Depois de quase um ano e meio de
espera, ocorreu o julgamento de William Ribeiro pela agressão
cometida ao árbitro Rodrigo Crivellaro em partida da segunda divisão
do estadual do Rio Grande do Sul. Em sessão realizada na ultima
terça-feira (7) em Venâncio Aires, o ex-jogador foi condenado por
tentativa de homicídio simples com pena de dois anos e oito meses de
reclusão, em regime inicial semiaberto.
Por volta das 16h30min e após
quase sete horas de júri, o juiz João Francisco Goulart Borges, da
1ª Vara Judicial da Comarca da cidade, passou a ler a sentença com a
decisão dos sete jurados, quatro homens e três mulheres, que formam o Conselho de Sentença. Nesse
momento, ficou definida a condenação de William Ribeiro por
homicídio tentado simples.
Dessa forma, o magistrado aplicou
a pena definitiva de dois anos e oito meses de reclusão, em regime
inicial semiaberto.
Em 5 de agosto de 2022, o Tribunal
de Justiça do Rio Grande do Sul rechaçou recurso da defesa de
William Ribeiro e definiu que o mesmo deveria ser julgado pelo júri,
um tribunal especial formado por cidadãos comuns e que julga crimes
contra a vida. A decisão foi tomada na semana passada pela 3ª Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS).
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Primeiro depoimento durante o júri foi o
do ex-árbitro de futebol Rodrigo Crivellaro - Foto: Luana
Schweikart |
O ex-árbitro teve a carreira
interrompida por seis meses, voltou ao apito e depois parou
definitivamente e hoje trabalha como professor de padel em Santa
Maria. Ele foi ouvido durante a sessão.
"Não lembro de nada. Apaguei e
lembro de acordar no hospital" - disse o depoente, que também
contou que teve uma lesão na sexta vértebra, consequência da
agressão, obrigando-o a usar um colar cervical por 60 dias.
Logo após, o réu William Ribeiro
foi o interrogado. Ele afirmou que nunca teve a intenção de causar
morte e se dirigiu até Crivellaro para pedir desculpas.
"Eu realmente agredi ele, foi
errado. Me arrependo bastante" - disse Ribeiro, afirmando que
nunca teve intenção de causar a morte. "Jamais".
Ribeiro se voltou à platéia, onde
estava Crivellaro, e pediu desculpa pela agressão.
"Me arrependo bastante" -
disse o réu.
Após a fase de debates, o juiz
proferiu a sentença aplicando a pena definitiva de dois anos e oito
meses de reclusão, em regime inicial semiaberto. O réu foi condenado
pelo crime de homicídio tentado simples.
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Ex-jogador William Ribeiro, acusado de
tentativa de homicídio contra árbitro, durante julgamento
- Foto: TJRS/divulgação |
Relembre o caso
O árbitro de Santa Maria, Rodrigo
Crivellaro, sofreu uma agressão no jogo entre Guarani de Venâncio
Aires e São Paulo de Rio Grande, válido pela 12ª rodada da Divisão
de Acesso, e ficou desacordado. A partida ocorreu no dia no Estádio
Edmundo Feix e foi paralisada aos 14 minutos do segundo tempo. O
atacante William Ribeiro, do São Paulo, reclamou de impedimento no
lance e foi advertido com o cartão amarelo. Logo depois da punição,
ele deu um soco em Crivellaro, e quando o árbitro caiu no chão, o
jogador chutou a cabeça do apitador que ficou desacordado. A
agressão ganhou repercussão estadual e nacional.
No dia 4 de outubro de 2021, o
árbitro Rodrigo Crivellaro, de Santa Maria, foi vítima de uma agressão cometida pelo meia-atacante William Ribeiro, então jogador do São Paulo-RS, na
partida contra o Guarani, de Venâncio Aires, no Estádio Edmundo
Feix, pela 12ª rodada da Divisão do Campeonato Gaúcho.
Aos 14 minutos do segundo tempo, o
atacante William Ribeiro, do São Paulo, reclamou de impedimento no
lance e foi advertido com o cartão amarelo. Logo depois da punição,
ele deu um soco em Crivellaro, e quando o árbitro caiu no chão, o
jogador chutou a cabeça do apitador que ficou desacordado e precisou
ser levado com urgência para o hospital. Desde então, passou por um
longo período de recuperação e voltou a apitar só em abril deste
ano, seis meses após a agressão. (Árbitro
é agredido por jogador e desmaia na 2ª divisão do Gauchão).
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Willian Ribeiro chutou a cabeça do
árbitro Rodrigo Crivellaro quando ele estava no chão, de
costas. Foto: FGF TV (Reprodução) |
Em um primeiro momento, o árbitro
chegou a ficar ameaçado de não voltar a caminhar, mas com o uso de
colete cervical e fisioterapia está retomando todas as suas
atividades.
Rodrigo ficou impossibilitado de
exercer as suas duas profissões, a de personal trainer e professor
de padel, por 90 dias. Após quatro meses, o árbitro foi aprovado
novamente nos testes da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), o que
possibilitou o seu retorno aos gramados.
Responsável pela agressão, William
Ribeiro foi suspenso do futebol profissional por dois anos pelo
Tribunal de Justiça Desportiva gaúcho (TJD-RS).
Nota do
Apitonacional
O
Apitonacional entende que a justiça foi
feita, pela condenação do agressor, mas foi branda beneficiando o
ex-jogador ao converter a pena em regime semiaberto e a não
indenização por perdas moral, físicas e monetárias sofridas pelo
árbitro que passou momentos difíceis durante a agressão, na
recuperação e após episodio tendo o mesmo encerrado a carreira
deixando ganhar sustento do seu lar e um sonho que ficou para pra
trás.
Caso o árbitro ainda não tenha
feito, o mesmo deveria acionar civilmente o agressor exigindo uma
boa indenização pelos fatos ocorridos e assim servir de exemplo para
todos os valentões que se sentem no direito de agredir um
trabalhador por não concordar com suas decisões.