Então, se quiser me conhecer um pouco melhor, sugiro que leia a
entrevista abaixo.
Fefeu: Quais as suas idéias para melhorar a arbitragem brasileira e
paulista. Ficaria com o ranking ou criaria algo novo?
R – Prezado Fefeu, eu tenho algumas idéias, mas nada que seria a
salvação da arbitragem, apenas daria melhores condições de trabalho,
fortalecerias as instituições do apito e tiraria o cabresto dos
árbitros. Mas duvido que qualquer dirigente esteja realmente
interessado nisso, para eles quanto mais às instituições e os
árbitros forem dependentes e subservientes, melhor será. Em relação
ao segundo ponto da pergunta eu digo que sem duvidas usaria o
ranking, pois é mais justo, pode ser transparente e motivacional
para o árbitro. Apenas colocaria algum tipo de exceção para proteger
a ascensão de alguns fenômenos do apito se surgir de uma hora para
outra.
Fefeu: Dentre todos os dirigentes de arbitragem que conhece quem
colocaria entre os três melhores?
R – Eu seria injusto se apontasse os três melhores, pois não tenho
conhecimento do trabalho de todos. Então vou falar de um por ter
acompanhado seu trabalho lado a lado por 90hs durante uma final de
campeonato (leia)
onde pude notar seus pontos fortes e fracos e olha que já tive e
tenho minhas divergências com este dirigente, principalmente por às
vezes ser político demais. Estou falando do pernambucano Salmo
Valentim da Silva, sem duvidas um gestor altamente qualificado que
colocaria sem medo para administrar qualquer comissão de arbitragem,
inclusive minha empresa caso tivesse uma.
Outro gestor extraordinário é o ex-presidente da Comissão de
Arbitragem da CBF Sérgio Corrêa, ele fez uma revolução fantástica na
parte estrutural da arbitragem brasileira. Ouso dizer que a
arbitragem tem que ser dividida em duas fazes que são AS e DS –
antes de Sérgio e depois de Sérgio.
Pena que com o passar do tempo ele tenha se tornado um
“poderoso chefão” e isso causou um grande efeito
colateral, pois alguns amigos viraram inimigos se
juntando para tira-lo do poder. Quando foi destronado,
Corrêa perdeu a grande chance de parar por cima e ser
referência o resto da vida. Hoje continua dando as
cartas, mas doente, se tornou uma espécie de pelego*
onde todas suas decisões são para beneficiar a CBF e só
a CBF, o que não posso condenar, pois é quem paga seu
salario.
Felizmente os tempos são outros, com a recente aprovação
da profissionalização da arbitragem a tendência é que as
coisas mudem da água para o vinho, pois a CBF continuara
mandando na arbitragem, mas agora, necessariamente terá
que ser com o consentimento dos árbitros e isso por si
só já será uma grande mudança.
Outro grande dirigente da arbitragem, especialmente no
campo político é o presidente da ANAF Marco Antônio
Martins (foto ao lado), esse entrou para a história da a
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|
rbitragem brasileira como o presidente que conseguiu o
improvável, a aprovação no Congresso Nacional da
profissionalização da arbitragem. Martins foi um
abnegado e de forma hábil conseguiu em pouco tempo o que
a arbitragem lutava desde o inicio dos anos 80. Sua
estratégia vitoriosa teve muito jogo de cintura, com
hábeis negociações políticas conquistando terreno um
passo atrás do outro. Ainda não é o ideal, todos nós
sabemos disso, mas certamente muitos passos serão dados
daqui pra frente. |
Fefeu: Que estilo de arbitragem mais lhe
agrada e se é a favor de alguns juízes colocarem tudo no Facebook.
Você citou o juiz Marcelo de Lima Henrique e fui conferir.
Agreguei-me aos seus amigos e nada vi de arbitragem. Ele retirou,
pois nada vi ali sobre este assunto. O apito sabe o que ocorreu?
R – Sou a favor da arbitragem no estilo europeu que prioriza o
futebol ignorando quaisquer esbarrões. Prefiro que algumas faltas
não sejam marcadas do que marcar varias que não foram.
