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    São Paulo - 31/10/2023    18:27hs

A crise no apito não é culpa apenas dos árbitros

Jogadores, técnicos, dirigentes e jornalistas colaboram bastante com esse cenário

Daronco Palmeiras x São Paulo - Foto: Marcos Ribolli
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Qualquer um que acompanha minimamente o futebol brasileiro sabe que estamos vivendo uma crise sem precedentes na arbitragem. O VAR, que chegou como esperança de dias menos polêmicos, não só não resolveu o problema, como agravou ainda mais. O fato de a tecnologia de ponta ser operada pelos próprios árbitros passou meio batido quando imaginamos uma melhora na nossa arbitragem.

No final de semana passado, dois lances foram especialmente polêmicos e geraram debates, quase sempre improdutivos. O gol do Cuiabá contra o Botafogo, e o pênalti marcado sobre Soteldo, no jogo entre Corinthians e Santos. O clubismo nunca esteve tão alto e aquilo que é pênalti a favor do meu time, não é absolutamente nada quando é contra.

A profissionalização da arbitragem é sempre lembrada quando os erros são mais frequentes. Neste momento está sendo discutido no Senado um projeto de lei que pode profissionalizar a arbitragem no Brasil. O PL 864/2019 determina que árbitros tenham vínculo empregatício com as entidades pelas quais atuam. Hoje, a legislação vigente diz que os juízes são trabalhadores autônomos, pagos a cada partida realizada.

A profissionalização, assim como aconteceu com o VAR, não resolveria de imediato todos os problemas da arbitragem, mas com dedicação exclusiva, tempo para treinamento adequado e estabilidade financeira, a tendência é de uma melhora no desempenho dos profissionais do apito.

Existe uma cultura de que o problema da arbitragem no Brasil é culpa somente dos árbitros. Jogadores, técnicos, dirigentes, torcedores e jornalistas colaboram bastante para esse cenário. O universo do futebol brasileiro anda muito transtornado. Há a sensação de que o jogo são 22 em campo, mais os bancos de reservas, tentando de todas as formas ganhar a arbitragem no grito. É muita gente contra.

Um lateral mal marcado é o suficiente para a deflagração de teorias da conspiração de todos os tipos. “Estamos enfrentando o sistema”, ou “contra tudo e contra todos” são frases de efeito utilizadas pelos protagonistas do nosso futebol, algumas delas chanceladas por profissionais da imprensa.

Desde que acompanho o futebol existem erros de arbitragem. Minimizá-los é o objetivo. E para isso é fundamental a evolução dos árbitros, mas também um pouco mais de equilíbrio e discernimento para todos nós que fazemos parte deste meio.

Fonte: Chico Lins -GE/SP

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