputados dependendo de sorteio para votar em leis? Até deveria, porque ai não teria voto de cabresto. Isso que eu falei, criam as leis lá, não sabem para que serve. Aqui, temos o Luiz Seneme, um arbitro FIFA, e por conta de sorteio, só participou de dois jogos. É um absurdo."


JD- Então, se não fosse esse motivo de sorteio, você poderia até apitar a grande final, uma vez que teve boa atuação na primeira partida?

Cleber Abade - "Tem bastante arbitro preparado. Já fiz minha missão. São 106 jogos paulistas, agora no fim do ano me aposento,  foi bom fechar com chave de ouro, em um jogo bem tranquilo."

 
JD-  Deveria então o sindicato dos árbitros entrar com um pedido, ter uma participação mais efetiva para que volte a ser o melhor árbitro e não sorteio o critério para as finais?

Cleber Abade - "Isso o sindicato tem feito, temos encaminhado pedidos. Tem coisas legais, tem que se reunir, e rever isso. Desde 1997, quando me formei, o que mais me incomoda nesse profissão, é ter que acordar e provar todo dia que sou honesto para as pessoas. Não devo nada para ninguém. Tenho uma família maravilhosa, pago contas..."

 
JD- Sorteio expôs mais o árbitro a ser questionado?

Cleber Abade - "Não acho que expôs, mas não acho justo. Por exemplo, hoje no meu caso, treino em dois períodos, estudo a noite, vejo diversos vídeos e analiso casos para me aperfeiçoar. Às vezes, pegasse um árbitro que está começando agora, ele tem que apitar jogos no interior, depois grandes com pequenos, porque às vezes colocam diretamente no clássico e ele sentirá, e não pode, tem que ser dada uma estrutura. O mais experiente, antigo, suporta mais isso. Por isso não acho justo. E outra, não sei porque tem o rankiamento, uma vez que o primeiro às vezes apita muito menos que o 30º, por conta de sorte. O que valeu a dedicação de ser o melhor do ano?"

Fonte: Renata Lutfi - www.justicadesportiva.com.br


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