Todo mundo é responsável pelo que escreve, fala e publica. Fora da
arbitragem o árbitro é uma pessoa comum e assim tem que ser tratado.
Eu e conseqüentemente o Apitonacional
não temos interesse na vida pessoal do árbitro, mas quando ele leva
sua profissão para as redes sociais, tem que ser cobrado por isso.
Em relação ao senhor Marcelo de Lima Henrique, eu te pergunto:
quantos cidadãos comuns teriam a oportunidade de levar suas esposas
para dentro do campo do Engenhão com uniforme de um dos times para
ser fotografada? Alguns árbitros não conseguem separar o pessoal da
arbitragem por necessidade de estar em evidencia, cometem excessos
postando frases e fotos que certamente serão usadas contra eles.
Eles são cobrados como pessoa publica que são. Pena que alguns só
gostam dos elogios e não sabem digerir e entender as cobranças. O
senhor Marcelo Henrique retirou não só essa, mas como também a
postagem onde o ex-chefe do apito brasileiro recebeu severas
criticas de sua ex-secretária onde inclusive foi curtida pelo FIFA.
Mas não sou contra que os árbitros usem as redes sociais, o mundo
mudou e hoje a internet é entre outras coisas, um entretenimento. Eu
particularmente acho bonito quando os árbitros de forma orgulhosa
publicam fotos deles dentro dos vestiários, campos, aeroportos, isso
sendo feito sem exagero em nada interfere na arbitragem da partida.
Pena que o poderoso chefão SC tenha “proibido” o uso das redes
sociais por ter ficado irritado com o comentário da ex-secretária
falando mal dele. Desde que isso ocorreu, a arbitragem não melhorou
e nem piorou por causa desta decisão arbitraria de um senhor que
insiste em não aceitar a modernidade.
Fefeu: Li atentamente o seu post das
Mentiras & Mentiras, (leia)
mas no final tinha uma mensagem que acho tenha sido o grande
problema, mas você estava certo em dizer sobre a falta de
transparência e sobre a ida de um jornalista da Globo. Eles
mereceram e parabéns, porque até o presidente da FPF te respondeu.
Sinal de crédito.
R - A frase do brilhante jornalista carioca Millôr Fernandes "Jamais
diga uma mentira que não possa provar" foi colocada como um tipo de
alerta para todos que procuram tirar algum tipo de vantagem através
da “mentira”. Elas são como castelo na areia, a primeira onda pode
não derrubá-la, mas a segunda certamente a derrubará.
Os dirigentes sempre estão antenados, eles sabem de tudo que
acontece na arbitragem, gostam de ter controle total sobre tudo e
sobre todos. Nem sempre respondem, mas quando são afrontados, quando
são questionados eles reagem, pois não são acostumados a
questionamentos, são endeusados, cercados de puxa sacos e
respeitados em excesso por todos.
Quando aparece alguém questionando, seus egos falam mais alto, agem
mais pelo impulso do que pela razão por se sentirem frágeis e mantém
o contato para tentar firmar posição. É como o gato que captura o
rato e depois de fragilizá-lo o deixa solto para poder brincar. Só
que às vezes, só às vezes, o rato escapa deixando o gato
desmoralizado. Portanto entendo que as respostas não são sinal de
credito e sim de repulsa.
Fefeu: O que você fez para ele? Li: "quando interessava servi". O
que você fez para ele?
R– Não fiz nada, apenas houve situações que minhas matérias o
alertou para tomar certas posições antes que perdesse o controle da
situação. Em uma delas, um famoso coronel do apito foi tirado do
poder!
Fefeu: Quem é que atua como instrutor na CBF? Eles estão
qualificados mesmo?
R – A lista de instrutores é grande, têm bons nomes, outros nem
tanto e um monte de apadrinhados. Eles ensinam a arbitragem de
laboratório, o famoso árbitro robô ou até mesmo o de condomínio como
temos um famoso no Rio de Janeiro. Mas eles, os instrutores, não são
os únicos culpados, eles procuram repassar o que aprenderam, mas são
reféns do talento do árbitro na hora deste colocar o que aprendeu em
campo.
