Márcio gosta da vida que tem, mas revela que
não é fácil ter a responsabilidade de bandeirar jogos importantes. É
preciso ter muito preparo físico. Quase como o de um jogador. Por isso,
ele treina três vezes por semana com o rigoroso Cabo Alcides, famoso por
preparar atletas de Bauru. E duas vezes por semana freqüenta uma academia.
Todo ano, passa por maratona de testes para
garantir que a saúde está em dia. E há ainda as provas teóricas, também
manuais.
Árbitros e assistentes são obrigados a
estar com as regras frescas na cabeça, para não correr riscos de cometer
erros graves. Compensa tanta dedicação? Márcio garante que sim, não se
arrepende da escolha, mas gostaria que a carreira fosse mais valorizada no
mundo milionário do futebol.
Quem é e o que faz:
Nome: Márcio Luiz Augusto
Idade: 41 anos
Tempo de experiência: 20 anos
Formação: Educação física
O que faz: Árbitro assistente da Federação Paulista de Futebol e da CBF
(Confederação
Brasileira de Futebol)
Planos para o futuro: Trabalhar como olheiro e empresário do futebol
Futuro profissional seguirá no
futebol
Ao pensar pela primeira vez em ser árbitro, Márcio logo lembrou
do futebol amador, que conhecia bem. A imagem que veio a cabeça foi a de
árbitros pressionados por jogadores e torcida e até agredidos sem que as
punições fossem à altura da gravidade dos atos.
Com o tempo, aprendeu que no futebol profissional a situação é
diferente. As punições existem e fazem qualquer um refletir antes de
adotar atitudes agressivas, antidesportivas Os xingamentos continuam e dá
para dizer que são incorporados à rotina do árbitro assistente. As
torcidas dos grandes times falam palavrões, ofendem as mães, jogam água...
Mas não passa disso e Márcio já nem liga mais.
“Hoje para mim isso não faz mais efeito”,
afirma. O que incomoda o assistente é a pouca valorização financeira de
quem trabalha na arbitragem. “Os jogos da série A envolvem muito
dinheiro”, lembra. “Pela responsabilidade que temos, deveríamos ganhar
mais”.
Responsabilidade, preparo físico e
concentração. Numa partida como a do São Paulo contra o Santos, que
bandeirou recentemente, os dois times jogam em grande velocidade. Além
disso, é preciso ficar atento o tempo todo à linha de impedimento. Na
carreira, o momento mais difícil foi a informação de que não poderia ser
aceito para bandeirar jogos da Fifa por ter estourado a idade limite em
quatro meses. “Lutei a vida inteira para chegar lá”, recorda.
O lado bom, além do sucesso profissional, é
o fato de ter conhecido muitos lugares, ter feito amigos e ser reconhecido
na rua por gente que assiste futebol pela TV e acompanha as atuações. “Eu
gosto do que faço”.
Hoje, os planos são terminar bem a
carreira, aos 45 anos, quando será obrigado a se afastar por causa da
idade. Aí, pretende dedicar-se à educação física e ao trabalho de olheiro
e empresário do futebol. Relata já ter olho clínico para novos atletas,
que observa em escolinhas e jogos amadores que assiste nas viagens que faz
pelo país.
Márcio costuma dizer que já foi corintiano.
Depois de virar árbitro, garante ter parado de torcer. Quando assiste
jogos, observa mais a arbitragem, com visão crítica, do que a partida.
Aprecia a tecnologia. Diz que ela é favorável, inclusive nos replays da
TV. A explicação: em grande parte dos casos, eles mostram que os árbitros
e seus assistentes estavam certos. Em outras situações, revelam que não
era mesmo fácil enxergar determinados fatos dentro do campo de futebol.
Márcio mora em Bauru com a mulher e as duas
filhas, de nove e seis anos. Viaja para trabalhar nos períodos de
campeonatos. Conhece quase o Brasil inteiro - só falta o Rio Grande do
Norte, que ainda quer visitar.
Agência BOM DIA
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