Operação Cartola flagra árbitro CBF e ex-presidente de
comissão tentando fraudar prova teórica da CBF
Publicidade
A divulgação do material obtido pela Policia Civil e Ministério
Público da Paraíba na ‘Operação Cartola’ revelaram áudios que
indicam possível fraude na prova teórica da CBF 2018 naquele estado.
A relação intima entre o árbitro Renan Roberto e o então presidente
da comissão de arbitragem local, José Renato, ajudou na trama para a
obtenção do gabarito.
Nos áudios abaixo que obtemos com autorização da justiça,
mostraremos como foi o esquema utilizado pelos envolvidos para
enganar o instrutor CBF e obter com antecedência e sem autorização,
uma cópia da prova para repassar o gabarito aos outros membros do
esquema que responderam as questões. Segundo informações, a Polícia
Civil que na operação cartola apreendeu os celulares dos
investigados, já sabe quem recebeu este gabarito e segundo a
autoridade policial, quem participou da tramóia fazendo uso deste
ilícito, irá responder pelo crime de fraude em processo
seletivo.
No dia 16 de março de 2018, foi realizada em João Pessoa-PB, o teste
físico e a prova teórica da CBF com os árbitros do quadro nacional,
que inclusive foi matéria aqui no
Apitonacional (leia).
O Instrutor físico Gustavo Ferreira de Almeida, de Goiás, foi o
designado pela CBF para aplicar as provas, tendo como apoio a
federação local, na pessoa do ex-presidente da CEAF-PB José Renato
Soares.
No áudio abaixo, que consta como provas da ‘Operação Cartola’, Zé
Renato (como também é chamado o ex-presidente da Ceaf), conversa com
o árbitro Renan Roberto de Souza. A conversa deixa transparecer que
o instrutor designado pela CBF para dar os testes, foi induzido, de
forma intencional, a usar copiadora nas dependências da Retifica
Mundial, de propriedade de Zé Renato, para tirar copias da prova
teórica que seria dada logo depois aos árbitros do quadro CBF.
Ainda na mesma gravação, Renan orienta como deve ser feito para
obter copia do arquivo rapidamente sem ser notado pelo instrutor.
José Renato fala que queria que Renan estivesse na Retifica para
distrair o instrutor enquanto a funcionaria Cristiane obteria (sem
permissão) a cópia do arquivo (ouça abaixo).
Já na ligação seguinte, José Renato liga para Renan e confirma que a
secretária “escalada” para auxiliar o instrutor e obter
clandestinamente a cópia, teve êxito.
“Corre para cá que deu certo” – diz Zé. Renan responde que vai
almoçar, Zé Renato reclama que vai perder tempo e Renan solta
palavrão (vídeo abaixo).
Já em outra ligação minutos antes da prova, mas sobre o mesmo
assunto, Severino Lemos, ex-membro da comissão de arbitragem, liga
para José Renato e passa o gabarito da prova de uma forma que possa
ser de decorado: ‘BACCA, BACCA, AACD...’ (áudio abaixo).
O fato lamentável é que árbitros que estudaram muito para serem
aprovados e outros tantos reprovados agindo de forma lícita, sem
subterfúgios, estão se sentindo enganados. Outro ponto é a
fragilidade da CBF em seu processo de avaliação. É fato que na
Paraíba houve exagero, algo semelhante a gangues que fraudam exames
do Enem, mas em outros estados temos a informação que as avaliações
são feitas sem qualquer medida de segurança antifraude e a famosa
‘cola’ – quando um aluno passa o resultado para o outro - é
praticamente liberada, pois a própria CBF relaxa na fiscalização
temendo que um índice alto de reprovação inviabilize suas escalas.
Nota do apito:
O comportamento da dupla que está nos áudios, já era
conhecido de longa data, pois o Apitonacional avisou com bastante
antecedência à membros da CA-CBF como Alicio Pena Junior, Sérgio
Corrêa e Edson Rezende sobre o comportamento dos mesmos, com fatos e
até provas, como no caso do atestado (leia matéria exclusiva) de Renan
Roberto que na gestão Sérgio Corrêa não atuava, mas foi ressuscitado
na era Marinho/Alicio.
Agora fica a dúvida, por que a CBF não tomou as providências antes?
Já que tinha tantas denuncias contra os dois.
Além da maioria dos árbitros da Paraíba, estado alvo, três árbitros
do quadro CBF apareceram nas investigações da ‘Operação Cartola’. Um
deles, o alagoano Francisco Carlos do Nascimento, já é do
conhecimento de todos, mas tem ainda um de Sergipe e outro do
Maranhão, sobre os quais seguem as investigações.
Consultada, mesmo com a divulgação dos áudios, a CBF lavou as mãos
dizendo através de seu presidente da escola de arbitragem, Nilson
Monção, que vai aguardar o resultado das investigações.
Não é de se estranhar o atual baixo nível da arbitragem brasileira
que pelo visto começa pela omissão dos dirigentes.
Foto: CBF
"Vamos
aguardar o término das investigações".
Nilson
Monção