Uma partida de futebol tem muitas decisões e o árbitro de
laboratório não pode pedir tempo para consultar o livro de regras e
assim tomar sua decisão, nessa hora tem que ter talento, ter dom
para tomar uma decisão justa e correta. Só que o arbitro de
laboratório não tem esse dom, ele se tornou árbitro depois dos
cursos, aprendeu através das repetições, diferentemente daquele que
veio das várzeas com toda bagagem necessitando apenas ser lapidado,
pois quem apitou na várzea sabe que nesse campo hostil só permanecem
os que nasceram com dom talento para apitar futebol.
Fefeu: Você disse que gosta e desgosta com a mesma facilidade. Isto
somente Freud para explicar. É com todos ou apenas com alguns!
R – É amigo, acho que só Freud mesmo para explicar esse sentimento
maluco, mesmo assim, acho difícil, pois a Dra. Marta Magalhães ainda
não conseguiu em nossos papos informais. Alias, quero deixar aqui
registrado um elogio justo e merecido, Dra. Marta é uma pessoa
extraordinária, uma profissional extremamente gabaritada, humilde e
amada no meio da arbitragem e até mesmo por este singelo ex-árbitro.
Tenho um amigo (e olha que poucos posso chamar de amigo) na
arbitragem que diz que sou caso perdido, que tomo tarja preta e o
pior de tudo isso é que acho que ele tem razão. Mas os meus
sentimentos é assim com todos.
Dra. Marta uma vez me disse que dentro de nós habitam o bem e o mal
e que só vence aquele que alimentamos. Eu acho que no meu caso, os
dois são bem alimentados, pois estou sempre pronto pra agir de uma
maneira ou da outra, só dependendo da situação. Sou como aquela
frase que diz: “posso ser seu melhor amigo, mas posso ser também seu
pior inimigo”.
Fefeu: Como iniciou sua carreira, Quantos anos e jogos você
trabalhou no futebol paulista?
R - Na adolescência (17 anos) eu joguei em um time profissional no
Paraná, atuei na Taça Paraná, na época, a terceira divisão do
Estado. Por atuar por um time profissional não podia jogar no
campeonato amador da minha cidade quando de folga, então passei a
apitar as partidas ganhando uma grana para isso. Quando fiz as
contas, ganhava mais apitando do que jogando e fui pegando gosto
pela coisa. Em 1985 mudei de vez para São Paulo e tinha um sonho de
fazer o curso na FPF, como tinha que trabalhar para me sustentar
isso só foi possível em 1992 quando inclusive já era casado e tinha
um filho.
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Atuando pela FPF no campo do Juventus na Rua Javari |
Trabalhei pela FPF de 1993 a 2005 e não faço a mínima idéia em
quantas partidas atuei nesses 13 anos.
Fefeu: Qual a partida inesquecível?
R - Sem duvidas foi uma em Bauru, não me recordo o ano, ainda no
primeiro tempo chamei o árbitro e pedi para ele expulsar um jogador
do time local (Noroeste) quando todos queriam que o expulso fosse um
adversário. O pessoal ficou revoltado, inclusive Damião Garcia, dono
das lojas Kalunga e dirigente da equipe mandante na época, que
entrou em campo e tentou de toda maneira me agredir, mas como ele é
menor do que eu, consegui me safar.
Lembro como se fosse hoje que naquele dia, até mesmo um repórter de
campo de uma radio local se fazendo que estava cobrindo o tumulto
quis me acertar com o microfone. Quem é ou foi árbitro certamente já
deve ter passado por uma situação dessas, mas se não foi, não faz
idéia do que acontece nessas situações. Você fica acuado em um canto
tentando se proteger e pessoas ensandecidas surgem do nada e de
todos os lados com o único propósito de te fazer maldade. Naquele
dia foram necessárias pelo menos 20 viaturas da policia militar para
tirar a arbitragem do campo, atravessamos a cidade com um bando de
gente nos seguindo, cuspindo e xingando o tempo todo mesmo com a
polícia nos escoltando e dando proteção. Acho que o mais tranqüilo
de todos era eu, pois adorava o ambiente hostil e estava
absolutamente convicto da minha decisão que depois ficou provado ter
sido correta pela emissora que cobria o jogo.
