recuperando de uma contusão e como não
podia treinar, foi colaborar com professor Jorginho. “Fui bem e o
professor me sugeriu que fizesse o Curso de árbitro de Futebol da FERJ no
ano seguinte”, conta Sérgio Cristiano. Desse modo, estava encerrada a
carreira de jogador e iniciava-se a carreira do árbitro.
SE POUPANDO?
“As vezes ouço: Estava me poupando no
primeiro tempo. Cascata! Tem jogo que se decide em 10 minutos!”.
Sérgio Cristiano.
Após entrar para o quadro da FERJ, seu
primeiro jogo no estádio do Maracanã foi Flamengo 2 x 0 Botafogo, pelo
Campeonato Carioca de Juniores de 1984. Sua estréia nos profissionais foi
numa partida entre Madureira e Olaria, em Conselheiro Galvão, no mesmo
ano. A partir daí, começou a alcançar destaque, entrando para o quadro da
CBF no ano de 1986. Sua estréia em jogos da Série A do Campeonato
Brasileiro aconteceu em 1988, no Beira-Rio, com os assistentes Vander de
Carvalho e Ediel Rios, no jogo Internacional 2 x 1 Palmeiras.Sérgio
Cristiano apitou vários jogos importantes dentre os quais destaca a final
da Taça Guanabara de 1992, Vasco 1 x 1 Flamengo, Vasco campeão em São
Januário (naquele ano o Maracanã estava interditado em função da tragédia
ocorrida na final do Campeonato Brasileiro). Outro jogo marcante foi um
Fla 0 x 0 Flu em 1991, quando expulsou Junior Baiano por atingir o jogador
Renato, do Fluminense, com uma ‘tesoura voadora’. “Naquela época não era
muito comum expulsar jogadores em clássicos”, ressalta.
No ano de 1995 Sérgio Cristiano foi
designado como Árbitro Aspirante à FIFA, porém uma falha de comunicação
acabou atrapalhando o seu objetivo. Ele fora escalado para fazer um jogo
da Série C em Araçatuba e não recebeu o recado a tempo para se deslocar
para a cidade paulista. Acabou chegando ao estádio com 8 minutos de atraso
e o então Diretor de Arbitragem da CBF, Ives Mendes, não o perdoou,
tirando-lhe o escudo de Aspirante à FIFA, mesmo tendo sido absolvido pelo
Tribunal. “Naquela época eu não tinha o aspecto tático-geográfico que o
árbitro precisa ter e paguei por isso. Por esse motivo houve o declínio da
minha carreira”, analisa.
MELHOR FASE: 91-96 “Nesse período
tive a oportunidade de apitar todos os clássicos cariocas”. Sérgio
Cristiano.
Ivens Mendes o deixou permanentemente na
‘geladeira’ e só a saída do diretor poderia mudar este panorama. Foi o que
aconteceu, Armando Marques o substituiu no comando da Comissão de
Arbitragem da CBF em 1997. “Não me conformava por nunca ter sido perdoado
pela falha ocorrida em 1995, mas faltava uma oportunidade para superar o
ocorrido”, lamenta. Foi quando teve a idéia de editar uma fita com todos
os seus bons jogos. “A fita acabou ficando pequena”, sorri. “A fita tinha
um jogo televisionado de 1992, onde Armando foi o comentarista da Rede
Manchete e eu tinha ido muito bem, sendo muito elogiado por ele no final
da transmissão”, revela. Vendo a fita mostrada pela secretária Helenice,
Armando acabou ficando impressionado como o árbitro daquele jogo teria
‘desaparecido’ do futebol brasileiro.
Outra pessoa que ajudou Sérgio a se
reciclar foi o ex-árbitro Oscar Roberto Godói. “O Godói sempre me elogiava
quando via meus jogos ou quando tínhamos oportunidade de nos falar”,
garante. “Ele me ensinou muita coisa, inclusive o deslocamento lateral”,
completa.
Só assim, depois de anos, aconteceu seu
retorno aos gramados. “Só tive a oportunidade de retornar bem em 2002, com
o Armando Marques”, conta.
E o retorno foi emocionante. Sérgio dirigiu
a final Brasil 5 x 0 Bolívia do Mundialito Sub-17 disputado em 2002, no
Estádio Godofredo Cruz, em Campos dos Goytacazes. Os auxiliares foram
Manoel do Couto Pires e Márcio Dutra Veloso. “Foi um grande honra ter
apitado esta final”, orgulha se. “Senti o que é um jogo de seleção,
jogadores perfilados para o hino e toda a importância de um jogo desses”,
diz emocionado, com os olhos marejados. Na época, Carlos Alárcon e membros
da cúpula da CBF queriam saber quem era o árbitro. “Acabei conquistando a
confiança da CBF e o respeito do Brasil”, acredita.
