13/12/2014    14:26hs

Bráulio Machado: A Fifa é o limite

Eleito árbitro Revelação do Brasileirão pelo Apitonacional, o ‘juiz’ imbitubense abriu a súmula de sua vida em entrevista exclusiva ao NP

Com menos de quatro anos de apito e há apenas um na série A, o imbitubense Bráulio da Silva Machado (foto), 35 anos, foi eleito essa semana o “Árbitro Revelação do Brasileirão” pelo Apitonacional, respeitado site especializado em arbitragem. Bráulio, que no primeiro semestre já havia sido escolhido o segundo melhor árbitro da Estadual 2014 no prêmio Top da Bola, é hoje a grande revelação da arbitragem catarinense e vive seu melhor momento. Com excelentes atuações, o árbitro do quadro da CBF já almeja passar a Aspirante Fifa e depois realizar o sonho iniciado na várzea de Itapirubá: chegar ao quadro internacional da Fifa.

NP – O que significa para você, em tão pouco tempo, já ter sido eleito árbitro revelação do Campeonato Brasileiro pelo site Apitonacional, que é especializado em arbitragem e freqüentado por profissionais da área?

Bráulio – Para mim significa o reconhecimento de um trabalho árduo, diário e de muito comprometimento.

NP - Você acha que ter tido esse reconhecimento do público geral e dos colegas pode impulsionar sua carreira em 2015. Baseado em sua evolução,

o que você espera para o próximo ano?

Bráulio – Com certeza somos vistos com outros olhos após uma premiação deste nível, mas penso que devo manter os pés no chão como sempre fiz desde o início de minha carreira e continuar trabalhando para aproveitar as oportunidades que possam surgir, afinal o ano de 2015 é um ano prometedor.

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NP – Qual seu maior sonho, sua grande meta dentro da arbitragem?
Bráulio – Chegar ao quadro Internacional da FIFA.

NP – Quais foram os jogos mais marcantes em que você trabalhou e por quê?

Bráulio – Entre tantos que trabalhei, acredito que na FCF foram a minha estréia na primeira divisão em 2011, na partida Concórdia x Avaí, e a Final do Catarinense deste ano, entre Joinville x Figueirense. Na CBF, a estréia na série A com Criciúma x Figueirense, um clássico estadual, e São Paulo x Goiás, meu último jogo esse ano na Série A, onde já me senti mais habituado. Mas poderia enumerar com certeza muitos outros, pois, como diria Roberto Carlos “são tantas emoções”. Acredito que sair de um bairro pobre onde a população vive praticamente da pesca, me faz valorizar ainda mais a cada passo nessa longa caminhada, considero todos os meus jogos marcantes.

NP – Quais os jogadores ou treinadores com quem você teve a oportunidade de interagir durante partidas que mais lhe marcaram?

Bráulio – Considero e respeito todos no mesmo nível, todos tem o mesmo direito e dever perante as regras do jogo.

NP – Como você se prepara quando vai atuar em grandes jogos, com estádios lotados, torcidas fanáticas e com transmissão de TV, cuja responsabilidade é enorme? E o que você sente e lembra nesses momentos em que está fazendo parte desses espetáculos, símbolos de uma enorme paixão nacional que é o futebol?

Bráulio – Após o recebimento das escalas, entro em contato com meus companheiros de atividade, após, inicio um trabalho de pesquisa e estudos das equipes e atletas. Faço o mesmo procedimento em todos os jogos independente de divisão, torcidas ou nível de transmissão, pois considero que em todos os jogos tenho a mesma responsabilidade, o que muda é a visibilidade.

NP – Você já teve problemas com algum jogador ou treinador? Como você lida com estes tipos de profissionais?

