Publicidade

 

 
    São Paulo - 14/09/2022    08:017hs

ANAF denuncia CBF no Ministério Público por ameaças aos árbitros ligados à entidade

Denúncia aponta que CBF tentará "acabar com carreira" de associados da ANAF; CBF nega denuncias e questiona legitimidade da representante dos árbitros

Seneme e Ednaldo Rodrigues conversam na sede da CBF, no Rio - Foto: Divulgação/CBF
Publicidade

Segundo os portais Tribuna do Apito (leia) e Lancenet (leia), a CBF, por meio de Alício Pena Júnior - ex-árbitro FIFA e ex-presidente interino da comissão de arbitragem -, estaria ameaçando árbitros que são associados ou contribuem de alguma forma com a Associação Nacional dos Árbitros de Futebol.

De acordo com documento protocolado pela ANAF no Ministério Público do Trabalho, que o Apitonacional teve acesso, denunciando a manobra, Alicio estaria aliciando os árbitros com ameaças fortes, como por exemplo a de "acabar com as carreiras" dos associados e contribuintes da entidade representante dos árbitros.

“A CBF, através do Alício Pena Júnior, estava ligando para os árbitros questionando se eram associados da ANAF ou não. Quando respondiam que sim, eram intimidados a deixar de contribuir com a associação sob pena de serem excluídos do quadro da CBF e não serem mais escalados nos torneios por ela realizados” - Salmo Valentim, presidente da ANAF.

Após a confirmação da denúncia, o departamento jurídico da Associação dos Árbitros ingressou com ação no Ministério Público do Trabalho (MPT), para apurar as denúncias.

O representante dos árbitros explicou que os profissionais do apito estão com medo da situação.

“A categoria segue acuada, com medo. Perdeu sua vontade de atuar e tudo isso é reflexo do que ocorre fora de campo. Nós não só temos legitimidade, como iremos à justiça sempre que ações lamentáveis como essa busquem macular a arbitragem brasileira, que infelizmente chegou ao pior momento de sua história” - afirmou Valentim.

Alicio Pena Junior - Crédito: Laís Torres/CBF

CBF NEGA ACUSAÇÕES

Em nota, a CBF negou que haja qualquer tipo de ameaça e provas das supostas intimidações aos árbitros e questionou a relevância e a representatividade da Associação Nacional dos Árbitros.

Fontes ligadas a entidade, nos bastidores, alegam que praticamente não há árbitros no quadro nacional filiados à ANAF (atualmente são 642 árbitros e assistentes no quadro da CBF). Já o presidente Salmo Valentim enfatiza que possui as provas das ameaças e informa que dos 312 associados da entidade que preside, a maioria está na Série A -.

As duas instituições estão em 'clima de guerra' há meses, desde quando Ednaldo Rodrigues assumiu a presidência da CBF e Wilson Seneme a comissão nacional de arbitragem. A ANAF reclama da interrupção de repasses financeiros, que pararam de acontecer em março de 2022, e desde então vem travando uma briga jurídica contra a Confederação Brasileira de Futebol.

A CBF busca manter distância da associação e desconsidera as críticas. Em relação aos pagamentos interrompidos, a Confederação, que recebe cerca de 22 milhões de reais ano através de patrocínio nas camisas dos árbitros, julga desnecessário manter os repasses.

Confira abaixo, na íntegra, o comunicado enviado da ANAF:

Recebemos a denúncia de que a CBF, através de Alício Pena Júnior, estaria contatando os árbitros, propondo a categoria boicote a sua entidade de classe, os ameaçando de “acabar com suas carreiras” caso permaneçam em nosso quadro colaborativo, sendo assim impedidos de exercer sua profissão: árbitro de futebol.

Diante da gravidade de tais denúncias, informamos que tomaremos as medidas necessárias para que o Ministério Público do Trabalho, na qualidade de órgão competente para tanto, possa apurar a veracidade de tais fatos.

A arbitragem brasileira chegou ao CTI. Clubes, federações, torcedores e os próprios árbitros estão reféns de uma comissão despreparada que através do autoritarismo busca uma autonomia que não existe. Os árbitros entram em campo pressionados. Membros da equipe de Wilson Seneme tentam a todo momento desestabilizar a categoria ao invés de conter a crise com ações que busquem melhorar seu desempenho no campo de jogo.

