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 27/08/2019    15:02hs

Árbitro da várzea, o profissional mais desrespeitado da historia do futebol

Crédito: Na Batida do Esporte

Nivaldo de Souza, mais conhecido como Nivaldão, encerrou, em julho, a carreira de árbitro amador em Araxá aos 67 anos
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Checando os e-mails recebidos e arquivados, o Apitonacional se deparou com esta mensagem recebida anonimamente em fevereiro de 2018. O texto é brilhante e retrata a vida nua e crua de uns dos profissionais mais desrespeitados na historia do futebol, o árbitro amador.

Leia o texto abaixo.

Eu sou um árbitro, mas não sou um árbitro profissional, destes que apitam ou bandeiram jogos profissionais, que ganham seu dindin recheadinho, com diárias, passagens, hospedagem, transporte. Não, não sou um destes árbitros não, desses que erram também, às vezes muito mais do que muitos parceiros que estão no mesmo barco, nos jogos amadores ganhando uma ninharia, esperando as vezes 30 dias para receber pelo jogo realizado!

Não aparecemos na mídia como eles, não temos status como eles, mas somos pessoas como eles, somos pessoas como qualquer membro de uma equipe, somos pessoas como o atleta que nos xinga, como o torcedor que nos ofende, que as vezes nos joga cerveja nas costas (ou outra coisa), que nos ameaça a integridade. Muitos atletas amadores às vezes ganham mais que eu e meus amigos e erram, erram gols, fazem faltas grosseiras, tomam frangos e acaba justificando a derrota a nós árbitros!

Nossa vida, ah, nossa vida é meio complicada. Saímos de casa, deixamos nossa família, esposa, filhos, as vezes netos, para ir ao campo de futebol em um dia que poderia muito bem ser um dia de lazer ou de repouso, de comer aquela macarronada no almoço, dormir a tarde, ver um jogo pela TV tomando uma cervejinha, mas preferimos ir aos campos pelo esporte e também para ganhar um dinheirinho e acrescentar no orçamento.

Estrangulamento do árbitro Edésio Weber ocorrido em 2013 durante partida da Copa Sul dos Campeões da região Sul de SC

Não, não pensem que vivemos disso, ajuda sim, mas ajuda para comprar o pãozinho para as crianças durante a semana e não pra fazer uma churrascada, ah isso não dá. Não pensem que é uma fortuna, pois não é! Cada um de nós tem outras coisas, outras profissões, somos motoristas, somos operários, somos pedreiros, pintores, enfermeiros e tantas profissões possíveis, mas neste dia, somos árbitros, temos decisões a serem tomadas em segundos, decisões que podem definir uma partida de futebol e na maioria das vezes essas decisões são tomadas no meio de pressão, no meio de ameaças, mas mesmo assim, tomamos as decisões!

Escolhemos ser árbitros por um simples motivo, pelo amor ao esporte, e pela ajuda financeira que isso nos traz, é fato! Muitas vezes aceitamos fazer jogos piratas (amistosos) por um preço mais barato a fim de ajudar aqueles que irão nos pagar e não pelo dinheiro em si, embora uma migalhinha aqui, outra ali, acaba engordando o orçamento. Mas, honestamente, tem gente que acha que esta pagando uma fortuna (50 ou 100 reais dividido por 22 jogadores, míseros 2,50 ou 5,00 de cada um, dinheiro de cachaça) e se acha no direito de ofender e é claro, a chance de levar um soco na cara por não ter punição alguma é enorme! Vale a pena meus caros amigos?

 

Um dinheiro que poderia ser abençoado acaba sendo amaldiçoado por quem deveria agradecer por haver pessoas como nós, comprometidas, que com chuva ou com sol, estará lá, a beira do campo uniformizado aguardando as equipes.

Eu digo, o que mais precisamos hoje em dia é RESPEITO, respeito ao próximo, respeito ao SER HUMANO, independente de ser árbitro ou ser outra coisa. É preciso respeitar para ser respeitado, é preciso ter consciência que todo mundo na pressão não faz nada bem feito, inclusive quem apita um jogo de futebol, o esporte de tradição, mas com pouca cultura, alias, a cultura que mais se cultiva nesse esporte é que a derrota SEMPRE SERÁ CULPA DA ARBITRAGEM!

Crédito: Imagens do Verdadeiro Futebol Amador

Queria muito ver um dia em que não terá futebol por não ter árbitros, quem sabe teremos o valor que merecemos.

Por: Autor desconhecido

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