o que você espera para o
próximo ano?
Bráulio – Com certeza somos
vistos com outros olhos após uma premiação deste nível, mas penso
que devo manter os pés no chão como sempre fiz desde o início de
minha carreira e continuar trabalhando para aproveitar as
oportunidades que possam surgir, afinal o ano de 2015 é um ano
prometedor.
NP – Qual seu maior sonho,
sua grande meta dentro da arbitragem?
Bráulio – Chegar ao quadro Internacional da FIFA.
NP – Quais foram os jogos
mais marcantes em que você trabalhou e por quê?
Bráulio – Entre tantos que
trabalhei, acredito que na FCF foram a minha estréia na primeira
divisão em 2011, na partida Concórdia x Avaí, e a Final do
Catarinense deste ano, entre Joinville x Figueirense. Na CBF, a
estréia na série A com Criciúma x Figueirense, um clássico estadual,
e São Paulo x Goiás, meu último jogo esse ano na Série A, onde já me
senti mais habituado. Mas poderia enumerar com certeza muitos
outros, pois, como diria Roberto Carlos “são tantas emoções”.
Acredito que sair de um bairro pobre onde a população vive
praticamente da pesca, me faz valorizar ainda mais a cada passo
nessa longa caminhada, considero todos os meus jogos marcantes.
NP – Quais os jogadores ou
treinadores com quem você teve a oportunidade de interagir durante
partidas que mais lhe marcaram?
Bráulio – Considero e
respeito todos no mesmo nível, todos tem o mesmo direito e dever
perante as regras do jogo.
NP – Como você se prepara
quando vai atuar em grandes jogos, com estádios lotados, torcidas
fanáticas e com transmissão de TV, cuja responsabilidade é enorme? E
o que você sente e lembra nesses momentos em que está fazendo parte
desses espetáculos, símbolos de uma enorme paixão nacional que é o
futebol?
Bráulio – Após o
recebimento das escalas, entro em contato com meus companheiros de
atividade, após, inicio um trabalho de pesquisa e estudos das
equipes e atletas. Faço o mesmo procedimento em todos os jogos
independente de divisão, torcidas ou nível de transmissão, pois
considero que em todos os jogos tenho a mesma responsabilidade, o
que muda é a visibilidade.
NP – Você já teve problemas
com algum jogador ou treinador? Como você lida com estes tipos de
profissionais?
Bráulio – Até hoje, não.
Entro no campo de jogo unicamente focado em apitar, independente se
já adverti, expulsei, ou algum jogador deu trabalho em jogos
anteriores. Cada jogo tem sua história, o jogador deve entrar em
campo para jogar, o treinador para orientar sua equipe, e o árbitro
com a função de mediar à partida. Caso alguém não se adeque a essa
forma de competição será advertido ou mesmo expulso se não tiver
comportamento condizente as regras do jogo.
NP – Você já teve sua mãe
“homenageada” por torcedores? Como é ter de ouvir essas coisas e não
deixar que isso influencie em sua arbitragem? Não dá vontade de “ir
à forra” com esta torcida que lhe falou mal?
Bráulio – Infelizmente,
sim. E essa é a cultura do futebol brasileiro, somos seres humanos e
passíveis de erro, porém agimos sempre com a razão, ao contrário dos
torcedores que sempre agem com a emoção. E esse sentimento não é
fácil de lidar. Hoje, na CBF, recebemos um cuidado muito especial, e
somos acompanhados em quatro pilares: o físico, o social, o técnico
e o mental através da Psicóloga Dra. Marta Magalhães que nos
acompanha e realiza trabalhos periódicos, que resultam no melhor
rendimento, desta maneira acabamos absorvendo esses tipos de atitude
da torcida de maneira natural.
NP – Existe política,
ajudinhas, dentro das federações de futebol, especificamente na
arbitragem? Na Catarinense, por exemplo, você acha que são
obedecidos os devidos critérios nas escalações para os sorteios? E
os sorteios, são acima de qualquer suspeita?
Bráulio – Isso é um mito
que foi inventado e propagado por pessoas que não tem o que fazer e
ficam argumentando coisas a respeito disso ou daquilo. Todos os
árbitros começam na Escola, depois fazem os testes para ingresso na
FCF e, se aprovados, iniciam seus trabalhos nas categorias de base,
e conforme seu potencial dentro do campo recebem melhores
oportunidades, seguindo assim até o profissional. Óbvio que nem
todos vão chegar ao profissional. Quanto aos sorteios, nossa
Federação é uma das poucas do Brasil que os realiza ao vivo pelo
site www.fcf.com.br, e é lógico que os mais qualificados vão para os
sorteios de cada divisão.
NP – Qual foi seu maior e
melhor momento na arbitragem? E o pior?
Bráulio – O pior,
enfrentamos em todas as partidas, a cada início de jogo temos que
manter a ordem e fazer com que os atletas cumpram as regras. O
melhor acredito que ainda está por vir, pois somos eternos
aprendizes em busca da excelência.
NP – Você é religioso ou
supersticioso? Tens alguma mandinga, santo ou outro patuá que
carregas nos campos, por proteção?
Bráulio – Acredito apenas
no Grande Arquiteto Do Universo, que é Deus.
NP – Alguma vez você achou
que iria ser agredido ou que coisa pior pudesse acontecer em teu
início de carreira, quando trabalhavas em jogos menores, no
interior, com pouca segurança? Já recebeu ameaças de morte?
Bráulio – Ameaça de morte
nunca recebi, mas no início da carreira, ainda em jogos amadores, já
passei por alguns apertos.
NP – Quem foram teus
maiores incentivadores?
Bráulio – Meus familiares e
a Federação Catarinense de Futebol (FCF), através de seu Presidente
Delfim Pádua Peixoto Filho e o Espíndola, Presidente da Comissão de
Arbitragem da FCF, que acreditaram em meu trabalho e me deram todas
as oportunidades para que eu me tornasse a cada dia um árbitro
melhor e mais experiente.
NP – Existe assédio por
parte de dirigentes de clubes? Você já recebeu alguma proposta
indecorosa de algum deles, para que favorecesse ou prejudicasse
alguma equipe?
Bráulio – Nunca sofri
(assédio) e também não dou espaço para que isso venha a acontecer.
Cumpro à risca as recomendações da Federação e da CBF, que proíbem
qualquer pessoa que não esteja relacionada de entrar nos vestiários,
e, ainda, se ocorresse qualquer situação suspeita, comunicaria a
minha Federação.
Fonte:
www.bandeirantes1010.com.br