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 21/12/2018    13:06hs

Federação Paulista ignora decisão da justiça e implanta árbitro outdoor

FPF fecha patrocínios e vai usar árbitros como garoto propaganda; acordo próximo a 5 milhões não teve participação dos representantes da arbitragem

A Crefisa foi a primeira tentativa em 2015, mas acordo foi vetado - Crédito: Leandro Martins/Futura Press/Folhapress
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Livre de qualquer tipo de patrocínio nas camisas da arbitragem até 2016, a Federação Paulista de Futebol faz a partir do próximo ano com que o árbitro se torne um outdoor móvel dentro de campo carregando a marca de quatro patrocinadores no uniforme. Detalhe: sem que tenha qualquer valor revertido para a categoria ou para o árbitro que será o veiculo divulgador das marcas.

As empresas Odontocompany e AOC se juntam a SKY e Kappa e vão estampar suas marcas nos uniformes dos árbitros em todas as competições da entidade a partir de 2019, o que inclui o Campeonato Paulista e a Copa São Paulo de Futebol Júnior, torneios com ampla cobertura da televisão. As marcas realizarão diversas ações de ativação ao longo de 2019 em eventos da FPF, estarão nos uniformes da arbitragem, em backdrops de entrevistas e outros ativos da Federação.

A Odontocompany terá a marca exposta na parte frontal do uniforme. Já a AOC ficará na parte superior das costas enquanto a Sky ficará nas mangas. Considerando a Kappa, que faz o fornecimento de material esportivo e também tem a marca exposta no uniforme, a Federação Paulista terá quatro dos seis patrocinadores da entidade no árbitro-outdoor.

Em 2015, durante a fase final do Paulistão, a FPF fez acordo com a Crefisa que já era a principal parceira do Palmeiras, mas o acordo gerou muitas criticas e foi encerrado.

Não foram revelados os valores dos patrocínios, mas uma fonte dentro da FPF, em off, confidenciou que o arbitro outdoor rendera algo em torno de cinco milhões de reais anuais ao caixa da entidade.

O que diz a FIFA e a justiça
A entidade desrespeita normas da FIFA de que a arbitragem só pode ter apenas uma marca nas mangas e impede uma mesma empresa patrocinar árbitros e times na mesma competição, o que provavelmente ocorrera tendo em vista a quantidade de patrocinadores.

A Marabraz foi parceira da FPF em 2017 - Crédito: Fernando Dantas/ Gazeta Press

A FPF também desrespeita recente decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) proibindo as entidades comercializar publicidades nas camisas dos árbitros sem autorização da categoria com repasse de no mínimo 50% do valor arrecadado para a categoria (leia).

Ação Civil Pública do Ministério Publico do Trabalho (MPT) motivada por Marçal Mendes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Colaboradores da Arbitragem Esportiva do Rio de Janeiro (SINTRACE-RJ), julgada recentemente, condenou a CBF a se abster de negociar contratos de patrocínio para os uniformes dos árbitros sem sua autorização e participação de sua entidade representativa de âmbito nacional, sob pena de multa de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) por contrato firmado.

Na ação, a CBF também foi condenada a distribuir aos árbitros remuneração referente a percentual não inferior a 50% (cinqüenta por cento) dos valores recebidos em relação aos patrocínios negociados em seus uniformes. Além de danos morais coletivos no importe de R$2.000.000,00 (dois milhões de reais).

No entender do magistrado que proferiu a sentença, a CBF explora de maneira abusiva a imagem dos árbitros ao firmar contratos com terceiros para exposição das logomarcas nos uniformes utilizados por eles, sem qualquer repasse de valores, aos que, de fato, o utilizam (árbitros e assistentes).

A ação esta em grau de recurso, pois a CBF recorreu, mas caso a categoria saia vencedora, o principio será valido também a nível estadual com as federações.

Sky adquiriu espaço em 2018; Acordo continua em 2019 - Crédito: Djalma Vassão/Gazeta Press)

O que diz a FPF
Procurado, Dionísio Roberto Domingos, presidente do departamento de arbitragem, disse que os contratos de patrocínios são realizados pelo marketing, que não foi comunicado sobre o assunto, que a entidade esta em recesso ate 2 de janeiro e que ao retornar ira se inteirar e retorna o contato.

O que diz o sindicato
Procurado, em tom de surpresa, Arthur Alves Junior, presidente do Sindicato dos Árbitros de São Paulo, disse que a entidade que preside não foi informada sobre os patrocínios. Disse também que ira solicitar informações a respeito e quais benefícios terão os árbitros por serem o veiculo dessa divulgação. Arthur disse ainda que entende que a ação do MPT ainda não esta transitada em julgado, mas usara a decisão da justiça carioca como parâmetro para as reivindicações da categoria que representa.

O acordo de patrocínio entre a Federação Paulista de Futebol e as empresas foi negociado pela agência de marketing esportivo Wolf Sports.

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