telefone. Ele veio
para assistir ao jogo e, assim, espero ter uma chance de encontrá-lo.
Somente 19 homens apitaram esta partida. É um grande privilégio entrar
para este grupo exclusivo.
Você teve
alguma indicação de que seria escolhido para a final antes do anúncio?
Os jogos que arbitramos correram bem. Darren e Mike fizeram um
grande trabalho e me ajudaram muito. Por causa disso, pensamos: "Temos a
chance de apitar um jogo das últimas fases." Mas outras coisas precisavam
acontecer, como a nossa seleção nacional não avançar no torneio. Não
queríamos que ela fosse eliminada, claro, mas quando isso aconteceu, nos
demos conta de que as nossas chances tinham aumentado. Ouvir os nossos
nomes sendo pronunciados na reunião da última quinta-feira foi um momento
extraordinário. Segurávamos firme as mãos uns dos outros sob a mesa. Mas
ainda temos um trabalho duro pela frente.
Os
holofotes estarão sobre você, Howard, mas fica evidente que vocês são uma
equipe...
Algo que este torneio deixou claro é a importância do trabalho em
grupo. Os três árbitros que cuidam de cada jogo sabem que um erro pode
prejudicar toda a equipe e significar o fim de qualquer ambição. Por isso,
contamos uns com os outros. A experiência que ganhamos há dois anos na
Euro (quando voltaram mais cedo para casa), nas partidas do
Campeonato Inglês e da Liga dos Campeões da UEFA — além, claro, dos jogos
que fizemos aqui na Copa do Mundo — nos tornaram um time bem unido.
Como vocês
se preparam para apitar um jogo que bilhões de pessoas verão?
É um jogo importantíssimo e será o auge das nossas carreiras. Mas
precisamos nos preparar como sempre fazemos. O jogo continua tendo 90
minutos ou no máximo duas horas, continua havendo 22 jogadores e uma bola.
Comeremos no horário de costume e descansaremos um pouco, como se fosse
antes de uma partida da Liga dos Campeões da UEFA. Algo que faremos de
diferente será visitar o estádio. Já estivemos no Soccer City como
espectadores, mas gostaríamos de andar pelo gramado na véspera para
visualizar algumas situações que podem acontecer. Os meus colegas darão
uma olhada nas linhas laterais e correrão ao longo delas e também verão as
condições do gramado. Eu caminharei sobre a principal linha diagonal que
estarei controlando. Fizemos o mesmo antes da final da Liga dos Campeões e
isto serve para nos deixar mais ambientados.
Que tipo de
conversas vocês têm antes de um jogo?
Darren Cann: Howard nos dá as instruções de sempre na manhã da
partida. Por isso, podemos nos concentrar bem. Temos consciência da
importância deste jogo, mas temos de tratá-lo como se não fosse a final da
Copa do Mundo. Se ficarmos pensando sobre os milhares de pessoas no
estádio e os bilhões que assistirão ao encontro pela televisão, não
teremos uma boa atuação.
Mike Mullarkey: Antes de cada jogo, falamos sobre darmos
o nosso melhor e de não termos nenhum arrependimento quando sairmos de
campo. Pelos radiotransmissores, estamos constantemente nos motivando e
apoiando, dizendo coisas como "boa sinalização com a bandeira". Mesmo que
não estejamos envolvidos em todas as jogadas o tempo inteiro, ainda assim
fazemos parte do jogo.
Foram 14
meses incríveis para vocês: a final da Copa da Inglaterra em maio de 2009,
a decisão da Liga dos Campeões da UEFA em maio deste ano e agora o último
jogo da Copa do Mundo da FIFA. Como vocês explicam estas conquistas?
Howard: A arbitragem tem altos e baixos. É preciso manter a
autoconfiança quando as coisas não vão tão bem. Mas isso prova o quanto
estamos trabalhando bem em equipe. Também é preciso sorte. Temos alguns
colegas muito talentosos que não tiveram a sorte de estarem aqui. A Liga
dos Campeões da UEFA deste ano foi a nossa primeira chance em muitos anos,
por causa das boas campanhas dos clubes ingleses nas últimas temporadas. O
fato de que esta oportunidade tenha surgido foi uma boa casualidade, mas é
preciso aproveitar as chances quando elas aparecem.
A
experiência na Liga dos Campeões da UEFA ajudará em algo?
Em relação à preparação psicológica, sim. O assédio da imprensa
foi parecido, assim como as mensagens que recebemos das pessoas na
Inglaterra. O fato de termos apitado aquele jogo, que é tão semelhante a
este, nos dará forças: fará com que muitos dos fatores desconhecidos
desapareçam. Fomos capazes de atuar sob os olhares de muita gente e além
disso, depois do jogo, as pessoas estavam falando dos times e não de nós.
Isso nos indica que podemos repetir aquela atuação.
As famílias
de vocês estão por aqui?
Howard: O meu pai veio para as três primeiras semanas do torneio,
mas voltou para casa na terça-feira passada. Por isso, teve de pegar outro
vôo para cá na quinta-feira à noite. Foi o mesmo que aconteceu com o pai
de Mike.
Darren Cann: O meu pai com certeza acreditou mais. Ele
pensou que podíamos arbitrar a final e decidiu ficar. Os três estarão
sentados lado a lado.
Por último,
Howard, a sua mulher disse em uma entrevista que você não consegue
controlar os filhos de vocês. É verdade?
Ela me ligou ontem e disse que perguntaram a ela quem levava as
rédeas em casa. Para ser justo, ela é quem impõe mais disciplina,
provavelmente porque fico longe de casa por muito tempo e, quando volto,
mimo as crianças e sou muito mole com eles. Ela é quem tem de manter o
controle.
Fonte: fifa.com |