Em um movimento sem precedentes,
no início de fevereiro de 2023, o futebol brasileiro testemunhou a
Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro convidando Flamengo
e Vasco para escolherem o árbitro do clássico válido pela sexta
rodada do campeonato estadual. A iniciativa foi aplaudida por
algumas pessoas como um passo significativo para a transparência.
Porém críticos apontam para o constrangimento imposto a todo o corpo
de arbitragem.
Confiar a escolha dos árbitros
aos clubes: um passo na direção errada?
A arbitragem é um pilar
indispensável do jogo, cuja seleção de seu pessoal não deveria caber
aos clubes participantes. É fundamental que a arbitragem seja
institucionalmente independente – algo que fica sombreado quando as
próprias federações e a confederação são responsáveis pela mediação
de suas competições. Nesse cenário, a iniciativa da FERJ parece ser
um movimento equivocado.
A pressão pré-jogo e a
influência sobre a arbitragem
No Campeonato Paulista, antes do
clássico entre Santos e São Paulo, o Santos enviou uma comunicação
oficial alertando que seria prejudicado pela árbitra escalada para o
jogo. O que leva à reflexão: que espaço há para a neutralidade
quando os clubes sentem a necessidade de exercer pressão antes mesmo
da partida começar? E até que ponto a atuação da árbitra foi produto
desta pressão?
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A atuação da arbitragem irritou o São
Paulo - Crédito foto: Rubens Chiri e Paulo Pinto/Saopaulofc.net
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Inconsistência e beligerância
em relação à arbitragem
O cenário se torna ainda mais
complicado quando os clubes, após escolherem seus próprios árbitros,
protestam contra o desempenho destes – como aconteceu após o empate
em zero a zero entre Vasco e Fluminense, quando o Vasco pediu a
suspensão do juiz que o próprio clube havia escolhido. Isso
evidencia uma atitude de confronto perante a arbitragem que só
contribui para desgastar ainda mais a situação.
Salvando a arbitragem do
futebol
Na tentativa de mascarar a
negligência, a FERJ contratou uma empresa para avaliar o desempenho
dos árbitros em seu torneio. Contudo, a mesma empresa já havia sido
contratada pelo Botafogo para elaborar um relatório alegando que o
Campeonato Brasileiro do ano passado tinha sido manipulado. Diante
deste cenário, fica evidente a necessidade de proteger e resgatar a
arbitragem no futebol brasileiro para manter a integridade do
esporte.
Fonte: Redação O Antagonista