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 24/04/2019    15:06hs

Escola Paulista de Arbitragem quer que alunos trabalhem de graça

Estagiários atuariam ‘gratuitamente’ no torneio paulista de base do futebol feminino que recebe 1.5 milhão de incentivo financeiro do Governo Federal

 

A Escola de Árbitros Flávia Iazeti (EAFI), da Federação Paulista de Futebol (FPF), enviou e-mail aos alunos da Escola Paulista de Arbitragem solicitando que os mesmos atuassem gratuitamente, sem taxas ou qualquer tipo de auxílio de transporte, hospedagem e alimentação, no "Torneio Paulista de Futebol Feminino Sub 13 e Sub 15", organizado pela Federação Paulista de Futebol que será realizado na Capital a partir do próximo dia 27 e terá duração de aproximadamente três meses (veja e-mail no fim da matéria).

Entramos em contato com os responsáveis pela escola para que, se confirmado, explicassem a situação.

Carlos Augusto Jr. - Crédito: FPF

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Segundo disse Carlos Augusto Nogueira Junior, Diretor da Escola, "as escalas dos alunos é com as melhores das intenções e lamenta se alguns distorceram o texto".

Nogueira ainda disse, via e-mail, que estaria analisando a situação pra chegar no melhor para o aluno, que na visão da escola, é o mais importante.

O diretor da escola ainda disse que esta previsto ajuda de R$ 30,00 (pequenas despesas) para cada aluno, mas deixou livre para aqueles que não quiserem participar (veja abaixo).

Como podemos perceber na argumentação do dirigente, a direção da EAFI justifica o pedido sob o aspecto de melhor poder observar a evolução técnico dos alunos e também a metodologia do curso da entidade. Tudo isso seria válido se no Edital do Aluno (leia) houvesse uma cláusula informando da necessidade de estagio gratuito, porém, trabalhar gratuitamente e ainda pagar as despesas para executar suas funções, é um absurdo, ou seja, serviço escravo como já deixou claro o Ministério Publico durante audiência de instrução do processo da arbitragem contra a CBF por conta dos patrocínios dos árbitros.

Existe mais um agravante no e-mail enviado aos alunos, onde se insinua aos árbitros do interior que caso desejem atuar neste campeonato seria apenas uma vez e poderia ser "negociado" uma escala em outra categoria da entidade, a fim de minimizar as despesas de pernoite.

O e-mail ainda trabalhou neste aspecto o fator psicológico, pois informa que devido às escalas de outras categorias serem regionalizadas, dificilmente os árbitros do interior atuariam na capital.

O que podemos notar com essa ‘boa intenção’ da Escola é que a arbitragem mais uma vez estará bancando a parte mais cara de um evento oficial da FPF. O detalhe é que o aluno paga 10.8 mil para realizar o curso e quando chega a hora de trabalhar, recebe a proposta para trabalhar de graça.

Em tempo: O referido projeto de desenvolvimento da arbitragem feminina, que tem como principal objetivo a realização da 21º Edição do Campeonato Paulista de Futebol Feminino, cujo proponente é a FPF, prevê repasses públicos através da lei paulista de incentivo ao esporte, algo em torno de 1.5 milhões de reais, dos quais, 308 mil só apara a arbitragem e a Federação Paulista de Futebol quer que o arbitro trabalhe de graça. Veja abaixo detalhes e link do projeto.

Veja o projeto na integra. Clique aqui

Obs. O projeto acima é para o futebol adulto e, para receber a verba, a FPF terá uma contra partida com valor no mínimo de 20% do valor total do projeto (300 mil) conforme Lei Federal-Marco regulatório. O feminino da base é uma contrapartida social e obrigatória em virtude do convênio incentivado.

Não recebemos mais nenhum comunicado da EAFI, mas após nosso questionamento, os alunos foram informados que receberão taxa, porém sem nenhuma ajuda de custos para transportes ou de pernoite.

Abaixo e-mail enviado aos alunos.

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