Um levantamento publicado ontem
(8) pela Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (ANAF) sobre o
primeiro turno do Campeonato Brasileiro das Séries A e B revelou a
discrepância existente na escalação de profissionais de arbitragem
para os jogos dos torneios baseados nas cinco regiões do país.
Segundo o documento, quase 2/3 das oportunidades se concentraram em
profissionais de apenas sete dos 27 estados do Brasil.
As regiões Sul e Sudeste
representaram 70,5% dos árbitros, 65,7% dos assistentes e 75,4% dos
árbitros de VAR e AVAR escalados pela Confederação Brasileira de
Futebol para os torneios. Nordeste (18,6%), Centro-Oeste (9,3%) e
Norte (1,6%) proporcionalmente aparecem logo atrás.
O Presidente da ANAF, Salmo
Valentim, afirmou que esse é um problema histórico do futebol
brasileiro e que a concentração das escalas de arbitragem em
profissionais do eixo Sul-Sudeste é um tema cuja tecla tem sido
batida constantemente pela associação.
"A Copa do Nordeste mostrou que
a região tem muitos talentos, assim como o Norte e o Centro-Oeste
vêm revelando bons profissionais. O que está claro para nós é que
esses árbitros e assistentes precisam de oportunidades para mostrar
o seu trabalho. Quanto mais matéria-prima tivermos para trabalhar e
desenvolver a nossa arbitragem, melhor para o futebol" - conta
Valentim.
Em números absolutos, apenas 12
profissionais da região Norte, segunda maior do país, foram
escalados para trabalhar durante todo o primeiro turno da Série A do
Brasileirão. Enquanto isso, Jorge Eduardo Bernardi, do Rio Grande do
Sul, por exemplo, foi assistente em pelo menos 10 jogos disputados.
O estado com o maior número de
profissionais apitando um jogo foi o de São Paulo (91), seguido de
Rio Grande do Sul (75) e Minas Gerais (54). Em contrapartida, se
somados Alagoas, Bahia e Distrito Federal, últimos posicionados no
ranking de escala, chegaram a ter apenas 74 representantes, entre
árbitros e assistentes, nas partidas.
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Salmo Valentim, presidente da ANAF -
Crédito: Marçal |
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Ainda segundo o presidente da
Anaf, os critérios na escolha da arbitragem de cada partida não são
transparentes e por isso, é necessário tornar claro os parâmetros
utilizados, permitindo entender o porquê de alguns estados e
profissionais terem tantas oportunidades na Série A em detrimento de
outros.
"Acredito que exista um certo
receio em ousar com novos nomes na Série A. Tanto por falta de
conhecimento como de confiança em profissionais que estão
despontando em regiões fora do eixo. Temos defendido que os membros
da Comissão Nacional viagem e assistam às partidas in loco para que
possam fazer a análise correta de árbitros e assistentes. Outra
medida seria integrar a atual Comissão com membros oriundos de
outras regiões. Seria muito útil para buscar quem está se destacando
local ou regionalmente em todo o país."
Não bastasse o baixo
aproveitamento dos profissionais, 12 estados não tiveram
absolutamente nenhum árbitro nas escalas, 10 não tiveram assistentes
e 14 não tiveram VAR ou AVAR. Entre os estados "escanteados" pela
Série A, 43% são do Norte e 36% do Nordeste.
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O primeiro turno da Série A
revelou também que, além da concentração de equipes do eixo
Sul-Sudeste na elite do futebol, as escalas dos profissionais que
trabalham durante as partidas está restrita a poucos membros do
quadro nacional. Em 183 partidas, só 38 árbitros e 74 assistentes
foram escalados. Diferentemente da Série B, que deu chances a 71
árbitros e 155 assistentes.
Veja abaixo os números
Credito: Ilustração ANAF
Por: Bruno Fernandes – Fonte: Uol Esportes