e acabei pegando gosto pela
coisa. Foi meio que sem querer e hoje a arbitragem faz parte
totalmente da minha vida”, disse Marcelo, que apitou o seu
primeiro jogo oficial no dérbi entre Portuguesa Santista e Santos,
pelo Campeonato Paulista Sub-20, em 1998.
Histórias
curiosas e momentos tensos da carreira
O árbitro contou várias
histórias curiosas vivenciadas em sua carreira. Uma das mais
marcantes ocorreu no jogo entre Corinthians e São Caetano pelo
Campeonato Paulista de 2013. Ele estava como (árbitro) adicional ao
lado da baliza defendida pelo goleiro do time do ABC Paulista. Em um
lance de ataque do Corinthians, Emerson Sheik não conseguiu frear no
gramado molhado do Pacaembu e viu o seu joelho atingir uma das
pernas de Rogério. O choque custou caro ao árbitro.
“Tive rompimento total do
tendão magno do músculo adutor da coxa. Fiquei 60 dias afastado dos
gramados fazendo fisioterapia de manhã e noite”, afirmou
Marcelo.
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Ruptura parcial dos adutores na partida Corinthians e
São Caetano em 2013 |
Outro momento tenso ocorreu no
jogo entre Nacional Atlético Clube x Rio Preto, no estádio Nicolau
Alayon, em uma edição da Copa Paulista.
“Sofri uma tentativa de
agressão por parte do presidente do Nacional. Ele, por ser diretor
da Federação Paulista, achou que poderia conduzir qualquer árbitro
que chegasse lá. Dizia que se eu não apitasse a favor do time dele
seria prejudicado. Comigo não tem essa. O erro faz parte, mas a má
fé de forma alguma. Para felicidade dele, o Nacional ganhou porque
teve méritos, mas ele ficou muito bravo porque não acatei a
determinação”, disse. O caso foi parar na delegacia.
A
partida mais difícil da carreira
Apitar Corinthians x
Palmeiras, um dos clássicos de maior rivalidade do futebol mundial,
é missão para poucos. E Marcelo teve o privilégio de arbitrar o
dérbi paulista pelo Campeonato Paulista de 2012.
“Foi o jogo mais
emocionante da minha carreira. O Palmeiras vinha de uma série de
partidas sem perder. O Corinthians precisava ganhar. Foi um jogo
nervoso e difícil. Luiz Felipe Scolari de um lado e Tite do outro
(os dois treinadores haviam trocado farpas em duelos anteriores).
Jogo chato, que tinha tudo para dar errado, mas acabou dando tudo
certo”, afirmou o árbitro. O Timão venceu de virada por 2 a 1,
com gols de Paulinho e Márcio Araújo (contra).
Alegria e
tristeza
Ganhar o prêmio como um dos
melhores árbitros do Paulistão de 2009 foi o momento mais feliz da
carreira. No entanto, Marcelo ainda não engoliu o fato de ter seu
nome retirado do quadro de arbitragem da CBF.
“Me tiraram por uma decisão
política. Não foi por falhas técnicas ou problemas físicos. A pessoa
que está até hoje no comando não tinha afinidade nem comigo e nem
com meu pai. Preferiu me tirar do quadro com uma simples canetada.
Foi o momento mais triste da minha carreira”, desabafou Marcelo
Rogério.
Nota
da redação: Em 2009 o árbitro Wilson Luis Seneme (FIFA),
conquistou o prêmio de melhor árbitro do Paulistão, Rodrigo Martins
Cintra (CBF), ficou com a segunda colação e Marcelo Rogério (FPF),
ficou com o terceiro lugar.
A
profissionalização da arbitragem
A profissionalização também
foi tema da conversa. Marcelo vê a questão com bons olhos, mas não
mostra muito otimismo quanto à implementação nos próximos anos.
“Seria um bem muito grande
para a arbitragem ter um profissional 24 horas à sua disposição para
treinamento, parte técnica, física, nutricional e cardiológica,
porém o custo é muito alto. Só na FPF há em torno de 560 árbitros
entre categoria especial,1, 2, 3, 4 e 5, e estagiários. A pergunta
que fica é: Quem vai pagar a conta?”. No entanto, ele viu
melhorias para a categoria nos últimos anos, sobretudo a partir da
sanção da lei 10/10/2013, que dá o poder ao arbitro de “organizar-se
em associações profissionais e sindicatos” e lutar por vários
direitos como prestar serviços às entidades de administração, ligas
e entidades futebolísticas do país.
Próximo
desafio
O árbitro já visa preparativos
para apitar os jogos do Campeonato Paulista 2015. Aprovado nos
testes físicos no início de dezembro, ele aguarda o resultado da
prova oral. A FPF divulgará nos próximos dias a lista dos 20
árbitros e 40 assistentes, que vão estar aptos para apitar os jogos
do Estadual. Marcelo mostra otimismo em integrar a relação.
“Pelo tempo que tenho de
arbitragem, pelas notas que venho tendo nos jogos, por ter feito as
quartas de final do Paulistão 2014 entre Santos x Penapolense com
uma ótima atuação, acredito que não deva ter problemas e vou seguir
para mais um Estadual”, disse.
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Rogério conversa com Fabão após anular gol do Linense em
2012 |
Aposentadoria da arbitragem
A Fifa estipula que um árbitro
de futebol pode apitar até aos 45 anos, ou seja, Marcelo tem apenas
mais dois anos de carreira, porém, qualquer federação pode alterar o
limite para 48 ou 50 anos.
“Já existem conversas na
FPF para aumentar a idade. Entendo que se o árbitro foi bem nos
jogos, na prova oral e nos testes físicos, não há motivos para não
prolongar a carreira dele”, revelou.
Nota
da redação: A FIFA decidiu retirar a partir de 2016 o
limite de idade para árbitro de futebol. A carreira será limitada
pelas condições físicas e técnicas.
Remuneração
Questionado se um árbitro da
FPF consegue sobreviver só com a remuneração da arbitragem, Marcelo
disse que essa questão depende da sorte.
”Um árbitro de futebol
ganha bruto R$ 2.500,00 para apitar um jogo da primeira divisão e
com os descontos de ISS, INSS, Sindicato, Cooperativa e Imposto de
Renda, recebe em torno de RS 1.400,00 e R$ 1.500,00. Se você for ver
pelo lado de apitar toda semana, vive apenas da arbitragem, mas se
depender do sorteio não vive dela. Pode ser que a bolinha caia e
você apite toda rodada, como também pode ser que ela não caia e
fique sem apitar”, explicou.