Dulcídio Wanderley Boschilia

Dulcídio Wanderley Boschilia (foto), também conhecido como "Alemão", nasceu no dia 04 de janeiro de 1938 em São Paulo, foi advogado, árbitro de futebol, sargento da PM, investigador da Policia Civil, escriturário do DOI-CODI entre 1972 e 1973, Guarda Civil e fez parte da ROTA. Formou-se em direito em 1982 e encerrou a carreira policial no cargo de Investigador da Policia Civil do Estado de São Paulo.

Começou a carreira de árbitro em 1964, depois de ser goleiro em um time de várzea, conhecido como Wand. Ficou conhecido como um dos árbitros mais polêmicos dos anos 70 e 80. Com sua personalidade forte, o juiz nunca escondeu a sua simpatia pelo São Paulo, mas garantia a imparcialidade nas partidas em que trabalhava. Brigou com jogadores, dirigentes e torcedores.

Seu grande sonho era fazer parte do quadro de árbitros da FIFA, mas morreu sem realizá-lo, apesar de ter sido cogitado varias vezes para assumir uma das vagas.

Quando era policial, apitou partidas de futebol na Casa de Detenção, em São Paulo, algumas vezes envolvendo detentos que ele tinha prendido, mas era respeitado por eles apesar disso.

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Em 1986, em entrevista a revista Placar, o ex-policial da ROTA declarou que nunca torturou ninguém: “Não tinha nada a ver com essa história de torturas. Era um datilógrafo, cuidava do livro de despesas, fichas, essas coisas”

Apitou as decisões dos Campeonatos Brasileiros de 1975 e 1988, além das decisões dos Campeonatos Paulistas de 1974, 1975, 1977, 1981, 1983, 1986 e 1987 e do Campeonato Mineiro de 1985, entre outras decisões de estaduais. Foi ainda auxiliar no jogo que decidiu o Campeonato Paulista de 1971, quando correu para o meio-campo para indicar que o gol foi legal, decisão que o árbitro da partida, Armando Marques, reverteu.

Dulcidio entre Rivelino do Corinthians e Ademir da Guia do Palmeiras. Foto: Acervo Histórico S.E. Palmeiras

Apitou a final do campeonato paulista de 1987 entre São Paulo e Corinthians mesmo tendo sofrido um grave acidente de carro (seu Monza bateu na traseira de um caminhão) dezoito dias antes, na Rodovia Castelo Branco, quando voltava de Tupã com a esposa e os bandeirinhas da partida, onde tinha apitado a final da Terceira Divisão Paulista entre Tupã e Palmital. No acidente faleceu sua segunda esposa, Berenice Berenice Liberman que estava no banco da frente.

Ele foi aplaudido pela torcida antes de a partida começar. Ao final, depois de levantar a bola e chorar, desmaiou de dor ao ser abraçado na costela quebrada no acidente pelo árbitro reserva Luiz Alfredo Bianchi e receber um beijo do médico são-paulino Marco Aurélio Cunha.

Ao lado de Armando Marques foi o árbitro que mais apitou o Derby entre Corinthians e Palmeiras, foram 14 partidas no total.

O nome Boschilia continua no esporte em duas modalidades, tem um sobrinho como assistente de arbitragem da FIFA, Bruno Boschilia, e é tio-avô de Gabriel Boschilia que joga atualmente pelo São Paulo FC.

Após anos de serviço somando Guarda Civil, PM e Policia Civil, Dulcídio terminou seu resto de vida praticamente só, sem a ajuda de ninguém e sem aposentadoria.

Encerrou a carreira em 1988, ao completar 50 anos. No total, apitou 255 partidas de Campeonato Brasileiro entre 1967 e 1987. Dulcídio morreu aos 60 anos em 14 de maio de 1998, de um tipo raro de câncer, o lipossarcoma de retroperitônio, que se alastrou pelo corpo.

Folclore

Vários episódios marcaram a carreira do árbitro, alguns deles entraram para o folclore do apito

Durante partida entre Bahia e Internacional na Fonte Nova, pelo Campeonato Brasileiro de 1987, um torcedor invadiu o campo e deu um tapa na nuca de Dulcidio, que em seguida aplicou uma rasteira no invasor e chutou-lhe várias vezes, tendo de ser contido por jogadores do Bahia. "Eu não vou sossegar enquanto não matar um torcedor", disse ele depois do jogo.

Em 1983, aceitou um cheque de 300 mil cruzeiros para usar como prova de suborno, mas não só sua denúncia não deu em nada como ele quase foi processado por corrupção.

Durante boa parte de sua carreira ia aos estádios armado, embora não entrasse em campo com as pistolas.

Havia quem dissesse tê-lo visto apitando o segundo tempo de um jogo tumultuado em Americana, em 1973, com um revólver na cintura, o que ele também negava. Ele se empenhou para manter essa fama, que se espalhou principalmente pelo Norte e Nordeste, como quando empunhou uma pistola para abrir caminho entre dirigentes do Bahia depois de um jogo contra o Flamengo.

Em 1973, um caso curioso: um repórter da revista Placar flagrou um bandeirinha aplicando laquê nos longos cabelos de Dulcídio.

Em 1974, foi chamado na Federação Paulista de Futebol para ser comunicado que seu nome tinha sido aprovado para os quadros da Fifa, mas, no dia seguinte, deu uma entrevista criticando o cartão amarelo e, coincidência ou não, seu nome foi retirado da lista pouco depois.

A partida mais polêmica de sua carreira foi a final do Campeonato Paulista de 1977, quando foi acusado de suborno por expulsar o atacante Rui Rei, da Ponte Preta (foto ao lado), aos treze minutos do primeiro tempo, supostamente para favorecer o Corinthians. Rui Rei reclamara que o árbitro só estaria marcando faltas contra o time campineiro, ao que Dulcídio respondeu: "Não agita que eu te coloco para fora." O jogador seguiu reclamando e o árbitro, tão nervoso que deixou um dos cartões cair no chão, mostrou-lhe primeiro o cartão amarelo e depois o vermelho. "Ele me mandou tomar… Se eu não o botasse para fora, ele passaria a mandar no jogo", contou, oito anos mais tarde.

Oito anos depois, disse à revista Placar que foi comprado sem saber por dois milhões de cruzeiros para aquela partida: três pessoas supostamente da Federação Paulista teriam pedido dinheiro ao Corinthians para comprá-lo. "Sei quem são e só não

os denuncio porque não tenho provas concretas", disse.

Foi suspenso por 120 dias por agredir o zagueiro ponte-pretano Polozzi, que depois confirmaria que não foi Dulcídio que o agrediu.

 

Galeria de fotos

 

 

Dulcidio acompanhado de Daniel Fernandes, Edie Mauro Garcia Detofoli e Gustavo Caetano Rogério

 

 

Chamando atenção do goleiro palmeirense Leão. O jogador encoberto é o zagueiro Luis Pereira

 

Durante a final de 1977 entre Corinthians e Ponte Preta

 

Entre José de Assis Aragão e Roberto Nunes Morgado

 

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