Crédito: Antônio Cícero/Gazeta Press |
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A Operação Cartola, aquela que figuras
de destaque do mundo esportivo e político da Paraíba foram
envolvidas, e cujos ecos ressoaram por todo país de forma nada
republicana, revelando possibilidades de participação de autoridades
como o governador Ricardo Coutinho, ganhou tal projeção que invadiu
os muros dos quartéis da Polícia Militar levada pela figura de um
dublê de soldado e árbitro de futebol.
Envolvido até o pescoço nas maracutaias que a Operação desnudou, o
soldado Renan Roberto aparece como uma das figuras chaves do esquema
de manipulação de resultados no futebol paraibano, segundo as
investigações conduzidas pela Polícia Civil e pelo Ministério
Público.
O soldado é o tipo acabado do militar que se considerada blindado
pelos superiores e que acredita tanto na impunidade ao ponto de
sacar armas e ameaçar desafetos com a naturalidade de quem oferece
um paliteiro nas mesas de bar, episódio que foi registrado em
boletim de ocorrências, numa delegacia pelo presidente do Auto
Esporte Clube, ex-vereador Wateau Rodrigues, depois de uma discussão
com o dublê sobre sua atuação em uma partida do clube do povo, na
interpretação do dirigente automobilista altamente suspeita como
comprovariam depois as investigações.
Mas como o inquérito foi arquivado por determinações superiores e os
delegados responsáveis pelas investigações exonerados assim que o
nome do governado foi citado por um dos principais suspeitos, o
vice-presidente de futebol do Botafogo, Breno Morais, nada mais
natural que a situação do soldado e árbitro também fosse amenizada
por seus superiores como terminou acorrendo em seguida.
O escândalo envolvendo o soldado no maior esquema de corrupção da
história do futebol paraibano irrompeu dentro da corporação como uma
bomba de mil megatons e abalou as estruturas do Comando Geral depois
que um relatório pedindo abertura de Conselho Disciplinar para o
infrator foi transformado em punição disciplinar com cinco dias de
prisão, o máximo que seu superior imediato vislumbrou como castigo
para tão graves transgressões.
O soldado Renan Roberto goza de imenso prestígio junto aos
superiores e a punição imposta pelo coronel Ronildo, comandante do
Centro de Ensino da PM, em Mangabeira, foi corroborada pelo
sub-comandante geral Almeida Rosas e pelo comandante geral Euller
Chaves numa clara demonstração que a Operação Cartola não mereceu a
menor credibilidade junto a alta cúpula da instituição depois que o
nome do governador foi ventilado por um dos acusados.
Crédito: Diário do Sertão |
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Cel. José Ronildo Souza da Silva |
E é tão grande o prestígio do dublê
junto aos altos escalões da PM que ele não se constrangia nem
encontrava a menor dificuldade em apresentar atestado médico para
faltar à escala de serviço e logo em seguida aparecer apitando
partidas do campeonato paraibano, aquelas onde os resultados já
estavam antecipadamente determinados e as quais o governador teria
sugerido que seriam para comprar, mesmo, certos jogos de interesse
dos clubes paraibanos.
E para não restar dúvidas quanto ao imenso prestígio do subordinado
junto aos superiores, Renan também recebia remuneração extra, mas
não exercia os plantões determinados, ganhando na mamata como se
costuma dizer na gíria dos malandros.
Fica claro e mais do que transparente que as investigações
conduzidas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público foram
completamente desprezadas pelas autoridades da Polícia Militar numa
demonstração de cumplicidade com o esquema criminoso que causa
estarrecimento e perplexidade e desmoraliza completamente o discurso
de moralidade que impregnava essa gestão de Ricardo Coutinho pego
com as calças arriadas em vídeos e áudios onde enaltece sua amizade
com protagonistas do esquema criminoso revelado pela Operação
Cartola.
Essa mentalidade - e práticas pouco ortodoxas - pode estar
preparando as malas para se aboletar no novo governo transferindo
para gestão de João Azevedo vícios que não se coadunam com o tom
republicano que infestam os discursos socialistas.
E para quem não sabe, o coronel José Ronildo Sousa da Silva é
candidato a presidente do Clube dos Oficiais por instigação e
orientação do comandante geral Euller Chaves e deve incluir na sua
proposta administrativa para a entidade essa política de
amaciamento, tolerância e cumplicidade com fatos escabrosos como
esse onde um policial apontado com fartura de provas em participação
num esquema criminoso recebe como punição cinco dias de prisão.
E durma-se com um barulho deste.
Fonte:
www.jampanews.com
Nota do Apitonacional
Em outubro de 2016, denunciamos aqui (leia
a matéria) que Renan Souza teria atuado em competição da CBF
mesmo estando de atestado medico na Policia Militar da Paraíba.
Com o tornozelo torcido em uma
atividade interna, Renan ficou afastado da corporação até o dia 25
de setembro conforme atestado enviado à CBF. Dois dias depois,
obteve novo atestado, desta vez de um oftalmologista, mesmo o
problema inicial tendo sido no tornozelo. A nova licença médica
valia pelo período de 26/09 a 10 de outubro, mas este não foi
informado ou repassado à CBF que o escalou no dia 08/10/2016 na
partida Vasco da Gama x Londrina pela Série B do Campeonato
Brasileiro. Segundo informações de um integrante do trio de
arbitragem daquela partida, Renan parecia uma múmia de tantas faixas
que utilizou no tornozelo para poder atuar além de visivelmente ter
dificuldade de locomoção e mancar durante a partida.
Na época que publicamos a matéria,
Renan negou a existência do segundo atestado. Tempos depois
conseguimos, com exclusividade, cópia do documento (Concessão de
Dispensa e Licença) assinado pelo oftalmologista Dr. Petrucci
Palitot, especialista em Oftalmologia pelo Conselho Federal de
Medicina e oftalmologista Concursado do Quadro de Oficiais da Saúde
da Polícia Militar do Estado da Paraíba (veja abaixo).