A categoria já não agüenta mais ser tratada como lixo, pois é exatamente assim que muitos árbitros se sentem pelos “donos da CBF”, que fazem o que querem achando que estão acima da Lei.

Como representante legal dos árbitros brasileiros, a ANAF vai continuar trabalhando para que a arbitragem seja independente, profissionalizada e se livre de uma vez por todas da CBF, caso contrário o estrago pode ser ainda pior deixando de estampar a mídia esportiva, passando ser manchete policial.

Salmo Valentim
Presidente da ANAF

Salmo Valentim - Crédito: Marçal

Veja abaixo na íntegra, a nota da CBF:

A Comissão de Arbitragem da CBF nega as acusações feitas pela Anaf. A entidade, por meio do presidente Wilson Seneme, garante que não há nenhuma interferência política na escalação dos profissionais e que todos os processos são tratados apenas e exclusivamente por quesitos técnicos.

No cargo desde abril, a nova comissão de arbitragem tem dado total autonomia à classe, sem impor limites ou restrições a nenhum profissional filiado a qualquer associação. A comissão também tem trabalhado por melhorias, como treinamentos e qualificações para os árbitros.

A CBF também não reconhece a legitimidade da Anaf, que tem feito uma série de levantamentos sem fundamento. Nos últimos meses, o grupo anunciou uma greve geral da arbitragem que nunca se concretizou por não ter apoio da categoria.

As falsas acusações do grupo se tornaram recorrentes desde a posse do novo presidente Ednaldo Rodrigues, em março, que cortou o repasse de R$ 30 mil para a Anaf.

O pagamento foi interrompido pela atual administração da CBF por não existir nenhum contrato que justificasse o pagamento.

Denuncia no MPT

A Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (ANAF) protocolou denuncia no Ministério Publico do Trabalho do Rio de Janeiro em desfavor da Confederação Brasileira de Futebol - CBF e de Alicio Pena Junior, funcionário da referida entidade, que compõe a Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol.

Na ação, a entidade dos árbitros fundamenta ter recebido informações de vários árbitros alegando terem recebidos ligações do Sr. Alício Pena Júnior perguntado se eram associados da ANAF e que, quando a resposta era positiva, determinava que o mesmo deixasse de contribuir imediatamente com a Associação, sob pena de exclusão dos quadros da CBF.

Segundo o documento, o que se pode observar diante do ato praticado pelo funcionário da CBF é que este tenta, através de coação (consubstanciado no art. 22 do CP) e ameaça (consubstanciado no art. 147 do CP), promover o esvaziamento de entidade de associação profissional, cometendo assim o crime de atentado contra a liberdade de associação, previsto no art. 199 do CP.

O documento diz ainda que a CBF, através de ameaças e coação, toca no ponto franco dos árbitros, que é a perda financeira e a impossibilidade de exercer a profissão de árbitro de futebol, regulamentada pela Lei nº 12.867/13, subjugando assim a classe aos interesses da CBF e requer a apuração dos fatos narrados e, em sendo constatada a veracidade da presente denúncia, que seja distribuída ação civil pública, requerendo o reconhecimento, de que a CBF, através de seu representante, o Sr. Alício Pena Júnior, praticou os crimes de atentado contra a liberdade de associação; atentado à liberdade de trabalho; ameaça, bem como que seja a denunciada condenada por dano moral coletivo.

A ação requer ainda condenação dos denunciados por crimes de atentado contra a liberdade de associação (art. 199 CP); atentado à liberdade de trabalho (art. 197 CP); ameaça (art. 147 CP) e coação (art. 22 CP), bem como a pagar dano moral, em valor fixado pela justiça.

Veja abaixo trechos da denuncia.

Trecho denuncia ANAF no MPT - Crédito: ANAF

 

Siga o Apitonacional nas redes sociais

Facebook.com/apitonacional

Twitter.com/apitonacional

Instagram/

Apitonacional, compromisso só com a verdade!

Publicidade

 

 

Copyright © 2009     -     www.apitonacional.com.br ® Todos os direitos reservados