Quem já passou por isso, não pode ter medo de cara feia de um ou de
outro como às vezes tentam me intimidar. Contra isso eu já fui
vacinado pela vida e a força, sentindo na pele todos os dissabores
de ter opiniões contaria e por não ter medo de falar o que penso.
Fefeu: Quais os melhores árbitros com quem trabalhou?
R - Eu trabalhei com alguns bons árbitros entre eles os irmãos
Oliveira, o Paulo e o Luiz, por falar neles, como são humildes esses
meninos, até hoje, já ricos e famosos continuam tratando todo mundo
com educação e carinho enquanto outros aí que nunca apitaram nada e
só estão na arbitragem por terem padrinhos fortes e por proteção da
Maçonaria (nada de pessoal contra a loja ou contra os cerca de 150
mil maçons do país) se acham a ultima bolacha do pacote. São
arrogantes e tratam todo mundo abaixo deles como se lixo fosse.
Também trabalhei com Wilson Luiz Seneme, Cleber Abade, José Henrique
de Carvalho, Antônio Rogério Batista do Prado, Marcelo Rogério,
Sálvio Spinola, Romildo Corrêa, Anselmo da Costa, Rodrigo Braghetto
e outros tantos que não recordo agora. Alguns deles como os irmãos
Oliveira em atividade até hoje.
Fefeu: Os FIFA do seu tempo eram todos bons? Quem você lembra que
entrou na FIFA por amizades e não por méritos?
R – Tinha bons árbitros como o sergipano Sidrack Marinho, o cearense
Dacildo Mourão, o paulista Alfredo Loebling, mais tinha uns
terríveis. Com certeza Ulisses Tavares da Silva Filho e Emídio
Marques de Mesquita não foram por merecimento, pois eles eram
terríveis com o apito na boca. Que fique bem claro, aqui a critica é
para o arbitro e não para o cidadão.
Fefeu: Como eram os cursos na sua época?
R – Era só se inscrever para fazer o curso, não tinha tanta procura
e sobravam vagas. Naquela época as taxas eram insignificantes, eram
de futebol amador, então quem fazia o curso era porque gostava
mesmo. Pra você ter uma idéia, até mesmo o equipamento de arbitragem
como apito, bandeira, camisas e calções você tinha que comprar.
Meus professores foram Valter Borges de Queiroz e Hilton José da
Costa e o aluno que mais fez sucesso na carreira foi Sálvio Spinola
Fagundes Filho. Por sempre ser muito “politico” dentro e fora dos
campos, até hoje tem força no meio como dirigente e vai longe, pois
tem o perfil dos dirigentes que se perpetuam no poder.
Fefeu: E o Sindicato da categoria era forte antigamente?
R – Quando entrei em 93 era fraco e falido. A sede que era na Rua
Lettieri na Bela Vista iria a leilão e os seus diretores não podiam
nem passar na porta da Federação Paulista. Com a eleição de José de
Assis Aragão em 1997 as coisas mudaram da água para o vinho. A FPF
virou parceira, quitou as dividas da entidade de classe e os
árbitros federados foram obrigados a se associarem ao sindicato.
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Os ex-presidentes José Astolphi, José de Assis Aragão,
Ulisses Tavares da Silva e Sérgio Corrêa |
Na minha época, em uma sexta feira você não conseguia transitar na
sede do sindicato devido à aglomeração de árbitros e muito deles nem
escalados estavam. Quem não se recorda do Bar do “Tio Nei” que era
nos fundos da sede onde ele vendia churrasquinhos, bebidas e rolava
um carteado até altas horas da noite. Todo mundo se divertia e todo
mundo conhecia todo mundo, você trocava informações e já ia para as
partidas sabendo o que iria encontrar pela frente. Bons tempos
aqueles, mas era época diferente.
Hoje a entidade é moderna, gastaram horrores para adequá-la a
atualidade, é uma sede faraônica na Barra Funda avaliada em mais de
1.5 milhão de reais segundo ultima avaliação. Apesar de oferecer
conforto, vive as moscas, por lá não passa mais do que três ou
quatro gato pingado por dia, pois foi abandonada pelos árbitros que
se comunicam pelas diversas redes sociais. Tem árbitro aí que nunca
pisou o pé na sede, mesmo pagando e sendo associado meio que
forçado. Ele não da à mínima para sua entidade, o que ele quer mesmo
é escala e ascensão na carreira, só isso interessa.
