Entrevista

O árbitro da final da Copa da África no centro das atenções

10/07/2010 - Howard Webb será o primeiro árbitro inglês a apitar uma final de Copa do Mundo da FIFA desde 1974. Ele conversou com o FIFA.com acompanhado dos assistentes Mike Mullarkey e Darren Cann e fez uma análise do desafio de arbitrar a decisão entre Espanha e Holanda no Estádio Soccer City, além de falar da importância do trabalho em equipe.

FIFA.com: Qual é a sensação de repetir o feito de Jack Taylor, o último árbitro inglês a apitar uma final de Copa do Mundo da FIFA, há 36 anos?

Howard Webb: É uma honra enorme. Jack é alguém que respeitamos, um ídolo da arbitragem. Ele tem nos apoiado muito nos últimos anos. Por isso, poder seguir os passos dele é incrível. Acabo de falar com ele por

Mike Mullarkey, Howard Webb e Darren Cann

telefone. Ele veio para assistir ao jogo e, assim, espero ter uma chance de encontrá-lo. Somente 19 homens apitaram esta partida. É um grande privilégio entrar para este grupo exclusivo.

Você teve alguma indicação de que seria escolhido para a final antes do anúncio?
Os jogos que arbitramos correram bem. Darren e Mike fizeram um grande trabalho e me ajudaram muito. Por causa disso, pensamos: "Temos a chance de apitar um jogo das últimas fases." Mas outras coisas precisavam acontecer, como a nossa seleção nacional não avançar no torneio. Não queríamos que ela fosse eliminada, claro, mas quando isso aconteceu, nos demos conta de que as nossas chances tinham aumentado. Ouvir os nossos nomes sendo pronunciados na reunião da última quinta-feira foi um momento extraordinário. Segurávamos firme as mãos uns dos outros sob a mesa. Mas ainda temos um trabalho duro pela frente.

Os holofotes estarão sobre você, Howard, mas fica evidente que vocês são uma equipe...
Algo que este torneio deixou claro é a importância do trabalho em grupo. Os três árbitros que cuidam de cada jogo sabem que um erro pode prejudicar toda a equipe e significar o fim de qualquer ambição. Por isso, contamos uns com os outros. A experiência que ganhamos há dois anos na Euro (quando voltaram mais cedo para casa), nas partidas do Campeonato Inglês e da Liga dos Campeões da UEFA — além, claro, dos jogos que fizemos aqui na Copa do Mundo — nos tornaram um time bem unido.

Como vocês se preparam para apitar um jogo que bilhões de pessoas verão?
É um jogo importantíssimo e será o auge das nossas carreiras. Mas precisamos nos preparar como sempre fazemos. O jogo continua tendo 90 minutos ou no máximo duas horas, continua havendo 22 jogadores e uma bola. Comeremos no horário de costume e descansaremos um pouco, como se fosse antes de uma partida da Liga dos Campeões da UEFA. Algo que faremos de diferente será visitar o estádio. Já estivemos no Soccer City como espectadores, mas gostaríamos de andar pelo gramado na véspera para visualizar algumas situações que podem acontecer. Os meus colegas darão uma olhada nas linhas laterais e correrão ao longo delas e também verão as condições do gramado. Eu caminharei sobre a principal linha diagonal que estarei controlando. Fizemos o mesmo antes da final da Liga dos Campeões e isto serve para nos deixar mais ambientados.

Que tipo de conversas vocês têm antes de um jogo?
Darren Cann
: Howard nos dá as instruções de sempre na manhã da partida. Por isso, podemos nos concentrar bem. Temos consciência da importância deste jogo, mas temos de tratá-lo como se não fosse a final da Copa do Mundo. Se ficarmos pensando sobre os milhares de pessoas no estádio e os bilhões que assistirão ao encontro pela televisão, não teremos uma boa atuação.
Mike Mullarkey: Antes de cada jogo, falamos sobre darmos o nosso melhor e de não termos nenhum arrependimento quando sairmos de campo. Pelos radiotransmissores, estamos constantemente nos motivando e apoiando, dizendo coisas como "boa sinalização com a bandeira". Mesmo que não estejamos envolvidos em todas as jogadas o tempo inteiro, ainda assim fazemos parte do jogo.

Foram 14 meses incríveis para vocês: a final da Copa da Inglaterra em maio de 2009, a decisão da Liga dos Campeões da UEFA em maio deste ano e agora o último jogo da Copa do Mundo da FIFA. Como vocês explicam estas conquistas?
Howard
: A arbitragem tem altos e baixos. É preciso manter a autoconfiança quando as coisas não vão tão bem. Mas isso prova o quanto estamos trabalhando bem em equipe. Também é preciso sorte. Temos alguns colegas muito talentosos que não tiveram a sorte de estarem aqui. A Liga dos Campeões da UEFA deste ano foi a nossa primeira chance em muitos anos, por causa das boas campanhas dos clubes ingleses nas últimas temporadas. O fato de que esta oportunidade tenha surgido foi uma boa casualidade, mas é preciso aproveitar as chances quando elas aparecem.

A experiência na Liga dos Campeões da UEFA ajudará em algo?
Em relação à preparação psicológica, sim. O assédio da imprensa foi parecido, assim como as mensagens que recebemos das pessoas na Inglaterra. O fato de termos apitado aquele jogo, que é tão semelhante a este, nos dará forças: fará com que muitos dos fatores desconhecidos desapareçam. Fomos capazes de atuar sob os olhares de muita gente e além disso, depois do jogo, as pessoas estavam falando dos times e não de nós. Isso nos indica que podemos repetir aquela atuação.

As famílias de vocês estão por aqui?
Howard
: O meu pai veio para as três primeiras semanas do torneio, mas voltou para casa na terça-feira passada. Por isso, teve de pegar outro vôo para cá na quinta-feira à noite. Foi o mesmo que aconteceu com o pai de Mike.
Darren Cann: O meu pai com certeza acreditou mais. Ele pensou que podíamos arbitrar a final e decidiu ficar. Os três estarão sentados lado a lado.

Por último, Howard, a sua mulher disse em uma entrevista que você não consegue controlar os filhos de vocês. É verdade?
Ela me ligou ontem e disse que perguntaram a ela quem levava as rédeas em casa. Para ser justo, ela é quem impõe mais disciplina, provavelmente porque fico longe de casa por muito tempo e, quando volto, mimo as crianças e sou muito mole com eles. Ela é quem tem de manter o controle.

Fonte: fifa.com

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