A comissão de arbitragem da
Federação de Futebol de Minas Gerais, comandada pelo ex-árbitro e
atual Vereador de Belo Horizonte, Juliano Lopes Lobato, mas, segundo
informações, comandada de fato pelo vice Márcio Eustáquio Santiago,
perdeu de vez a mão e vem mostrando, através do dia a dia e das
escalas, toda sua incompetência.
Pelas informações, a CEAF mineira
inexiste de fato como deveria devido aos compromissos políticos do presidente
que deixa
tudo nas mãos do vice que seria o dono da primeira e última palavra em relação
a arbitragem em Minas Gerais.
Suspenso antes do seu início pelo
presidente do STJD, Otávio Noronha, acatando liminar do Betim
(medida inominada), que acusou o Ipatinga de ter falsificado
assinaturas de jogadores para inscrever a tempo atletas no Módulo II
do ano passado, o Campeonato Mineiro entra neste fim de semana na
terceira rodada e em dezesseis jogos até aqui, pelo menos um árbitro
e um assistente já foram escalados em dois jogos na "mesma rodada".
Na segunda rodada, o árbitro Marco Aurélio Fazekas atuou como VAR no
jogo Cruzeiro x Athletic no sábado e apitou o jogo entre América e
Vila Nova no Domingo. Já a assistente FIFA Fernanda Nandrea Gomes
atuou nos
mesmos dois jogos, assistente no jogo Cruzeiro e Athletic e AVAR em
América e Vila Nova.
Integrantes do quadro estão
revoltados com a situação e consultados, alguns deles, na condição
de anonimato temendo represálias, disseram achar
absurdo árbitros e assistentes experientes ficarem de fora das
escalas enquanto outros, mais próximos da comissão, sendo escalados
em dois jogos da mesma rodada.
Os árbitros também relataram a
aposentadoria compulsória dos assistentes Breno Rodrigues e Luiz
Antônio Barbosa, que na opinião deles eram bons assistentes, mas sem
qualquer motivo foram retirados do quadro, encerraram a carreira e
não quiseram mais continuar com essa comissão no comando.
A insatisfação atinge quase todo o
quadro e muitos já não escondem o descontentamento com a comissão
pela forma como são tratados e tem até que diga que o quadro mineiro
atual vive em um regime de ‘ditadura militar’. Em off, um árbitro
disse que a comissão tem um presidente que não exerce sua função,
que só quer saber de dinheiro e usar a federação para fazer campanha
política e um vice que acha que é melhor que todo mundo, além de ser
extremamente arrogante, sistemático e que não agüenta ser
contrariado.
Segundo ainda este árbitro, o vice
Márcio Santiago, teria desrespeitado dois assistentes do quadro CBF
durante treinamentos de VAR na pré-temporada e na sede da FMF. Um
deles, Rodney Faria Lima, durante a pré, teria sido mandado sair da
sala, após desavença com Santiago e após a humilhação perante seus
colegas, se recolheu chorando para seu quarto. O assistente Ricardo
Junio de Souza foi outro que também teve sérios problemas com
Santiago. Durante um treinamento de VAR na sede da FMF, o vice teria
alterado o tom de voz a ponto de o assistente se retirar da sala e
ir embora para a situação não evoluir para um bate-boca. Como
resultado, o árbitro foi para a geladeira não aparecendo em nenhuma
escala até a rodada deste fim de semana.
As reclamações também mencionam a
falta de condições de trabalho, defasagem nas taxas de arbitragens e
falta de uniformes.
“Nós não temos agasalho para
trabalhar. A gente trabalha no VAR, no ar condicionado, num frio
danado e não temos agasalho para nos proteger. Corremos riscos de
doenças respiratórios devido a diferenças de temperatura no ar livre
e dentro da cabine que é um gelo” – relatou um dos árbitros que acrescentou:
“A comissão não tem coragem de
pedir agasalho para quem atua na cabine pelo VAR e para piorar, faz quatro
anos que não temos aumentos nas taxas de arbitragens” – encerrou
o árbitro.
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Juliano Lobato e Márcio Santiago
observando treinamento na sala do VAR - Crédito: FMF |
As reclamações não param por aí.
“Como cobrar escalas na CBF se
aqui na própria casa ele (Santiago) repete os mesmos árbitros em
dois jogos. Não sabem ou não querem escalar por vaidade, deixando
árbitros experientes de fora e com muita qualidade, melhor até dos
que estão trabalhando. Sem contar que a maioria do quadro da CBF não
agüenta mais a atual comissão” – disse um dos árbitros consultado.
