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 02/08/2019    06:37hs

Federação amapaense paga taxas de árbitros à prestação

Entidade alega falta de recursos mesmo recebendo quase 1 milhão de reais anual de repasses da CBF

Neto Góes (filho) e Roberto Góes (pai) - diretor administrativo e presidente da FAF no congresso Nacional - Crédito: Câmara Federal
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O Apitonacional denunciou em janeiro deste ano que árbitros amapaenses não recebiam taxas há três anos. O valor acumulado passava dos 150 mil reais (leia). Seis meses se passaram e fomos checar novamente para ver o que os responsáveis fizeram para sanar ou amenizar a situação.

Apuramos que após a reportagem que Joaquim Nunes de Souza Neto, popularmente conhecido como ‘Neto Góes’, convocou alguns árbitros para renegociar a divida, mas em vez de pagar o atrasado com juros e correção monetária, o mínimo que deveria ser feito, ofereceu deságio supostamente como imposição para quitar o atrasado. Sem perspectivas de receber algum dia se não aceitasse, teve árbitros que recebeu menos da metade do lhe era devido. E assim, quem concordou recebeu o atrasado dando quitação plena do que lhe era devido. Uma vergonha se levando em consideração que o estatuto do torcedor, Lei Federal No 10.671, de 2003, estipula no seu Art. 30 que a remuneração da arbitragem deve ser paga antes das partidas.

Mesmo com a maioria dos árbitros aceitando o acordo, pelo menos dez árbitros ainda estariam sem receber, algo em torno de 60 mil reais. O Apitonacional foi informado que Neto Góes, que da expediente no período vespertino, recebe os fornecedores e marca reuniões na parte da manhã com a entidade ainda fechada e a tarde, período de expediente normal, se procurado pelos árbitros em procura dos atrasados, se tranca em sua sala e avisa que não esta para ninguém.

A Federação Amapaense de Futebol (FAF) é dirigida desde 2006 por Antônio Roberto Rodrigues Góes da Silva, ou simplesmente Roberto Góes, ex-prefeito da Capital Macapá, ex-Deputado Federal e primo de Waldez Góes, governador do Amapá. Foi preso por dois meses, entre dezembro de 2010 e fevereiro de 2011, acusado de participação em um esquema de desvio de verbas federais no Amapá. Atualmente responde a processo por corrupção passiva e licitação fraudulenta.

Em março de 2018 Góes foi reeleito presidente da FAF, pela 4ª vez seguida, com mandato até final de 2022. Mas quem manda de verdade na entidade é Joaquim Nunes de Souza Neto, o Neto Góes, que é filho de Roberto Góes e diretor administrativo da entidade.

De acordo com o Ranking Nacional das Federações de 2018 feito pela Confederação Brasileira de Futebol (CBC), o Amapá está na 26º posição, ou seja, na penúltima, a frente apenas de Roraima.

Recursos

Neste ano, segundo fontes no Amapá, a FAF esta pagando as taxas em prestações. Do valor de 500 reais que deveria ser pago ao árbitro por partida, paga apenas a metade (250,00) e a outra metade fica sem data estipulada. O mesmo ocorre com assistentes e demais integrantes da arbitragem. Os árbitros estão entristecidos, sem perspectivas e motivação para trabalhar sabendo que não vão receber como deveria. Alguns estão tomando coragem e possivelmente se organizando para entrar na justiça, acionar o Ministério Publico, pois uma lei federal esta sendo descumprida e lamentam por, segundo alguns, terem apenas uma entidade supostamente de fachada que não os represente e os defenda como realmente deveria.

O Apitonacional apurou que a federação alega falta de recursos para pagar a arbitragem, mas apuramos que a entidade recebeu em 2018 R$ 828.825,01 de repasses da CBF e que na previsão orçamentária para este ano, a verba deve chegar a quase um milhão de reais (veja abaixo).

 


Como mostra acima as contas da entidade, dinheiro tem, não estão sabendo é gastar ou gastando de forma errada ou em lugar errado.

Sindicato

Como publicamos na reportagem anterior, os árbitros não contam com representação sindical tendo em vista que o atual presidente - Carlos Augusto ou Carlão como é conhecido - presta serviços à federação e não vai se indispor com os dirigentes.

Por conta disso, um grupo liderado por Clésio Guimarães – o 'gaúcho' -, esta montando chapa para concorrer nas próximas eleições do sindicato. Mas o grupo enfrenta um enorme problema, ninguém sabe ou se sabe não informa a data da eleição, se a entidade sindical tem estatuto, regimento eleitoral e nem mesmo se houve eleição algum dia. O assunto eleição no sindicato é proibido no meio.

Procuramos informações com diversas pessoas, entre elas o atual presidente e, todos se esquivaram de dar respostas.

Crédito: arquivo pessoal / facebook

Clésio Guimarães (de frente) candidato a presidência do sindicato em busca de independência da categoria

O que eles disseram

O Apitonacional procurou Neto Góes e Carlos Augusto para falarem sobre as denuncias. O mandatário da FAF visualizou a mensagem, mas não respondeu. Quando não se tem argumentos, o melhor mesmo é ficar calado. Já Carlos Augusto, suposto sindicalista, usou a mesma estratégia da matéria anterior. Disse que trabalha - é piloto de avião -, que tinha acabado de pousar em Brasília, mas que responderia os questionamento assim que possível. 

Tentamos e não conseguimos contato com Marilene Tavares da Matta, presidente da comissão de arbitragem e Clésio Guimarães, candidato à candidato a presidência do sindicato.

Falamos também com Salmo Valentim, o presidente da ANAF (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol) disse que vem acompanhando a situação dos árbitros do Amapá e que tenta com a direção da FAF uma solução para os problemas das taxas. Salmo disse ainda que tem programado para o fim deste mês uma visita ao 'estado da chuva'.

Nota do Apitonacional

A situação que passa os árbitros da Amapá é difícil, recorrente e sem data para o martírio terminar, mas precisam sair da zona de conforto, se é que existe para alguém e se ajudarem. Não vai aparecer nenhum salvador da pátria para mudar essa situação com uma categoria tão acovardada.

A subserviência e a passividade é gritante e até parece que gostam de sofrer, que gostam de trabalhar de graça enquanto outros usufruem do suor de vocês. Existe saídas simples que pode mudar a situação como procurar um novo líder se o atual não atinge as expectativas e procurar a justiça até mesmo anonimamente se tiverem medo de represálias. O que não pode é continuar essa covardia e achar que os dirigentes estão preocupados com a categoria! Até quando vão agüentar!!!

Apitonacional, compromisso só com a verdade!

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