Bráulio – Até hoje, não. Entro no campo de jogo unicamente focado em apitar, independente se já adverti, expulsei, ou algum jogador deu trabalho em jogos anteriores. Cada jogo tem sua história, o jogador deve entrar em campo para jogar, o treinador para orientar sua equipe, e o árbitro com a função de mediar à partida. Caso alguém não se adeque a essa forma de competição será advertido ou mesmo expulso se não tiver comportamento condizente as regras do jogo.

NP – Você já teve sua mãe “homenageada” por torcedores? Como é ter de ouvir essas coisas e não deixar que isso influencie em sua arbitragem? Não dá vontade de “ir à forra” com esta torcida que lhe falou mal?

Bráulio – Infelizmente, sim. E essa é a cultura do futebol brasileiro, somos seres humanos e passíveis de erro, porém agimos sempre com a razão, ao contrário dos torcedores que sempre agem com a emoção. E esse sentimento não é fácil de lidar. Hoje, na CBF, recebemos um cuidado muito especial, e somos acompanhados em quatro pilares: o físico, o social, o técnico e o mental através da Psicóloga Dra. Marta Magalhães que nos acompanha e realiza trabalhos periódicos, que resultam no melhor rendimento, desta maneira acabamos absorvendo esses tipos de atitude da torcida de maneira natural.

NP – Existe política, ajudinhas, dentro das federações de futebol, especificamente na arbitragem? Na Catarinense, por exemplo, você acha que são obedecidos os devidos critérios nas escalações para os sorteios? E os sorteios, são acima de qualquer suspeita?

Bráulio – Isso é um mito que foi inventado e propagado por pessoas que não tem o que fazer e ficam argumentando coisas a respeito disso ou daquilo. Todos os árbitros começam na Escola, depois fazem os testes para ingresso na FCF e, se aprovados, iniciam seus trabalhos nas categorias de base, e conforme seu potencial dentro do campo recebem melhores oportunidades, seguindo assim até o profissional. Óbvio que nem todos vão chegar ao profissional. Quanto aos sorteios, nossa Federação é uma das poucas do Brasil que os realiza ao vivo pelo site www.fcf.com.br, e é lógico que os mais qualificados vão para os sorteios de cada divisão.

NP – Qual foi seu maior e melhor momento na arbitragem? E o pior?

Bráulio – O pior, enfrentamos em todas as partidas, a cada início de jogo temos que manter a ordem e fazer com que os atletas cumpram as regras. O melhor acredito que ainda está por vir, pois somos eternos aprendizes em busca da excelência.

NP – Você é religioso ou supersticioso? Tens alguma mandinga, santo ou outro patuá que carregas nos campos, por proteção?

Bráulio – Acredito apenas no Grande Arquiteto Do Universo, que é Deus.

NP – Alguma vez você achou que iria ser agredido ou que coisa pior pudesse acontecer em teu início de carreira, quando trabalhavas em jogos menores, no interior, com pouca segurança? Já recebeu ameaças de morte?

Bráulio – Ameaça de morte nunca recebi, mas no início da carreira, ainda em jogos amadores, já passei por alguns apertos.

NP – Quem foram teus maiores incentivadores?

Bráulio – Meus familiares e a Federação Catarinense de Futebol (FCF), através de seu Presidente Delfim Pádua Peixoto Filho e o Espíndola, Presidente da Comissão de Arbitragem da FCF, que acreditaram em meu trabalho e me deram todas as oportunidades para que eu me tornasse a cada dia um árbitro melhor e mais experiente.

 

NP – Existe assédio por parte de dirigentes de clubes? Você já recebeu alguma proposta indecorosa de algum deles, para que favorecesse ou prejudicasse alguma equipe?

Bráulio – Nunca sofri (assédio) e também não dou espaço para que isso venha a acontecer. Cumpro à risca as recomendações da Federação e da CBF, que proíbem qualquer pessoa que não esteja relacionada de entrar nos vestiários, e, ainda, se ocorresse qualquer situação suspeita, comunicaria a minha Federação.

Fonte: www.bandeirantes1010.com.br

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