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    São Paulo - 03/02/2023    08:16hs

Atualizado - 04/02/2023    11:33hs

Árbitros reclamam de maus-tratos, favorecimentos e perseguição na arbitragem mineira

Márcio Santiago, vice que mandaria de fato na CEAF, é acusado de maus-tratos e perseguição com alguns árbitros e de favorecimentos para outros

Juliano Lopes Lobato e Márcio Eustáquio Santiago, presidente e vice da CEAF/MG - Crédito: Reprodução Twitter
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A comissão de arbitragem da Federação de Futebol de Minas Gerais, comandada pelo ex-árbitro e atual Vereador de Belo Horizonte, Juliano Lopes Lobato, mas, segundo informações, comandada de fato pelo vice Márcio Eustáquio Santiago, perdeu de vez a mão e vem mostrando, através do dia a dia e das escalas, toda sua incompetência.

Pelas informações, a CEAF mineira inexiste de fato como deveria devido aos compromissos políticos do presidente que deixa tudo nas mãos do vice que seria o dono da primeira e última palavra em relação a arbitragem em Minas Gerais.

Suspenso antes do seu início pelo presidente do STJD, Otávio Noronha, acatando liminar do Betim (medida inominada), que acusou o Ipatinga de ter falsificado assinaturas de jogadores para inscrever a tempo atletas no Módulo II do ano passado, o Campeonato Mineiro entra neste fim de semana na terceira rodada e em dezesseis jogos até aqui, pelo menos um árbitro e um assistente já foram escalados em dois jogos na "mesma rodada". Na segunda rodada, o árbitro Marco Aurélio Fazekas atuou como VAR no jogo Cruzeiro x Athletic no sábado e apitou o jogo entre América e Vila Nova no Domingo. Já a assistente FIFA Fernanda Nandrea Gomes atuou nos mesmos dois jogos, assistente no jogo Cruzeiro e Athletic e AVAR em América e Vila Nova.

Integrantes do quadro estão revoltados com a situação e consultados, alguns deles, na condição de anonimato temendo represálias, disseram achar absurdo árbitros e assistentes experientes ficarem de fora das escalas enquanto outros, mais próximos da comissão, sendo escalados em dois jogos da mesma rodada.

Os árbitros também relataram a aposentadoria compulsória dos assistentes Breno Rodrigues e Luiz Antônio Barbosa, que na opinião deles eram bons assistentes, mas sem qualquer motivo foram retirados do quadro, encerraram a carreira e não quiseram mais continuar com essa comissão no comando.

A insatisfação atinge quase todo o quadro e muitos já não escondem o descontentamento com a comissão pela forma como são tratados e tem até que diga que o quadro mineiro atual vive em um regime de ‘ditadura militar’. Em off, um árbitro disse que a comissão tem um presidente que não exerce sua função, que só quer saber de dinheiro e usar a federação para fazer campanha política e um vice que acha que é melhor que todo mundo, além de ser extremamente arrogante, sistemático e que não agüenta ser contrariado.

Segundo ainda este árbitro, o vice Márcio Santiago, teria desrespeitado dois assistentes do quadro CBF durante treinamentos de VAR na pré-temporada e na sede da FMF. Um deles, Rodney Faria Lima, durante a pré, teria sido mandado sair da sala, após desavença com Santiago e após a humilhação perante seus colegas, se recolheu chorando para seu quarto. O assistente Ricardo Junio de Souza foi outro que também teve sérios problemas com Santiago. Durante um treinamento de VAR na sede da FMF, o vice teria alterado o tom de voz a ponto de o assistente se retirar da sala e ir embora para a situação não evoluir para um bate-boca. Como resultado, o árbitro foi para a geladeira não aparecendo em nenhuma escala até a rodada deste fim de semana.

As reclamações também mencionam a falta de condições de trabalho, defasagem nas taxas de arbitragens e falta de uniformes.

“Nós não temos agasalho para trabalhar. A gente trabalha no VAR, no ar condicionado, num frio danado e não temos agasalho para nos proteger. Corremos riscos de doenças respiratórios devido a diferenças de temperatura no ar livre e dentro da cabine que é um gelo” – relatou um dos árbitros que acrescentou:

“A comissão não tem coragem de pedir agasalho para quem atua na cabine pelo VAR e para piorar, faz quatro anos que não temos aumentos nas taxas de arbitragens” – encerrou o árbitro.

Juliano Lobato e Márcio Santiago observando treinamento na sala do VAR - Crédito: FMF

As reclamações não param por aí.

“Como cobrar escalas na CBF se aqui na própria casa ele (Santiago) repete os mesmos árbitros em dois jogos. Não sabem ou não querem escalar por vaidade, deixando árbitros experientes de fora e com muita qualidade, melhor até dos que estão trabalhando. Sem contar que a maioria do quadro da CBF não agüenta mais a atual comissão” – disse um dos árbitros consultado.

