Sebastião Canuto: "Hércules Martins é produto do lixo que criei"

Ele é produto do lixo, juntamente com todos os árbitros ou quase todos, que atualmente compõem o Quadro da FAF

14/06/2011 - Ele é Psicólogo, foi militar, cursa Direito e foi árbitro de futebol durante 17 anos. Estamos falando de Sebastião Canuto (foto), uma lenda viva da arbitragem alagoana e nacional.

Por 13 anos ele foi o presidente da comissão de arbitragem de Alagoas, tendo inclusive chefiado o atual presidente Hércules Martins que  após sucedê-lo disse ter sido um lixo a administração Canuto.

Esta afirmação, Canuto classificou como intempestiva, arrogante e imatura, pois, o próprio presidente seria produto do lixo, juntamente com quase todos os árbitros que atualmente compõem o Quadro de árbitros da FAF.

Confira abaixo a entrevista completa de Sebastião Canuto.

Apito: Em que cidade e em que ano o senhor nasceu?

R: Nasci em Maceió, em 1942.

Apito: Fale de seus pais:

R: Pessoas simples, trabalhadoras, honestas e mesmo não estando mais nesta dimensão, devo tudo que sou a eles. 

Apito: Fale de sua família:

R: Minha família é composta por mim, minha esposa, quatro filhos e cinco netos e vivemos muito bem, sendo todos alagoanos.

Apito: Qual a sua formação acadêmica?

R: Sou Psicólogo e atualmente estou cursando Direito.

Apito: O senhor é casado? Casou em que ano e com quem?

R: Sim, sou casado. Me casei em 1967 e minha esposa se chama Neuza Ferreira Silva da Hora

Apito: Fale os nomes dos seus filhos e netos e o que fazem:

R: Os nomes dos meus filhos são: Soraya, funcionária pública municipal; Soralyce, técnica em informática; Sidney, Consultor de vendas e Silvia, professora trilíngue e bacharelando em Direito.

Apito: Atualmente reside aonde e com quem?

R: Eu resido em Maceió, com a minha esposa.

Apito: Qual foi a sua profissão fora da arbitragem?

R: Fui Psicólogo e Militar do Exército.

Apito: É aposentado?

R: Sim.

Apito: Vive da aposentadoria ou tem algum rendimentos extras?

R: Vivo da aposentadoria.

Apito: Tem alguém da sua família na arbitragem ou no esporte em geral?

R: Apenas um sobrinho, Adeilton Hora, que atualmente faz parte do Quadro de Árbitros Assistentes da CBF, indicado pela FAF.

Apito: Como surgiu a arbitragem na sua vida?

R: Foi por acaso. Apitei  um jogo de várzea e a partir dali comecei gostar e então, procurei a Federação Alagoana de Futebol e me inscrevi no Curso de Árbitros.

Apito: Em que ano e em qual federação se formou?

R: Eu me formei em 1969, na Federação Alagoana de Futebol.

Apito: Conte a sua trajetória até apitar a primeira partida de profissionais:

R: Apitei vários jogos amadores e me fiz notar. Os dirigentes da arbitragem à época, começaram a acreditar no meu trabalho e assim se deu a minha promoção para a direção de jogos profissionais.

Apito: Quem foi seu maior incentivador na arbitragem?

R: Foi o Dr Ronaldo Tenório e o historiador de futebol Lautheney Perdigão.

Apito: Em que ano começou a apitar na divisão principal no seu estado e na do Brasil?

R: Em Alagoas eu comecei em 1970. Já no Quadro Nacional foi em 1974.

Apito: Quais foram as partidas?

R: A primeira partida que apitei em Alagoas foi CSA x São Domingos e a primeira nacional foi Fortaleza X Nacional-AM, se não me falha a memória.

Apito: Qual foi a partida mais importante da sua carreira e porque?

R: A partida mais importante foi Botafogo-RJ x Cruzeiro-MG, foi a inauguração do estádio Rei Pelé (28/10/1970).

Apito: Qual foi a partida a ser esquecida e Porque?

