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Óscar Ruiz durante partida do Boca
Juniors com Cristian Traverso ao fundo |
Em março deste ano, o ex-árbitro
colombiano Óscar Ruiz, aposentado desde 2011, foi acusado por
colegas de profissão do seu país de assédio sexual e chantagem.
Segundo Harold Perilla, que chegou a prestar queixa criminal contra
o ex-FIFA, Ruiz usava de seu prestígio para abusar de outros
profissionais dizendo que quem quisesse chegar longe na arbitragem
deveria ter relações sexuais com ele (leia).
Obs.
Nos bastidores, comentários dão conta que um famoso ex-árbitro
brasileiro, com currículo internacional, teria sido muito intimo do
colombiano com quem teria dividido cobertor nas noites frias onde
eram realizados os treinamentos da arbitragem.
Seis meses depois das denuncias dos supostos assédios, o colombiano
volta a sofrer outro tipo de acusação. Desta vez a acusação vem de
um ex-jogador importante e de uma das maiores equipes do futebol
sul-americano. Em entrevista ao programa Futebol 910, da Radio La
Red da Argentina, no dia 29 de agosto, Cristian Traverso, ex Boca
Juniors, admitiu que o clube foi favorecido em algumas partidas e
apontou Ruiz, árbitro que dirigiu quatro finais vencidas pelo Boca
nos anos 2000, de "um dos nossos".
"A muito, muito de bastidor na Copa
Libertadores. Você tem que ter um time capacitado para ganhar,
porque o bastidor não vai definir o que acontece no campo de jogo,
mas o extra campo sempre ajuda" – disse Traverso.
Crédito: Radio La Red AM 910 |
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O ex-jogador do Boca falou com Toti
Pasman que ficou surpreso com a declaração sobre o
árbitro colombiano |
O ex-Boca Juniors, porém, afirmou que
os jogadores não ficavam cientes do que acontecia nos bastidores.
"Tratávamos de treinar e nos
concentrar no que tínhamos de fazer. E depois, por sorte, havia
muitos árbitros que nos favoreciam".
Quando perguntado sobre o colombiano
Oscar Ruiz, o ex-defensor respondeu, entre risos, que "Oscar era um
dos nossos" (ouça
o áudio).
O colombiano foi árbitro FIFA e considerado um dos melhores do mundo
na década de 90 e inicio dos anos 2000 tendo atuado em três edições
da Copa do Mundo. Segundo levantamento feito pelo jornal argentino
Clarín, Oscar Ruiz comandou 10 jogos do Boca e o time de La
Bombonera só perdeu uma vez. Dessas partidas, quatro foram finais em
que o Boca esteve envolvido e, em todas elas, o time argentino foi
campeão. Em 2003, Ruiz apitou a primeira partida da final da
Libertadores com vitória da equipe argentina por 2 a 0 sobre o
Santos, em La Bombonera. Em 2007, apitou a vitória por 2 a 0 do Boca
contra o Grêmio no Olímpico que sacramentou o título dos argentinos.
Na Recopa de 2006, apitou o jogo da volta, um empate em 2 a 2 com o
São Paulo no Morumbi.
Ruiz foi ainda o árbitro da final do
Mundial Interclubes de 1993 quando o Boca venceu o Real Madrid por 2
a 1 e o árbitro colombiano não marcou uma penalidade grotesca em
favor da equipe espanhola cometida pelo também colombiano Chicho
Serna.
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Óscar Ruiz durante curso da CBF -
Crédito: Rafael Ribeiro / CBF |
Currículo
Advogado, prestes a completar 50 anos
(01/11/1969), Óscar Julián Ruiz Acosta é fluente em espanhol, inglês
e português. Começou a apitar profissionalmente em 1995 e no mesmo
ano atuou em sua primeira partida internacional entre Paraguai e
Venezuela.
Arbitrou as finais da Copa América de 1999; Copa Libertadores da
América de 2002, 2003, 2007 e 2010; Copa Sul-Americana de 2007; Copa
Merconorte de 1998 e Recopa Sul-Americana de 2006.
Em 29 de outubro de 2010, foi internado em uma clínica de
Villavicencio, após passar mal e ser encontrado inconsciente em sua
residência. Segundo informações das autoridades locais à época, ele
teria tido contato com uma substância tóxica conhecida como
escopolamina.
Copa do Mundo
Participou da Copa do Mundo FIFA de 2002 arbitrando três partidas:
Coréia do Sul 2x0 Polônia - 1ª. fase, Turquia 3x0 China - 1ª. fase,
Turquia 1x0 Senegal - quartas de final.
Na Copa de 2006 arbitrou apenas uma
partida: Holanda 2x1 Costa do Marfim - 1ª. fase. Participou ainda da
Copa do Mundo FIFA 2010.
Atualmente é instrutor técnico da FIFA
e da palestras e treinamentos para a CBF e em diversos estados do
país.
Já o ex-jogador Traverso chegou ao
Boca em 1997 e ficou até 2002, antes de ter uma nova passagem entre
2004 e 2005. Foi campeão das Libertadores de 2000 e 2001 e do
Intercontinental de 2000.
Casos
suspeitos contra brasileiros
Vale lembrar, que o Boca já é
recorrente, nesse tipo de suspeita. Basta lembrar do segundo jogo da
final entre os argentinos e o Palmeiras, na Libertadores de 2000. A
partida foi apitada pelo paraguaio Ubaldo Aquino, que não marcou um
pênalti para os brasileiros, em La Bombonera.
Já na edição de 2013, outro paraguaio,
Carlos Amarilla, anulou dois gols legítimos do Corinthians que
enfrentava o Boca Juniors pelas oitavas de final, daquele ano e o
jogo foi realizado no Pacaembu. Mais tarde, Amarilla confirmou ter
ajudado o Boca naquela partida, a mando de dirigentes da AFA
(Associação de Futebol Argentino).
O
Apitonacional não conseguiu contatar Óscar Ruiz para que
falasse sobre as acusações.