|
A Crefisa
foi a primeira tentativa em 2015, mas acordo foi vetado
- Crédito: Leandro Martins/Futura Press/Folhapress |
Livre de qualquer tipo de patrocínio
nas camisas da arbitragem até 2016, a Federação Paulista de Futebol
faz a partir do próximo ano com que o árbitro se torne um outdoor
móvel dentro de campo carregando a marca de quatro patrocinadores no
uniforme. Detalhe: sem que tenha qualquer valor revertido para a
categoria ou para o árbitro que será o veiculo divulgador das
marcas.
As empresas Odontocompany e AOC se
juntam a SKY e Kappa e vão estampar suas marcas nos uniformes dos
árbitros em todas as competições da entidade a partir de 2019, o que
inclui o Campeonato Paulista e a Copa São Paulo de Futebol Júnior,
torneios com ampla cobertura da televisão. As marcas realizarão
diversas ações de ativação ao longo de 2019 em eventos da FPF,
estarão nos uniformes da arbitragem, em backdrops de entrevistas e
outros ativos da Federação.
A Odontocompany terá a marca exposta
na parte frontal do uniforme. Já a AOC ficará na parte superior das
costas enquanto a Sky ficará nas mangas. Considerando a Kappa, que
faz o fornecimento de material esportivo e também tem a marca
exposta no uniforme, a Federação Paulista terá quatro dos seis
patrocinadores da entidade no árbitro-outdoor.
Em 2015, durante a fase final do
Paulistão, a FPF fez acordo com a Crefisa que já era a principal
parceira do Palmeiras, mas o acordo gerou muitas criticas e foi
encerrado.
Não foram revelados os valores dos
patrocínios, mas uma fonte dentro da FPF, em off, confidenciou que o
arbitro outdoor rendera algo em torno de cinco milhões de reais
anuais ao caixa da entidade.
O que diz a
FIFA e a justiça
A entidade desrespeita normas da FIFA de que a arbitragem só pode
ter apenas uma marca nas mangas e impede uma mesma empresa
patrocinar árbitros e times na mesma competição, o que provavelmente
ocorrera tendo em vista a quantidade de patrocinadores.
|
A Marabraz
foi parceira da FPF em 2017 - Crédito: Fernando Dantas/
Gazeta Press |
A FPF também desrespeita recente
decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) proibindo as
entidades comercializar publicidades nas camisas dos árbitros sem
autorização da categoria com repasse de no mínimo 50% do valor
arrecadado para a categoria (leia).
Ação Civil Pública do Ministério
Publico do Trabalho (MPT) motivada por Marçal Mendes, presidente do
Sindicato dos Trabalhadores e Colaboradores da Arbitragem Esportiva
do Rio de Janeiro (SINTRACE-RJ), julgada recentemente, condenou a
CBF a se abster de negociar contratos de patrocínio para os
uniformes dos árbitros sem sua autorização e participação de sua
entidade representativa de âmbito nacional, sob pena de multa de R$
10.000.000,00 (dez milhões de reais) por contrato firmado.
Na ação, a CBF também foi condenada a distribuir aos árbitros
remuneração referente a percentual não inferior a 50% (cinqüenta por
cento) dos valores recebidos em relação aos patrocínios negociados
em seus uniformes. Além de danos morais coletivos no importe de
R$2.000.000,00 (dois milhões de reais).
No entender do magistrado que proferiu a sentença, a CBF explora de
maneira abusiva a imagem dos árbitros ao firmar contratos com
terceiros para exposição das logomarcas nos uniformes utilizados por
eles, sem qualquer repasse de valores, aos que, de fato, o utilizam
(árbitros e assistentes).
A ação esta em grau de recurso, pois a
CBF recorreu, mas caso a categoria saia vencedora, o principio será
valido também a nível estadual com as federações.
|
Sky adquiriu
espaço em 2018; Acordo continua em 2019 - Crédito:
Djalma Vassão/Gazeta Press) |
O que diz a
FPF
Procurado, Dionísio Roberto Domingos, presidente do departamento de
arbitragem, disse que os contratos de patrocínios são realizados
pelo marketing, que não foi comunicado sobre o assunto, que a
entidade esta em recesso ate 2 de janeiro e que ao retornar ira se
inteirar e retorna o contato.
O que diz o sindicato
Procurado, em tom de surpresa, Arthur Alves Junior, presidente do
Sindicato dos Árbitros de São Paulo, disse que a entidade que
preside não foi informada sobre os patrocínios. Disse também que ira
solicitar informações a respeito e quais benefícios terão os
árbitros por serem o veiculo dessa divulgação. Arthur disse ainda
que entende que a ação do MPT ainda não esta transitada em julgado,
mas usara a decisão da justiça carioca como parâmetro para as
reivindicações da categoria que representa.
O acordo de patrocínio entre a
Federação Paulista de Futebol e as empresas foi negociado pela
agência de marketing esportivo Wolf Sports.