R: Foi CSA X ASA numa tarde de Domingo. Naquele dia eu estava muito mal psicologicamente, devido a um forte problema de saúde com um membro de minha família e isso se refletiu no meu rendimento em campo.

Apito: Cite uma decisão acertada que te deu orgulho na arbitragem:

R: Foi por ocasião de um jogo envolvendo equipes do nordeste, quando um determinado atleta vindo do sul e muito conhecido dos brasileiros resolveu deixar de jogar e querer assumir a posição de auxiliar da arbitragem. Momento em que lhe adverti verbalmente e pela repetição e conduta inadequada, sendo o mesmo a estrela principal daquele jogo e em respeito às regras do jogo, tive que expulsá-lo.

Apito: Cite uma decisão equivocada e que se pudesse voltaria atrás:

R: Deixei de apitar precocemente. Poderia ter demorado um pouco mais. 

Apito: Em que ano se aposentou na arbitragem?

R: Me aposentei em 1986, quando tinha 44 anos.

Apito: Tem saudades?

R: Sem duvida. A arbitragem é integrante efetiva de minha vida.

Apito: Na sua visão, quais as diferenças na arbitragem da sua época para a de hoje?

R: Na minha época era muito mais difícil. O arbitro dirigia a partida e cuidava ainda das ações extra campo. Hoje além do forte apoio policial, a arbitragem se reforça além do trio, por quarto, quinto e até sexto arbitro.

Apito: O senhor acha que seria mais fácil apitar na sua época ou hoje em dia?

R: Hoje em dia é mais fácil. O arbitro conta com uma gama de meios e equipamentos auxiliares.

Apito: Quando o senhor apitava tinha jogadores cai cai tipo Neymar?

R: Sempre houve esse tipo de jogador, entretanto, convém que observemos os motivos da queda. É necessário que os árbitros se alertem a fim de que os craques possam verdadeiramente jogar. O que se vê na verdade é o jogador agressor não permitindo que o futebol arte possa ser feito e a beleza do futebol não possa ser mostrada pelo craque que sabe fazê-la.

Apito: Como agiam os árbitros com esses jogadores cai cai?

R: Quando se verificava que a queda era simulação, sem duvida, o atleta era advertido e na reincidência expulso.

Apito: O senhor foi dirigente da arbitragem, quais cargo ocupou?

R: Sim. Fui assessor, membro, secretário e Presidente da Comissão de Arbitragem de Alagoas – CEAF-AL.

Apito: Foi dirigente sindical?

R: Nunca me integrei a nenhum sindicato.

Apito: Em qual período o senhor dirigiu a CEAF/AL?

R: Foi durante os períodos de 1988 a 1991 e de 1997 a 2007.

Apito: Quais foram os árbitros lançados pelo senhor?

R: Todos os árbitros que atualmente se encontram no Quadro da FAF, inclusive o atual Presidente da CEAF/AL.

Apito: Quando e porque saiu?

R: Saí em 2007, em razão da mudança da diretoria da FAF.

Apito: Porque o atual presidente disse que a sua administração foi um LIXO?

R: Por incrível que pareça, fiquei bastante contente com o que disse o Presidente da CEAF/AL, Sr Hércules Martins, quando afirmou que a arbitragem alagoana era um lixo e agora na sua gestão é um luxo. Acho, particularmente, intempestiva, arrogante e imatura a afirmação feita, pois, o próprio presidente é produto do lixo, juntamente com todos os árbitros ou quase todos, que atualmente compõem o Quadro de árbitros da FAF. Fico mais feliz ainda, em razão de ter o lixo se transformado no luxo que aí está. E aí não poderia eu deixar de citar o grande cientista Lavoisier, quando afirmou: “Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”. E como se não bastasse, numa outra matéria de um site em nível nacional, afirmou o Presidente da CEAF/AL, que a arbitragem alagoana era menosprezada e sem  valor algum. Muito pobre a colocação do Presidente. Acho com isso estar o mesmo querendo competir. Pura imaturidade, pois, já fiz a minha parte muito bem como árbitro e como dirigente da arbitragem do meu estado e até hoje sou elogiado por isso, não tendo, portanto, necessidade de entrar em clima algum de competição. Sou um crítico construtor. O que não dá para entender é uma arbitragem tão nobre como diz ser a administrada pelo senhor Presidente, completamente desacreditada no Estado de Alagoas, ao ponto de todos os jogos após a fase de classificação do Campeonato Alagoano de Futebol de 2011, terem sido dirigidos por árbitros de outros estados. Vale ressaltar, por justiça, que a Federação Alagoana de Futebol integra excelentes árbitros com condições de comandarem qualquer que seja o jogo. Refiro-me aos árbitros pertencentes ao Quadro da CBF e mais um pequeno grupo que também merece destaque, todos formados por mim.

