conhecer as regras do esperto. “Gostei tanto
que vivi a minha vida inteira como árbitro”, explica Marinaldo, que foi o
primeiro colocado na turma que se formou em 1981.
O recém-formado já foi logo para a
batalha. Marinaldo foi árbitro do Campeonato Amador por quatro anos.
“Foi uma grande experiência, os jogos do
Amador são complicados”, afirma o árbitro que só viu a sua paixão pela
arbitragem aumentar, tanto que fez o curso da Federação Paulista de
Futebol e se tornou árbitro profissional.
Marinaldo lembra com carinho do primeiro
jogo em que trabalhou como profissional, em Araçatuba. “Já me colocaram
para apitar logo de cara, mas foi tranquilo. O time da casa venceu”,
lembra.
Momentos marcantes
São poucos árbitros que tiveram o privilégio de trabalhar em
jogos importantes como finais de Copa do Brasil, Torneio Rio-São Paulo
ou em clássicos nacionais. “Esses jogos me marcaram, estádio cheio, não
sai da minha memória”, diz.
Mas Marinaldo coloca como o jogo mais
difícil da sua carreira a partida entre Santos e Corinthians no
Brasileirão de 2005. Era o jogo remarcado após os escândalos da máfia
do apito envolvendo o ex-arbitro Edilson Pereira de Carvalho. Na
oportunidade, o Corinthians venceu e saiu briga na Vila Belmiro. “O
clima era muito tenso. A Vila virou uma praça de guerra, mas a polícia
agiu bem.”
Quem é e o que faz:
Nome_ Marinaldo Silvério
Idade_ 47 anos
Profissão_ ex-árbitro de futebol
Atuações_ Dedicou 27 anos para a arbitragem, sendo 4
anos apitando no futebol amador de Jundiaí e região e
outros 23 nas mais diversas competições profissionais do Brasil
Marinaldo pede profissionalização
da classe
Volta e meia a discussão da profissionalização dos árbitros ganha mesas
redondas de debate de futebol. Marinaldo acredita que essa é uma medida
fundamental para a melhora do nível da arbitragem no país.
“Assim o árbitro poderá se preparar melhor
para as partidas. Ver os jogos de determinado time para cometer menos
erros”, defende o jundiaiense.
Atualmente a profissão de árbitro é
remunerada pelas partidas que o árbitro trabalha. Não há um salário fixo,
justamente por isso ele acredita que a demanda de novos árbitros é
pequena.
“É complicado conciliar o trabalho fora
de campo com a vida de arbitro”, afirma ele, que também é professor de
educação física na cidade.
Esse problema da profissionalização
ganhou novamente destaque nessa semana, pois o árbitro Cleber Welington
Abade deixou o campo lesionado durante uma partida da Série B do
Campeonato Brasileiro . Segundo Marinaldo, ele não terá nenhum respaldo
da Federação Paulista de Futebol nem da CBF e terá de se tratar sozinho.
“Quando me aposentei não ganhei nada da
Federação, sai literalmente de mãos abanando. Não tem FGTS, por
exemplo”, aponta.
O atual professor de educação física
disse que já recebeu alguns convites para trabalhar na FPF na formação
de novos árbitros. Mas o fator financeiro pesou na sua decisão de não
aceitar.
“Eles não iam me pagar. Não dá para fazer
trabalho voluntário nesse mundo do futebol”, diz. Para reforçar o
salário, ele faz palestras.
“Trabalho com os árbitros mais jovens. Dou
dicas sobre a profissão. Quero também valorizar a nossa classe.”
Marinaldo pretende voltar a estudar, para
conciliar os conhecimentos adquiridos durante os vários anos pelos
campos do Brasil e para começar a atuar nos bastidores das competições.
Basicamente virar um dirigente de esportes.
“Quero começar a trabalhar nessa área.
Organizar campeonatos para as crianças é um bom começo.”
Torcedores normalmente acham que
árbitros e assistente estão sempre tentando prejudicar seu time, por isso
nenhum deles revela para quem torce. Agora aposentado do apito, Marinaldo garante que seu time do coração é o Paulista. “Torço para o
Paulista e estou direto no Jayme Cintra, vendo os jogos do Galo”, diz.
“Sempre gostei do nosso tricolor, bem antes de começar a trabalhar com
futebol.”
grandes jogos
Marinaldo se orgulhosa por ter participado de grandes jogos do
futebol nacional nos últimos anos.
“Trabalhei em várias finas de campeonatos
estaduais. Um jogo em especial foi a final do Campeonato Paulista de
2003, entre Corinthians e São Paulo”, conta. Na oportunidade, o time de
Parque São Jorge venceu por 3 a 2 e sagrou-se campeão estadual. “O
Morumbi estava lindo, com 80 mil pessoas. Jamais me esquecerei dessa
partida.”
Os xingamentos vindo das arquibancadas,
ele diz que nem ligava mais. “Eu ouvia tudo, mas não tinham o poder de
tirar a minha concentração. E isso faz diferença na vida de um bom
árbitro”.
Fonte:
Agência BOM
DIA