Acompanhe abaixo os trechos
principais da entrevista.
A primeira entrevista do Espaço Árbitro
em homenagem ao profissional da arbitragem é com a assistente Lilian
da Silva Fernandes Bruno, que aos 29 anos, faz parte do quadro da
CBF e almeja chegar na FIFA.
Em entrevista ao repórter Júnior
Alves, editor do Portal Central Esportiva, Lílian fala de sua
carreira, sonhos e muito mais.
Quem é a Lilian Fernandes?
R: Uma mulher
determinada, guerreira que vive intensamente o que faz.
Fale um pouco sobre sua carreira?
R: Eu me formei em
2005, entrei para a Federação em 2007 e no quadro profissional em
2008. Já em 2009 ingressei na CBF. A comissão de futebol do Estado
do Rio de Janeiro dá oportunidade para todos. Tivemos que passar por
testes físicos e provas escritas também. Durante o ano, fazemos isso
de três em três meses. O que pesa mesmo são os testes físicos,
algumas amigas nem conseguiram passar. Nós, mulheres, fazemos o
mesmo teste que o masculino, porque para participar de competições
masculinas temos que fazer o mesmo teste que os homens. No ano
passado, somente três meninas passaram no Brasileiro.
Você sempre quis ser árbitra ou
foi algo que descobriu recentemente?
R: Sou formada em Educação
Física e na minha turma de faculdade tinham dois árbitros que me
incentivavam a fazer o curso porque eles sabiam que eu gostava muito
de futebol. Eu fiz o curso e acabei me apaixonando pela profissão,
embora, na verdade, não seja nem considerada uma profissão, ainda
que sejamos exigidas como se fosse.
Que análise você faz do desempenho
dos árbitros e principalmente da mulher no futebol?
R: Hoje o desempenho
dos árbitros é considerado muito bom e está buscando melhorar cada
dia mais. E quanto as mulheres, hoje para estarmos aptas devemos se
enquadrar cada vez mais no padrão masculino.
De que maneira se concretizou seu
ingresso na carreira de arbitragem?
R: Foi na faculdade,
onde conclui o curso de Educação Física. Meus amigos Marcos Santos e
Sulani de Souza foram meus maiores incentivadores.
Qual foi a reação da família
quando soube de sua decisão de entrar para arbitragem e hoje em dia
como lidam com esse situação?
R:
Minha mãe é a minha base, a minha estrutura. Ela me apóia
em tudo o que eu faço. No início, ela ficou um pouco espantada, mas
depois me apoiou porque sempre soube que eu gostava de futebol e ela
vinha meu empenho e me dava força. Ela vem nos testes físicos e vai
aos jogos em que sou escalada com meus amigos e minhas sobrinhas. O
meu pai é falecido, mas eu tenho certeza que se ele estivesse aqui,
também estaria feliz por mim. Apoio total, hoje são meus principais
fãs....rs!
Por acaso já sofreu algum
preconceito ou discriminação?
R:
A gente sempre escuta uma piada aqui ou ali. Uma partida de
futebol com mulheres bandeirando ou apitando, é diferente. Isso é
notório. Quando você erra a visibilidade, o questionamento é muito
maior. Por ser mulher a cobrança é bem maior. Eles podem não
admitir, porque é velado, mas é diferente.
Você
já passou algum apuro ou ameaça?
R: Graças a Deus não. Mas alguns amigos já tiveram uma
experiência de estar no mercado e sofrer alguma retaliação. Até bate
um medo, mas faz parte, o que eu posso fazer? Podemos receber
elogios tanto quanto criticas e se você não estiver preparada para
isso, então você não está preparada para o futebol.
Você acha que falta reconhecimento
ao trabalho de vocês?
R: A mídia infelizmente é assim. Só se fala do árbitro quando ele
vai mal, quando ele vai bem ninguém fala. Nos mulheres quando
fazemos o jogo e se ele foi televisionado, até tudo bem, um ou ouro
reconhece.
E trabalhar com futebol exige
muito também, não é?
R: Na vida, quando você quer uma coisa, você tem que
se entregar. Você pode ser mais ou menos em várias coisas, mas se
você quer ser muito boa na arbitragem, você terá que se dedicar. O
meu sonho é atingir ao ápice que, no caso, é a FIFA. Eu já abri mão
de muita coisa e estou batalhando para isso. No dia 17 de abril,
teremos um teste físico, então até lá, você fica na expectativa,
fica concentrada, com a alimentação regrada, evita fazer muitas
coisas. Senão amar o que faz, você não vai conseguir. Futebol
assusta mesmo.
Para viver assim, só amando
mesmo, então...