Fefeu: Fez jogos pela CBF?
R – Nunca fiz um jogo pela CBF. Poderia dizer que não tive
oportunidades, mas se não tive foi porque talvez não fiz por merecer
ou até mesmo por não ter qualidades. Não reclamo, pois durante os
anos que trabalhei na arbitragem fui feliz, ganhei dinheiro com o
qual comprei meu maior patrimônio, a casa onde moro e pude dar
conforto aos meus familiares. Também fiz muitas amizades e é claro
algumas inimizades, isso faz parte na vida de quem tem e expressa
suas opiniões.
Fefeu: Como conheceu o antigo presidente da Conaf, Sérgio Corrêa?
R – Conheci o Sérgio em 1993 quando fui fazer o curso de arbitragem,
ele era árbitro e sindicalista atuante e por isso não era bem visto
na FPF tendo sua carreira prejudicada. Trabalhei em duas partidas
com ele que como militar não admitia ser contrariado. Lembro que em
uma delas, por um torneio de juniores disputada em Suzano, no
intervalo do jogo, um jogador veio reclamar mais acintosamente e ele
desferiu uma cabeçada no peito desse jogador que era bem alto. Pego
de surpresa, o coitado assustado saiu correndo de perto. Como era
torneio sem expressão, não deu em nada, diferente de outra cabeçada
que ele deu em outro jogador se não me engano em Taquaritinga dando
um buchicho danado na época.
Como podemos ver nosso eterno e poderoso presidente nunca foi
santinho e jamais admitiu ser contestado!
Fefeu: Ele é um cara correto?
R – Ele diz que é mais eu não ponho minha mão no fogo, nem por ele e
nem por ninguém. Tem algumas historias esquisitas por aí, mas como
não posso provar, prefiro não comentar.
Fefeu: Você cobre o dia a dia da Federação Paulista de Futebol?
R – Dificilmente vou a FPF, só em algumas solenidades. Eles não
gostam de receber árbitros e pessoas como eu. Só os a favor.
Fefeu: Já foi a algum sorteio?
R - Nunca fui a um sorteio. Só iria se fosse para participar
ativamente. Ir por ir seria mesma coisa que assistir filmes de sexo.
Já passei da idade da curiosidade. Hoje, só participando e olha lá!
Fefeu: Por que em São Paulo eles sorteiam 20 ao invés de apenas
dois.
R – A vontade da CEAF/FPF dita a mim por Arthur Junior era usar o
mesmo sistema maquiavélico da CBF, mas por sabia determinação de
Marco Polo Del Nero a comissão tem que colocar o maior número
possível no globo, mesmo contra a vontade. E aí você pode notar que
não muda nada, nos últimos dois campeonatos paulistas vários
clássicos foram apitados por árbitros sem escudos e desconhecidos,
muitos deles nem da CBF eram e as partidas transcorreram sem
novidades, enquanto outros apitados por árbitros da FIFA deram
vários problemas.
Acredito que se o árbitro é ouro (elite) aqui em São Paulo, ele tem
qualidade e deve apitar qualquer partida, a não ser que alguns
estejam lá por apadrinhamentos e nem mesmo a comissão acredita nele.
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Sérgio Corrêa e José de Assis Aragão em 2003 sorrisos
que a política o tempo apagou |
Fefeu: O sorteio com dois árbitros, para mim e para você é burlar a
lei. Acho que poderiam colocar todos no sorteio. O que acha?
R – Concordo, sorteio com dois e ainda com colunas casadas não é
sorteio, é aproveitar de brechas na lei para beneficiar alguém. Para
mim tirava as exceções, colocava os demais no globo e fazia sorteio
jogo a jogo. Quem trabalhou não concorreria no próximo sorteio,
assim seria até que todos tivessem as mesmas oportunidades. Isso
também acabaria com os “protegidos” que são colocados nas duas
colunas enquanto outros em mesma igualdade de condições são
colocados em uma só e esquecidos quando perdem o sorteio. O sistema
atual da CBF é muito duro, não é ilegal, mas com certeza é imoral.
