Qualquer um que acompanha
minimamente o futebol brasileiro sabe que estamos vivendo uma crise
sem precedentes na arbitragem. O VAR, que chegou como esperança de
dias menos polêmicos, não só não resolveu o problema, como agravou
ainda mais. O fato de a tecnologia de ponta ser operada pelos
próprios árbitros passou meio batido quando imaginamos uma melhora
na nossa arbitragem.
No final de semana passado, dois
lances foram especialmente polêmicos e geraram debates, quase sempre
improdutivos. O gol do Cuiabá contra o Botafogo, e o pênalti marcado
sobre Soteldo, no jogo entre Corinthians e Santos. O clubismo nunca
esteve tão alto e aquilo que é pênalti a favor do meu time, não é
absolutamente nada quando é contra.
A profissionalização da arbitragem
é sempre lembrada quando os erros são mais frequentes. Neste momento
está sendo discutido no Senado um projeto de lei que pode
profissionalizar a arbitragem no Brasil. O PL 864/2019 determina que
árbitros tenham vínculo empregatício com as entidades pelas quais
atuam. Hoje, a legislação vigente diz que os juízes são
trabalhadores autônomos, pagos a cada partida realizada.
A profissionalização, assim como
aconteceu com o VAR, não resolveria de imediato todos os problemas
da arbitragem, mas com dedicação exclusiva, tempo para treinamento
adequado e estabilidade financeira, a tendência é de uma melhora no
desempenho dos profissionais do apito.
Existe uma cultura de que o
problema da arbitragem no Brasil é culpa somente dos árbitros.
Jogadores, técnicos, dirigentes, torcedores e jornalistas colaboram
bastante para esse cenário. O universo do futebol brasileiro anda
muito transtornado. Há a sensação de que o jogo são 22 em campo,
mais os bancos de reservas, tentando de todas as formas ganhar a
arbitragem no grito. É muita gente contra.
Um lateral mal marcado é o
suficiente para a deflagração de teorias da conspiração de todos os
tipos. “Estamos enfrentando o sistema”, ou “contra tudo e contra
todos” são frases de efeito utilizadas pelos protagonistas do nosso
futebol, algumas delas chanceladas por profissionais da imprensa.
Desde que acompanho o futebol
existem erros de arbitragem. Minimizá-los é o objetivo. E para isso
é fundamental a evolução dos árbitros, mas também um pouco mais de
equilíbrio e discernimento para todos nós que fazemos parte deste
meio.
Fonte: Chico Lins -GE/SP