Por Erivan Monteiro -
jpjornal.com.br
A publicitária, pedagoga e
estudante de educação física Franciele de Moraes, a Fran Moraes,
atua há um ano e seis meses na AAPR (Associação de Árbitros de
Piracicaba e Região) como árbitra-assistente. Em sua função, ela já
passou por alguns momentos de tensão à beira do campo de futebol,
mas afirma que nunca sofreu agressão física por parte dos jogadores.
Em um esporte majoritariamente
masculino, ela tenta se impor com sua capacidade para bandeirar as
partidas e tem feito um bom trabalho. “No sentido de machismo, nunca
passei nenhum tipo de constrangimento pelos jogadores; nós recebemos
reclamações é claro, mas isso acontece em todos os gêneros”, diz.
Fran conta que a grande maioria
dos atletas sabe respeitar a autoridade em campo. E, no caso das
mulheres, eles mesmos são os primeiros a protegê-las.
“Em algumas partidas, jogadores
já vieram ‘pra cima’, mas para cada um covarde que há no campo, há
pelo menos outros 21 para nos defender; então nunca sofri agressão
física”, declara ela.
“Quanto às torcidas sim. A
cultura brasileira, infelizmente, é habituada a ofender a
arbitragem”, lamenta. “E nós, como mulheres, sofremos não apenas com
questionamentos de lances, mas também com assédio moral e sexual
vindo da torcida. Lógico que não são todos os jogos, felizmente é a
minoria, mas acontece sim”, revela Fran.
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"Mais do que um esporte, o futebol e a
arbitragem são um estilo de vida" - Fran Moraes - Crédito:
Facebook |
Além disso, a “bandeirinha” conta
que as profissionais do apito ainda sofrem com a falta de uma
estrutura adequada para elas no futebol amador. “Os campos não são
projetados para receber mulheres; não temos banheiro feminino e
vestiário para árbitras”, conta Fran, que também é coordenadora
pedagógica da Escola João Paulo de Araújo, o Centro de Formação da
AAPR.
O lado bom, diz ela, é que também
existe a curiosidade, os afagos e a força que ganham de mulheres e
homens. “Ao mesmo tempo que temos olhares de preconceito quando
chegamos no campo, também recebemos elogios de mães de jogadores;
olhares de admiração de meninas na torcida e respeito da maioria dos
jogadores e técnicos”.
Hoje, existem 15 árbitras atuantes
na AAPR, mas a maioria atua como mesária, a responsável pela súmula
do jogo. São as profissionais que registram o nome, o número, os
cartões e os gols, além de recolher assinaturas dos capitães, entre
outras atribuições.
Uma delas é Camila Urbano Passeri
Limongi, que garante ter o respeito dos atletas durante seu
trabalho. “Na verdade, nunca sofri com diferença por ser mulher. Em
raras exceções, há os que não respeitam, mas nada por ser mulher”,
explica Camila.
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Fran em dia de chuva e na ponta dos
pés - Foto crédito: @botaopausa/Facebook |
EVOLUÇÃO
A abertura do futebol para as
mulheres é nítida, se compararmos com a situação vivida há duas,
três décadas... “Nessa época, nem se ouvia falar em arbitragem
feminina e a profissão jogadora era inaceitável”, lembra Fran.
“Hoje temos uma visão muito
diferente, graças a craques da bola, como Marta, Formiga, Sissi e
tantas outras. O futebol feminino conquistou o seu espaço, e na
arbitragem temos o antes e depois de Edina (Alves). E outros nomes,
como Neuza Bach, Daiane Muniz, Fernanda Colombo, que abriram os
olhos da sociedade para aceitar nosso lugar” - finaliza Fran
Moraes.
As informações são do
JP o seu Jornal - Piracicaba