Publicidade

 

 

Expulso, árbitro disparou contra superior: “Mariquinha, mentiroso e corrupto”

    São Paulo - 27/12/2022    12:14hs

O mundo do futebol é permeado por diversas teorias da conspiração. Constante, manchetes bombásticas sobre jogadores, dirigentes e clubes pipocam nos principais veículos de imprensa nacional e internacional. Em meados de 2012, o então árbitro Gutemberg de Paula Fonseca protagonizou um episódio polêmico na arbitragem brasileira.

 
Publicidade

Após ser excluído do quadro de árbitros da FIFA, Gutemberg acusou duramente o presidente da Comissão Nacional de Arbitragem (Conaf), Sérgio Corrêa, de corrupção. Em entrevista à Rádio Jovem Pan, na época, o árbitro disse que Corrêa era “mariquinha, mentiroso e corrupto”.

“Isso é uma perseguição. Não existe nada tecnicamente que me tire da FIFA, mas perdi o cargo por não aceitar a interferência do Sérgio. Não atendo aos anseios dele” - afirmou Fonseca.

Denúncia

O ex-árbitro afirmou que o então presidente do Conaf (foto acima) beneficiava clubes em troca de favores políticos e até mesmo dinheiro. Para “armar o esquema”, Gutemberg disse que Sérgio Corrêa obrigava os árbitros a ligarem para o dirigente para repassar as escalações e, assim, receber as “recomendações” de Corrêa.

“Ele inventou a situação de que quando o árbitro recebe a escala, deve ligar para ele e receber recomendações. Eu tenho provas para que essa sujeirada seja lavada” - afirmou Gutemberg à Jovem Pan.

“Eu, por exemplo, fui escalado para um jogo entre Corinthians e Goiás, em que o Corinthians ganhou por 5 a 1. E antes do jogo, ele disse assim: ‘Vai lá, boa sorte. Vai apitar o jogo do Timão, hein’. O que eu posso entender disso? Que se o Corinthians não ganha eu podia, para o resto da vida, não ser escalado. Ser punido e ficar fora. Tem muito mais coisa, tudo fundamentado e documentado, com provas. A nossa relação começou a se acirrar porque parei de ligar” - disse se referindo a uma partida que apitou no Campeonato Brasileiro de 2010.

O árbitro não parou por aí, já que o profissional afirmou que a escalação do árbitro era feita com uma promessa de nova escala caso o juiz atuasse bem.

“Entendo isso como corrupção. Antes do jogo, o Sérgio já promete algo ao juiz. Não aprovo isso e fiquei por muito tempo sem falar com ele neste ano” - disse.

Repercussão mundial

Com tão grave acusação, a FIFA imediatamente se pronunciou, dizendo que iria investigar os fatos. Na época, a entidade organizou uma operação mundial contra corrupção.

“Estamos interessados em saber mais sobre essa denúncia” - indicou o chefe de segurança da FIFA, Chris Eaton.

Na época, o profissional disse não se surpreender com as acusações.

“Há muito dinheiro no futebol e os criminosos querem esse dinheiro” - afirmou Eaton.

Por sua vez, Gutemberg afirmou que comunicou os seus advogados que estaria à disposição da FIFA durante as investigações.

Telhado de vidro

Mas esta lama da arbitragem não atingiu apenas Corrêa. No mesmo ano da explosão do escândalo, a ESPN divulgou uma matéria onde árbitros não identificados (foto acima) acusavam Gutemberg de ter manipulado resultados em jogos da série B, em 2009. Os colegas afirmaram que Gutemberg manipulou os rumos de partidas “em troca de prestígio político, de escalas para jogos maiores e até mesmo pagamento em dinheiro”.

A reportagem cita como o “caso mais impressionante” uma partida entre Brasiliense e América de Natal, em 2009, onde o árbitro ligou para a CBF do centro-oeste, forçando o resultado:

“Tem que dar Brasiliense, vamos lá, vamos trabalhar para a gente fazer a nossa vida, pra gente ser melhor escalado” - disse Gutemberg, segundo um dos árbitros denunciantes.

Para muitos, Gutemberg só teria exposto o que sabe, depois da exclusão do quadro da FIFA.

“Eu tenho um documento protocolado por ele em que eu peço, em 2007, para que todas as minhas denúncias sejam publicadas no site da CBF. E elas não foram” - disse Gutemberg.

Toma lá, dá cá

Mas “o buraco é mais embaixo”. Há rumores que a expulsão do árbitro foi por conta de sua participação no projeto de construção de um CT para arbitragem em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. O projeto trazia um espaço moderno, com direito a mini-hotel e projeto para jovens carentes da região.

O projeto era do Sindicato dos Árbitros de Futebol do Rio de Janeiro e teve o vereador Fernando Moraes (PR) como padrinho. Inclusive, Gutemberg era assessor de Moraes na Câmara Municipal, na época. O terreno seria doado pela prefeitura e a construção ficaria por conta do sindicato. A acusação é que o projeto só existiu para Gutemberg ganhar o escudo da FIFA durante 2011.

“O que não falam é que eu tentei o escudo de 2007, e fui só conseguir em 2010 [para exercer em 2011]” - defendeu-se.

E não se fala mais nisso!

O que se tem até o momento é que Gutemberg (foto acima) permanece atuando na política, já que nas eleições de 2022 se tornou deputado federal suplente pelo PL.

Já Sérgio Corrêa atuou como líder do Departamento de Arbitragem/Projeto VAR por 17 anos, até abril último. Demitido da Confederação, afirmou que “a arbitragem brasileira é honesta, não tenho dúvida disso (…)”.

Siga o Apitonacional nas redes sociais

Facebook.com/apitonacional

Twitter.com/apitonacional

Instagram/

Apitonacional, compromisso só com a verdade!

Publicidade

 

 

Copyright © 2009     -     www.apitonacional.com.br ® Todos os direitos reservados