R: Futebol é uma paixão nacional. Quem vive nesse meio tem que se
entregar. Veja o que os jogadores, treinadores abrem mão para
estarem ali. Agora, imagina nós árbitros, que não ganhamos tanto
assim, que nem é uma profissão legalizada? Nós sentimos uma
responsabilidade maior do que a do jogador. Quando ele entra em
campo, ele tem direito de imagem, plano de saúde, nutricionista para
ele, enquanto que nós temos que pagar as coisas. Tudo é por nossa
conta, a não ser o preparador físico que a Federação dá. Somos uns
loucos apaixonados por estar aqui. As pessoas não têm essa noção de
como as coisas são.
Já que é tão difícil, o que
é mais gostoso no trabalho que você faz?
R: Você abrir o site e ver o seu nome na
escala. É a melhor coisa que tem. Ser escalado é sinal de que seu
trabalho está tendo reconhecimento. Também é prazeroso você terminar
o jogo e saber que teve boa atuação. As pessoas não entendem, tem
dias que você está bem, tem dias que você não está... O jogador pode
errar, mas árbitro nunca pode.
Como lidar com a pressão que o
futebol exerce. (Durante uma partida)?
R: Trabalhar sempre
com calma, concentração e esquecer a torcida.
Como não perder controle durante a
partida?
R: Confesso que tem dias estressantes, mas isso é tanto para
homem, quanto para mulher. Independente de qualquer coisa, tem que
se controlar sempre. Comigo, ninguém tentou agredir. Agora, têm
xingamentos sim. Eu conto até dez, rezo, peço força ao papai do céu.
Se você falar com o árbitro e expulsar todos não terá jogo. Tem que
ter um trabalho psicológico bem feito para suportar essas situações.
Alguma vez errou durante uma
partida? Como lida com algum equívoco?
R: Erros todos
cometemos, somos humanos e estamos sujeito a erros. Me cobro muito,
procuro aprender quando eles acontecem e fico muito triste, fico uns
dias pensando naquilo, mas tem que colocar na cabeça que faz parte e
tentar não fazer isso de novo.
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Qual foi o seu
jogo mais importante?
R: Todos os
jogos são importantes, mas o mais marcante foi o quarteto
feminino porque só tinha mulheres na arbitragem (Quarteto
Feminino, jogo da Globo, ao vivo, Campeonato carioca 2008).
Falaram muito durante a semana toda na imprensa e, graças a
Deus correu tudo bem. O pessoal do Flamengo até nos homenageou
com placas e flores. Foi maravilhoso, inesquecível. Primeiro
quarteto da história no futebol profissional (O quarteto
foi assim formado: Árbitra: Simone Xavier de Paula e Silva.
Assistentes: Fernanda Lisboa da Silva e Lilian da Silva
Fernandes Bruno. Quarta Árbitra: Sulanir Silva de Souza (foto
ao lado).
Qual a relação entre árbitro
x imprensa na sua opinião? |
R: Podem te levar do céu ao inferno em
segundos...
Qual sua análise sobre a
Copa do Mundo no Brasil? |
R: Muito esperada
por todos nós, ficarei na torcida pelo nosso Hexa!
Que dicas você dá para quem esta começando?
R: Coragem e perseverança. E antes disso, amar o que faz, tem
que amar estar aqui. Não adianta estar aqui só porque é legal,
porque é gostoso, ou porque as pessoas vão falar com você. Quando
você se deparar com uma situação difícil, um erro, ou um teste
físico grande, se você não amar o que você faz, não terá força para
continuar. Então pensar muito antes de escolher. Se não tiver muita
dedicação, esforço e empenho, você não consegue se manter na
arbitragem. Tem que estar sempre treinando, sempre à disposição da
sua entidade.
De primeira...
Nome na profissão:
Lilian Fernandes
Idade: 29 anos
(28/04/1981)
Sonho realizado:
Chegar ao quadro da CBF (Atual nº 151 no ranking de árbitros
assistente da CBF)
Sonho que ainda não realizou:
Chegar ao quadro Internacional (FIFA)
Jogo à ser
esquecido: Não tenho, todos eu guardo com muito carinho.
Se não atuasse na arbitragem
seria... não sei
Passatempo predileto:
Estar com a família
Qual a sua principal virtude
dentro de campo:
Concentração.
Ídolo no esporte:
Ayrton Senna
Além do futebol, acompanha algum
outro esporte: Futsal
Comida: Massas em
geral
Uma saudade: Meu Pai
Um desejo: Me
aperfeiçoar no que faço
E para terminar escale um time com
seu esquema tático preferido e com jogadores que acreditar ser os
melhores de todos os tempos.
R: Não sou boa nisso...rs
Fonte: www.centralesportiva.com.br -
www.beladabola.com.br