“Eles agridem verbalmente árbitros em público, ameaçam e ofendem qualquer um que cobrar alguma coisa. A pré-temporada foi um vexame, todos os treinamentos atrasaram, não tinha programação para todos os dias, foi um fiasco e a Federação investindo milhões com o VAR e sem nenhuma qualidade para ensinar os árbitros” – disse outro árbitro que acrescentou:

“A comissão está mudando o jeito de trabalhar, não usa mais a mesma linha que a CBF, inventaram um tal de cartão laranja, que é para aplicar antes do vermelho. Muito dinheiro investido à toa e o presidente da comissão só quer saber de "Politicar" querendo ganhar votos. Se o presidente da FMF não ficar esperto vai cair junto com a comissão” – encerrou o árbitro.

O que eles disseram

Procurado para que se pronunciasse sobre as denúncias, o presidente da CEAF/MG, Juliano Lobato, dando razão as reclamações, principalmente a de que a CEAF é comandada pelo vice, não retornou até o fechamento desta matéria. Já Márcio Santiago, respondeu o contato e serenamente explicou fatos e rebateu as denúncias.

Cobranças

O dirigente admitiu as cobranças, mas de forma educada e salienta que também é cobrado.

“Eu fiquei na FIFA durante 8 anos e no quadro mineiro desde 94. Eu sempre tive uma linha de obedecer e respeitar a hierarquia e a disciplina cumprindo o que me era designado para poder chegar onde cheguei e isso é obrigação do árbitro".

“Eu sempre trato todo mundo bem, com respeito. Eu estou na comissão, não sou comissão de arbitragem e como comissão eu tenho o dever de receber as ordens da presidência e cobrar. O investimento da federação é muito alto, é a segunda federação no país a ter VAR em todo campeonato (somente a paulista e a mineira adotam o uso do VAR desde o início do campeonato), a cobrança pra cima da comissão é muito grande e temos que dar retorno. Eu não estou aqui pra atrapalhar a vida de ninguém, agora cobrar eu vou cobrar, porque lá em cima me cobram muito".

Breno Rodrigues - Fonte: FMF
  Breno Rodrigues: "Entra no perfil das escalas dele, ele trabalhou muito pouco e não estava correspondendo e se tem deficiência técnica, ele não pode continuar no quadro, tem que sair".
 
Ricardo Junio - Fonte: FMF
 

Ricardo Junio de Souza: “Durante o treinamento ele questionou uma orientação sobre entrada temerária enquanto todos os outros concordaram. Ele ficou nervoso e saiu do treinamento e depois saiu do grupo de orientações e escalas do campeonato mineiro. Não é justo uma pessoa que confrontou algumas situações, que saiu do grupo de escalas concorrer com outros que fizeram tudo normal. Não pode, se não você perde o grupo. Ele pediu desculpas e retornará as escalas

quando a comissão achar necessário".

Escalas

"Com exceção de Ricardo Junio pelo já explicado, está todo mundo com praticamente mesmo número de jogos. A única diferença é que o Fazecas e a Fernanda atuaram na mesma rodada no campo e na cabine pela qualidade de ambos nas duas funções e eu precisei para dar suporte em determinada partida ao árbitro de campo e em outra partida na cabine quando lancei um novo VAR" - encerrou o dirigente.

Atualizado 04/02/2023 às 11:33hs

Após a publicação da matéria, o assistente Ricardo Junio enviou o seguinte texto ao Apitonacional:

"Boa tarde, peço encarecidamente, conforme dito na matéria, que publique meu pronunciamento sobre o assunto abordado na matéria.

Sobre o fato ocorrido, entre eu e o senhor Márcio Santiago, esclareço que não houve nada de mais, apenas uma discussão normal sobre um determinado lance, onde eu não estava em um dia bom e acabei ficando de cabeça quente. Não houve desrespeito em nenhuma das partes, apenas avisei que estava indo embora. Tenho muito respeito por toda a comissão de arbitragem da FMF, formada pelo Juliano, Renato e o Márcio Santiago. Já, por ter saído do grupo de Wattsap, foi porque no mesmo dia informei a comissão que estaria viajando de férias com a família para esfriar a cabeça, pois estava à mais de 20 dias em curso na FMF.

Por fim informo que já conversei com a comissão, me coloco a disposição e aguardo o retorno aos grupos e as escalas quando julgarem necessário.

Obrigado, pelo direito de resposta".

Ricardo Junio de Souza

Não conseguimos contatar Breno Rodrigues e Luiz Antônio Barbosa e esta matéria será atualizada caso algum deles entre em contato.

 

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