Fefeu: Como surgiu a idéia do site Apitonacional. Foi por conta do
Voz do Apito que foi criado no Rio de Janeiro ou você veio antes?
R – Eu trabalhava no site que criei para o Sindicato dos árbitros de
São Paulo (Safesp) que na época não tinha. O sindicato se comunicava
com seus associados através do Jornal do Apito, um jornalzinho com
boa qualidade que era impresso e distribuído mensalmente aos
associados e para algumas autoridades e árbitros espalhados pelo
país. Mas tinha um custo enorme, tanto nos valores como na
distribuição, sem falar que não atingia completamente o publico alvo
e quando chegava ao destinatário, a noticia já era outra.
Quando Sérgio Correa ainda nem era presidente do Safesp (era
diretor), mostrei os dados a ele e o fiz ver que com o site
atingiríamos de imediato o associado com a informação por um preço
infinitamente inferior. Para ter uma idéia, era necessário cerca de
seis mil reais, dinheiro da época, para formatar, imprimir e
distribuir o jornal. Com a chegada do site, os valores diminuíram
para menos de R$ 100,00 reais mês, isso só foi possível porque meu
trabalho era voluntário. Fiz tudo sozinho, virava a noite
trabalhando e ainda tinham muitos que sem saber da realidade me
criticavam.
Com o passar do tempo à audiência foi crescendo, era muito acessado
por internautas de outros estados e do mundo, passei então com a
ordem do chefe a publicar umas matérias de árbitros de outros
estados e isso causou ciúmes nas pessoas.
Em pelo menos duas ocasiões os árbitros Wilson Seneme e Sálvio
Spinola reclamaram com o então presidente Sérgio Corrêa. Segundo me
relatou o presidente, eles achavam na época que o site tinha que
publicar só noticia dos árbitros de São Paulo. Tenho até hoje
arquivado e-mails onde os dois reclamam formalmente, mas faz parte,
nem sempre agradamos a todos. Em reunião com o presidente concordei
em manter o foco só em São Paulo, mas passei a procurar uma
alternativa, tinha um espaço vago e alguém tinha que ocupar, foi aí
que criei o Apitonacional que
passei a administrar junto com o Safesp. Eu sabia que existia, mas
não conhecia o trabalho do voz do apito que veio antes sim.
O engraçado é que todo mundo achava e uns acham até hoje que o site
é do Sérgio Corrêa, não posso negar que ele teve participação, teve
sim, era natural que comunicasse a ele e como seu funcionário na
época eu devia lealdade a ele e assim comuniquei que criaria um site
nacional que falaria exclusivamente de arbitragem. Ele concordou e
me ajudou a escolher o nome, pensamos em voz do arbitro, voz da
escala, apito mundial, apitotudo entre outros nomes esquisitos, até
que surgiu o Apitonacional e foi
de cara aceito por nós dois. Tempos depois ele me sugeriu e aceitei
de imediato a criação da coluna “Boca no trombone”, sem duvidas a
que causa mais problemas e a mais acessada do site. Também em muitas
vezes se valeu do anonimato para escrever colunas se passando por
pseudônimos, ele sempre negou, mas eu sempre soube que era ele.
Mas a participação dele parou por aí, minha maior briga com ele foi
justamente por ser o ultimo a saber das coisas da arbitragem, sempre
que quis descobrir algo, tinha que me matar atrás das fontes, pois
dele nunca saiu uma informação sequer. Se por um lado me ajudou, por
outros só me ferrou, pois nunca me arrumou um patrocínio mesmo sendo
influente, nunca me deu um centavo de ajuda mesmo ganhando 30 mil na
CBF. Enquanto isso, levei processo por causa dele, deixei de dar
noticias para não prejudicar ele, fui e sou perseguido até hoje em
São Paulo por causa dele.
Então digo que ele só pensa nele, manipula tudo e a todos conforme
quer e já venho falando isso há algum tempo. Mesmo ele não tendo
ciência, dentro do possível fui o melhor amigo dele, mas agora estou
sendo seu pior inimigo. A vida é uma roda gigante que gira sem
parar, hoje é assim, mas amanhã pode ser totalmente diferente.
