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Neto Góes (filho) e Roberto Góes
(pai) - diretor administrativo e presidente da FAF no
congresso Nacional - Crédito: Câmara Federal |
O
Apitonacional denunciou em janeiro deste ano que árbitros
amapaenses não recebiam taxas há três anos. O valor acumulado
passava dos 150 mil reais (leia).
Seis meses se passaram e fomos checar novamente para ver o que os
responsáveis fizeram para sanar ou amenizar a situação.
Apuramos que após a reportagem que
Joaquim Nunes de Souza Neto, popularmente conhecido como ‘Neto
Góes’, convocou alguns árbitros para renegociar a divida, mas em vez
de pagar o atrasado com juros e correção monetária, o mínimo que
deveria ser feito, ofereceu deságio supostamente como imposição para
quitar o atrasado. Sem perspectivas de receber algum dia se não
aceitasse, teve árbitros que recebeu menos da metade do lhe era
devido. E assim, quem concordou recebeu o atrasado dando quitação
plena do que lhe era devido. Uma vergonha se levando em consideração
que o estatuto do torcedor, Lei Federal No 10.671, de 2003, estipula
no seu Art. 30 que a remuneração da arbitragem deve ser paga antes
das partidas.
Mesmo com a maioria dos árbitros
aceitando o acordo, pelo menos dez árbitros ainda estariam sem
receber, algo em torno de 60 mil reais. O
Apitonacional foi informado que Neto Góes, que da
expediente no período vespertino, recebe os fornecedores e marca
reuniões na parte da manhã com a entidade ainda fechada e a tarde,
período de expediente normal, se procurado pelos árbitros em procura
dos atrasados, se tranca em sua sala e avisa que não esta para
ninguém.
A Federação Amapaense de Futebol (FAF)
é dirigida desde 2006 por Antônio Roberto Rodrigues Góes da Silva,
ou simplesmente Roberto Góes, ex-prefeito da Capital Macapá,
ex-Deputado Federal e primo de Waldez Góes, governador do Amapá. Foi
preso por dois meses, entre dezembro de 2010 e fevereiro de 2011,
acusado de participação em um esquema de desvio de verbas federais
no Amapá. Atualmente responde a processo por corrupção passiva e
licitação fraudulenta.
Em março de 2018 Góes foi reeleito
presidente da FAF, pela 4ª vez seguida, com mandato até final de
2022. Mas quem manda de verdade na entidade é Joaquim Nunes de Souza
Neto, o Neto Góes, que é filho de Roberto Góes e diretor
administrativo da entidade.
De acordo com o Ranking Nacional das
Federações de 2018 feito pela Confederação Brasileira de Futebol
(CBC), o Amapá está na 26º posição, ou seja, na penúltima, a frente
apenas de Roraima.
Recursos
Neste ano, segundo fontes no Amapá, a
FAF esta pagando as taxas em prestações. Do valor de 500 reais que
deveria ser pago ao árbitro por partida, paga apenas a metade
(250,00) e a outra metade fica sem data estipulada. O mesmo ocorre
com assistentes e demais integrantes da arbitragem. Os árbitros
estão entristecidos, sem perspectivas e motivação para trabalhar
sabendo que não vão receber como deveria. Alguns estão tomando
coragem e possivelmente se organizando para entrar na justiça,
acionar o Ministério Publico, pois uma lei federal esta sendo
descumprida e lamentam por, segundo alguns, terem apenas uma
entidade supostamente de fachada que não os represente e os defenda
como realmente deveria.
O
Apitonacional apurou que a federação alega falta de
recursos para pagar a arbitragem, mas apuramos que a entidade
recebeu em 2018 R$ 828.825,01 de repasses da CBF e que na previsão
orçamentária para este ano, a verba deve chegar a quase um milhão de
reais (veja abaixo).
Como mostra acima as contas da entidade, dinheiro tem, não estão
sabendo é gastar ou gastando de forma errada ou em lugar errado.
Sindicato
Como publicamos na reportagem
anterior, os árbitros não contam com representação sindical tendo em
vista que o atual presidente - Carlos Augusto ou Carlão como é
conhecido - presta serviços à federação e não vai se indispor com os
dirigentes.
Por conta disso, um grupo liderado por
Clésio Guimarães – o 'gaúcho' -, esta montando chapa para concorrer
nas próximas eleições do sindicato. Mas o grupo enfrenta um enorme
problema, ninguém sabe ou se sabe não informa a data da eleição, se
a entidade sindical tem estatuto, regimento eleitoral e nem mesmo se
houve eleição algum dia. O assunto eleição no sindicato é proibido
no meio.
Procuramos informações com diversas
pessoas, entre elas o atual presidente e, todos se esquivaram de dar
respostas.
Crédito: arquivo pessoal / facebook |
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Clésio Guimarães (de frente)
candidato a presidência do sindicato em busca de
independência da categoria |
O que eles disseram
O
Apitonacional procurou Neto Góes e Carlos Augusto para
falarem sobre as denuncias. O mandatário da FAF visualizou a
mensagem, mas não respondeu. Quando não se tem argumentos, o melhor
mesmo é ficar calado. Já Carlos Augusto, suposto sindicalista, usou
a mesma estratégia da matéria anterior. Disse que trabalha - é
piloto de avião -, que tinha acabado de pousar em Brasília, mas que
responderia os questionamento assim que possível.
Tentamos e não conseguimos contato com
Marilene Tavares da Matta, presidente da comissão de arbitragem e
Clésio Guimarães, candidato à candidato a presidência do sindicato.
Falamos também com Salmo Valentim, o
presidente da ANAF (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol)
disse que vem acompanhando a situação dos árbitros do Amapá e que
tenta com a direção da FAF uma solução para os problemas das taxas.
Salmo disse ainda que tem programado para o fim deste mês uma visita
ao 'estado da chuva'.
Nota do Apitonacional
A situação que passa os árbitros da
Amapá é difícil, recorrente e sem data para o martírio terminar, mas
precisam sair da zona de conforto, se é que existe para alguém e se
ajudarem. Não vai aparecer nenhum salvador da pátria para mudar essa
situação com uma categoria tão acovardada.
A subserviência e a passividade é
gritante e até parece que gostam de sofrer, que gostam de trabalhar
de graça enquanto outros usufruem do suor de vocês. Existe saídas
simples que pode mudar a situação como procurar um novo líder se o
atual não atinge as expectativas e procurar a justiça até mesmo
anonimamente se tiverem medo de represálias. O que não pode é
continuar essa covardia e achar que os dirigentes estão preocupados
com a categoria! Até quando vão agüentar!!!