“Eles agridem verbalmente
árbitros em público, ameaçam e ofendem qualquer um que cobrar alguma
coisa. A pré-temporada foi um vexame, todos os treinamentos
atrasaram, não tinha programação para todos os dias, foi um fiasco e
a Federação investindo milhões com o VAR e sem nenhuma qualidade
para ensinar os árbitros” – disse outro árbitro que acrescentou:
“A comissão está mudando o jeito
de trabalhar, não usa mais a mesma linha que a CBF, inventaram um
tal de cartão laranja, que é para aplicar antes do vermelho. Muito
dinheiro investido à toa e o presidente da comissão só quer saber de
"Politicar" querendo ganhar votos. Se o presidente da FMF não ficar
esperto vai cair junto com a comissão” – encerrou o árbitro.
O que eles
disseram
Procurado para que se pronunciasse
sobre as denúncias, o presidente da CEAF/MG, Juliano Lobato, dando
razão as reclamações, principalmente a de que a CEAF é comandada
pelo vice, não retornou até o fechamento desta matéria. Já Márcio
Santiago, respondeu o contato e serenamente explicou fatos e rebateu
as denúncias.
Cobranças
O dirigente admitiu as cobranças,
mas de forma educada e salienta que também é cobrado.
“Eu fiquei na FIFA durante 8
anos e no quadro mineiro desde 94. Eu sempre tive uma linha de
obedecer e respeitar a hierarquia e a disciplina cumprindo o que me
era designado para poder chegar onde cheguei e isso é obrigação do
árbitro".
“Eu sempre trato todo mundo
bem, com respeito. Eu estou na comissão, não sou comissão de
arbitragem e como comissão eu tenho o dever de receber as ordens da
presidência e cobrar. O investimento da federação é muito alto, é a
segunda federação no país a ter VAR em todo campeonato (somente a
paulista e a mineira adotam o uso do VAR desde o início do
campeonato), a cobrança pra cima da comissão é muito grande e temos
que dar retorno. Eu não estou aqui pra atrapalhar a vida de ninguém,
agora cobrar eu vou cobrar, porque lá em cima me cobram muito".
Breno Rodrigues - Fonte: FMF |
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Breno
Rodrigues: "Entra no perfil das escalas dele, ele
trabalhou muito pouco e não estava correspondendo e se tem
deficiência técnica, ele não pode continuar no quadro, tem
que sair". |
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Ricardo Junio - Fonte: FMF |
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Ricardo Junio de Souza:
“Durante o treinamento ele questionou uma orientação
sobre entrada temerária enquanto todos os outros
concordaram. Ele ficou nervoso e saiu do treinamento e
depois saiu do grupo de orientações e escalas do campeonato
mineiro. Não é justo uma pessoa que confrontou algumas
situações, que saiu do grupo de escalas concorrer com outros
que fizeram tudo normal. Não pode, se não você perde o
grupo. Ele pediu desculpas e retornará as escalas |
quando a comissão achar necessário". |
Escalas
"Com exceção de Ricardo Junio
pelo já explicado, está todo mundo com praticamente mesmo número de
jogos. A única diferença é que o Fazecas e a Fernanda atuaram na
mesma rodada no campo e na cabine pela qualidade de ambos nas duas
funções e eu precisei para dar suporte em determinada partida ao
árbitro de campo e em outra partida na cabine quando lancei um novo VAR" -
encerrou o dirigente.
Atualizado
04/02/2023 às 11:33hs
Após a publicação da matéria, o
assistente Ricardo Junio enviou o seguinte texto ao
Apitonacional:
"Boa tarde, peço
encarecidamente, conforme dito na matéria, que publique meu
pronunciamento sobre o assunto abordado na matéria.
Sobre o fato ocorrido, entre eu e o senhor Márcio Santiago,
esclareço que não houve nada de mais, apenas uma discussão normal
sobre um determinado lance, onde eu não estava em um dia bom e
acabei ficando de cabeça quente. Não houve desrespeito em nenhuma
das partes, apenas avisei que estava indo embora. Tenho muito
respeito por toda a comissão de arbitragem da FMF, formada pelo
Juliano, Renato e o Márcio Santiago. Já, por ter saído do grupo de
Wattsap, foi porque no mesmo dia informei a comissão que estaria
viajando de férias com a família para esfriar a cabeça, pois estava
à mais de 20 dias em curso na FMF.
Por fim informo que já
conversei com a comissão, me coloco a disposição e aguardo o retorno
aos grupos e as escalas quando julgarem necessário.
Obrigado, pelo direito de resposta".
Ricardo Junio de Souza
Não conseguimos contatar Breno Rodrigues e Luiz Antônio Barbosa e esta matéria será
atualizada caso algum deles entre em contato.