Fefeu: Pelo que li você trabalhou para ANAF. Fale dela antes e
agora?
R – Esse é outro episódio interessante da minha vida. Trabalhei na
ANAF durante a gestão José de Assis Aragão e no inicio da gestão
Jorge Paulo. As duas foram danosas para a entidade, com grau maior
para a segunda. Aragão abandonou a entidade completamente ao deus
dará, pois era administrador do estádio do Pacaembu que consumia
todo o seu tempo. A entidade era administrada pela secretaria Sônia
e assim Aragão que não era pessoa fácil de lidar foi se enterrando
politicamente.
Jorge Paulo foi a maior decepção da arbitragem em se tratando de
administração. Vendeu o imóvel que a entidade tinha no Rio de
Janeiro, fechou a sub sede de São Paulo, criou uma briga com a CBF
por exclusividade nos uniformes dos árbitros e firmou um patrocínio
com a Glaxo onde os agenciadores receberam mais do que a entidade.
Com as dificuldades e a rejeição, abandonou completamente suas
funções na entidade, prometeu renunciar mais ficou até o ultimo dia
criando problemas para entregar o cargo. Segundo informações, até
hoje não devolveu alguns documentos da entidade e supostamente teria
deixado algumas contas e retiradas suspeitas sem explicações.
Jorge Paulo deixou tudo nas mãos da secretaria Sônia que teve que
levar os documentos da entidade para sua casa para preservá-los e
fez tudo que podia e o que não podia para que a entidade não
morresse de vez. Costumo dizer que a secretaria Sônia foi mais
importante para a ANAF do que o ex-presidente Jorge Paulo de
Oliveira Gomes. Assim terminou seu reinado de forma melancólica, sem
respeito e amigos. Colheu o que plantou.
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Salmo Valentim, a ele confiaria a administração de minha
empresa caso tivesse uma |
A coisa estava tão feia que para a atual diretoria foi fácil mostrar
resultados de cara, pois a entidade sucateada não tinha nada além de
dividas. Hoje ele esta saneada e melhor estruturada, não tem dividas
e paga seus funcionários em dia. Aos poucos esta recuperando seu
respeito, prestígio e credibilidade, já realizou dois congressos e
realizará o terceiro no inicio do próximo mês. No que posso, estou
sempre ajudando.
Fefeu: Se tiver que dar o Troféu Abacaxi daria para quem?
R – Sem duvidas para Jorge Paulo de Oliveira Gomes. Um bom
assistente, mas um dirigente sem visão e fora do seu tempo. A
história o mostrará como o dirigente que faliu uma entidade
nacional.
Fefeu: Se tiver que dar o Troféu mamão com açúcar, daria para quem?
R – Marco Martins que ao contrario do seu antecessor tem visão e
recuperou a entidade. Sabe fazer política com maestria estando
administrando sem confrontos o que é possível dentro do que é pedido
e do que é oferecido.
Também daria com ressalvas para José de Assis Aragão pela sua
administração no Safesp, um gestor nato que mandava e não dava
recados, que quando queria trabalhar não tinha para ninguém. Mas
tinha posições fortes e nem sempre respeitava seus adversários por
achar que nunca precisaria de alguém, assim criou inimigos poderosos
e foi devorado pelo sistema.
Fefeu: Qual recado daria para os que querem cobrir a arbitragem.
R – Se quiser cobrir com isenção e autonomia não pode ter medo de
cara feia. Também não espere recompensa e nem compreensão dos
árbitros e dirigentes. Você sempre será visto com desconfiança.
Esteja pronto para ser usado e endeusado quando ajudar alguém e ao
mesmo tempo odiado quando tiver que falar contra esse alguém. Você é
respeitado quando grita, quando luta e quando está disposto a morrer
em pé pelo que acredita e não por abaixar a cabeça sendo
subserviente o tempo todo.
Para encerrar, como gosto de falar através de frases e pensamentos,
gostaria de deixar uma frase de Abraham Lincoln que disse: "Você
pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo;
mas não consegue enganar a todas por todo o tempo”.