Apito: Houve algum problema entre o senhor e Hércules Martins enquanto o senhor foi presidente da CEAF/AL?

R: Nunca. Sempre nos demos muito bem e até o presente momento não tenho nada contra à sua pessoa.

Apito: O que o senhor achou dos árbitros terem pago para fazerem a pré-temporada?

R: Achei um absurdo. Essa responsabilidade cabe à CEAF solicitar à Federação a cobertura das despesas pertinentes, em razão de se tratar de um evento do seu interesse a fim de aprimorar os conhecimentos técnicos dos árbitros.

Apito: Se a pré foi tão boa, porque os árbitros erraram tanto nesse campeonato?

R: Não faço ligação da pré-temporada com o rendimento dos árbitros. O que eu acho é estar existindo uma divisão séria no grupo e, com isso, o fator que predomina é a desmotivação aliada à necessidade de acertar. E assim, o rendimento desaparece e o trabalho se desqualifica. 

Apito: Era mesmo necessário trazer árbitros de fora para apitar as finais?

R: Sim. Chegou-se a um ponto que em todos os jogos os erros de arbitragem eram evidentes. Mesmo se tendo, como já disse anteriormente, bons árbitros. O que comprova a necessidade urgente, de se realizar um trabalho apurado junto ao grupo. Iniciando pelo resgate da integração e interação do mesmo. O grupo está disperso.

Apito: Não foi um erro ter contratado um árbitro (Evandro Roman) que não passou no teste físico da CBF dois dias antes da final?

R: Acho que sim. Esse fato trouxe descontentamento aos árbitros atuantes da FAF.

Apito: A vinda do árbitro sergipano Mário Sérgio da Silva Bancilon foi benéfica ou não para a arbitragem alagoana?

R: O Bacilon é um excelente árbitro, com destaque aqui no Nordeste. Atuou em vários jogos do Campeonato Alagoano de 2011 e se houve muito bem. A sua transferência não agradou a alguns árbitros, mas do seu trabalho não se tem o que reclamar.

Apito: Na sua visão, quais atitudes devem ser tomadas para pacificar a arbitragem de Alagoas?

R: Não precisa muita coisa. Basta apenas que o Comando seja feito para todo o grupo e que se estabeleça o princípio da hierarquização entre os quadros de árbitros. E assim se inicie um trabalho de resgate do sentimento de corpo, visando o restabelecimento dos valores do grupo. 

Apito: Como o senhor vê a atual situação da arbitragem alagoana e nacional?

R: A Alagoana já conversamos bastante sobre ela. O que na verdade necessita urgentemente é ser resgatada e o Presidente da CEAF/AL, esquecer um pouco a mídia. Fazer o que aprendeu e administrar a arbitragem alagoana democraticamente com braço firme. A Nacional tem apresentado novos nomes que se destacam. Mesmo assim, ainda se tem muito por fazer. O Sérgio Corrêa vem realizando um trabalho excelente à frente da Comissão Nacional de Arbitragem.

Crédito fotos antigas: Museu dos Esportes - Foto principal: Alagoas24horas


Fechar

Publicidade

 

Copyright © 2009 -2011     www.apitonacional.com.br ® Todos os direitos reservados

Publicidade