O ano de 2003 foi o último ano de sua
carreira como árbitro da CBF tendo sido, no final da temporada, citado
como um dos destaques do Campeonato Brasileiro por Armando Marques, por
ter feito uma arbitragem moderna. Durante a competição dirigiu jogos de
peso como: Corinthians x Internacional, Internacional x Santos, Santos x
Vitória, São Paulo x Coritiba e Corinthians x Goiás. Seu último jogo foi
Coritiba 2 x 0 Criciúma, valendo vaga para a Copa Libertadores da América,
com os assistentes Vilmar Raul e Marcos Peniche
Já em 2004 dirigiu seu último jogo com o
escudo da FERJ, sendo auxiliado por Nélson Santiago, Sérgio Oliveira
Santos e César Felisberto, Portuguesa 0 x 1 Flamengo. “Tenho certeza que
tinha condições de ter ido mais além e poderia, inclusive, ter sido
árbitro internacional”, acredita. “Ainda tenho muita vontade de apitar
futebol, mas entendo que, chegando aos 45 anos, o árbitro deve mesmo parar
para não atrapalhar o processo de renovação”, opina.
Sérgio Cristiano fala das finais que dirigiu, do reconhecimento da
imprensa e do Mundialito Sub-17 como as maiores alegrias que a arbitragem
lhe proporcionou. “O Sub-17 serviu para coroar minha carreira e o
Brasileiro de 2003 serviu para me aproximar mais do Armando e do Alárcon”,
resume Em 2002 Sérgio Cristiano fez o Curso de Instrutor de Arbitragem
patrocinado pela Confederação Sul Americana e CBF, no Rio de Janeiro, com
duração de 3 dias. Em 2003 foi ao Paraguai para participar do curso de 15
dias para instrutores de arbitragem, realizado pela Confederação Sul
Americana. No curso foi selecionado por Alárcon como promessa de bom
instrutor, por responder determinadas questões de maneira diferente e mais
completa.
MITO “Quem falou que o árbitro não pode entrar na área?”.
Sérgio Cristiano.
Segundo Sérgio Cristiano, 80% dos árbitros
brasileiros carecem de algum tipo de acompanhamento. Sabendo disso, como
instrutor de arbitragem da CBF, ele tem procurado assistir muitos jogos
pela TV, além de ir a campo buscando orientar e observar novas revelações
da arbitragem. Atualmente está procurando desenvolver um trabalho inédito
na arbitragem nacional, sobre a importância do deslocamento lateral para
os árbitros. “A diagonal está morta, é uma herança dos anos 70 e 80. O
árbitro deve estar sempre que possível de 6 a 12 metros e do lado esquerdo
da jogada, utilizando, em deslocamento lateral, a figura geométrica de um
quadrado”, ensina. Os outros dois instrutores de arbitragem da CBF são
Antônio Pereira (GO) e Roberto Perassi (SP).
Fora das quatro linhas, os árbitros devem
estar atentos aos fatores como o clima da cidade, as condições do tempo no
local, como jogam os times, as condições do estádio, etc. “Os árbitros
devem estar antenados!”, orienta. “O Simon é um cara que está preparado.
Ele estuda esquema tático, pesquisa condições do tempo... isso é o que eu
chamo de se preparar taticamente”, elogia.
Sérgio Cristiano guarda com carinho várias
fotos de sua carreira e uma carta muito especial, meio amarelada pelo
envelhecimento, assinada por Carlos Alárcon, Presidente da Comissão de
Arbitragem da Confederação Sul Americana de Futebol. O texto agradece e
parabeniza Sérgio Cristiano pelo trabalho que fizera durante a fase final
da Copa América de 1989, disputada no Maracanã, quando cronômetrou tempo
de bola em jogo e tempo perdido com arremessos laterais, substituição,
atendimentos médicos, etc.
Para os mais novos, Sérgio Cristiano deixa
a seguinte mensagem: “No campo, faça uma arbitragem diferente! Esteja
próximo, perto, mas nunca em cima do lance, pois você pode se atrapalhar”.
E para aqueles que estão em plena atuação, um lembrete. “O árbitro bom
marca a falta, o excelente dá a vantagem”.
Cartão Vermelho
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