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Regildênia
moura, Renata Spallicci e Rena Ruel - Foto: Bill
Fotos/MF Press Global |
A Copa do Mundo 2018 tem sido palco de inovações no campo da
arbitragem e da quebra de tabus. Primeira Copa a utilizar novas
tecnologias como o VAR (vídeo arbitragem), esta é também a primeira
que conta com comentaristas e narradoras mulheres.
Isabelly Morais, 20 anos, natural de Itamarandiba, Minas Gerais, fez
história quando se tornou a primeira mulher a narrar uma partida de
Copa do Mundo na TV brasileira, pela Fox Sports. Na Alemanha, pela
emissora ZDF, a jornalista Claudia Neumann narra algumas partidas
diretamente da Rússia.
Contudo, ainda há um impedimento no mundo da bola para mulheres. A
maior delas reside no aparentemente impenetrável campo da elite da
arbitragem: não há, na história do mundial, árbitras atuando em
partidas, nem mesmo no VAR. Existe um abismo entre homens e mulheres
no que diz respeito a oportunidades, mas uma cobrança idêntica em
exigências para as postulantes a ocupar a posição, inclusive no que
tange ao teste físico, apesar de todas as vantagens físicas e
fisiológicas já sabidas do homem em relação à mulher no que tange a
desempenho atlético e força muscular.
Além de cobranças em que a injustiça reside na igualdade quanto às
exigências físicas, elas têm espaço pífio: em 2017, dos 215 árbitros
da CBF, apenas 15 eram mulheres, o correspondente a 7%. Não apenas a
CBF, mas a própria FIFA tem sido cobrada quanto a maior atuação
feminina e a queda dessa última barreira.
Em pleno século 21, é difícil entender os motivos pelos quais as
mulheres, mesmo atendo às mesmas exigências dos homens, não tem
espaço para exercerem a função de árbitro em um mundial como a Copa
do Mundo.
A empresária, atleta e coach Renata Spallicci é uma referência na
luta por igualdade entre os gêneros e em empoderamento feminino,
desenvolvendo diversas ações por todo o Brasil e através de suas
redes sociais. Nessa temática do lugar da mulher no mundo da bola e
na Copa do Mundo, Spallicci tem realizado uma série documentário em
seu canal no YouTube, falando sobre a participação da mulher no
mundo da bola, chamada “Elas na Copa”.
Dentre as entrevistas realizadas, Renata conversou com a árbitra
Regildênia de Holanda, árbitra FIFA e Renata Ruel, árbitra
assistente da Federação Paulista de Futebol e da CBF:
“É utopia dizer que não há preconceito. Já escutei inúmeras
vezes, nos estádios, torcedores gritando “vai lavar roupa, vai para
a cozinha” - comenta Regildênia.
O futebol não fascina apenas homens, e a cada dia tem atraído mais
mulheres para a prática do esporte, mas talvez a sociedade demore a
compreender isso de uma forma não sexista:
“Desde pequena, aos domingos, a minha família se reunia para o
almoço e para assistir aos jogos da TV. A paixão vem desde pequena,
esse esporte me fascina. Gostaria que as mulheres tivessem sim mais
espaço no futebol” - revela Renata Ruel.
Para Spallicci, a questão pode ser cultural, mas não há argumento
técnico para não inserir mulheres na arbitragem:
“Raramente vemos uma menina sendo estimulada da mesma forma pelos
pais, familiares e amigos. Não somente a jogar, mas até mesmo a se
interessar por futebol. Algo cultural e que, provavelmente, ainda
levará muito tempo para ser mudado, mas que precisa mudar”.
Renata Spallicci acredita que é possível mudar esse quadro, e tem
esperanças de ver em outros mundiais, mais participação feminina no
campo da arbitragem:
“O que queremos não é uma guerra contra os homens, ou um machismo
invertido, e sim conscientizá-los de que há espaço para ambos,
homens e mulheres, e que são igualmente capacitados. A paixão pelo
futebol deve ter o potencial de nos unir, em um campo inclusivo e
não exclusivo. Tenho esperança de ver nos próximos mundiais mais
participação feminina, contribuindo com sua excelência e dedicação
para fazer mais pelo esporte”.
Por Redação Multimídia ESHOJE