Crédito: Ailton Cruz - Gazeta Alagoas |
|
Chicão entrou na Justiça Comum e
conseguiu uma liminar para voltar a comandar jogos
promovidos pela FAF e pela CBF |
O árbitro alagoano Francisco Carlos do
Nascimento está prestes a voltar a fazer o que mais gosta, apitar
partidas de futebol. Ele está afastado desde 2018 dos gramados por
ter sido acusado de participar de esquema de manipulação de
resultados na Paraíba.
Chicão, como também é conhecido,
conseguiu uma liminar judicial para poder voltar a ser relacionado
nas escalas de arbitragem da Federação Alagoana de Futebol e
Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Caso a decisão não seja
cumprida, está previsto multa diária de R$ 5 mil.
Notificada, a FAF, no inicio da noite
desta terça disse em nota oficial que vai acatar a decisão judicial
e que o ex-FIFA não foi relacionado na primeira rodada do Campeonato
Alagoano porque o planejamento já havia sido feito previamente antes
da decisão da justiça sem o nome de Francisco Carlos na lista dos
árbitros que foram para o sorteio dos jogos (veja abaixo).
Nota de
esclarecimento
Em face da decisão
liminar expedida pela Vara do Único Ofício de São José da Laje no
dia 16 de janeiro de nº 0700007-60.2020.8.02.0052, a Federação
Alagoana de Futebol informa que cumprirá a determinação judicial,
incluindo, o nome do árbitro Francisco Carlos do Nascimento nas
escalas de arbitragem para os jogos do Campeonato Alagoano 2020.
O retorno do nome
do profissional para a participação nos sorteios de arbitragem
acontece já a partir da segunda rodada. A FAF entregou à decisão
liminar para a sua vice-presidência jurídica que analisa o caso para
emitir um parecer. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também
foi notificada pela decisão judicial, por ser parte do processo.
É importante
ressaltar que o árbitro Francisco Carlos do Nascimento estava
participando normalmente do quadro de arbitragem da FAF. Ainda
assim, o profissional foi avaliado constantemente pela Comissão no
calendário de testes teóricos e físicos, obtendo resultado positivo
nas avaliações.
Desta forma, o
profissional ficará apto enquanto a decisão judicial estiver
vigente, para atuar como árbitro ou quarto árbitro nas competições
promovidas pela FAF.
Crédito: Viviane Leão/GloboEsporte.com |
|
Felipe Feijó disse que FAF vai acatar
decisão judicial |
Segundo Felipe Feijó, Presidente da
FAF, daqui por diante a entidade vai avaliar essa determinação da
Justiça para dar cumprimento à mesma.
"O nosso Departamento Jurídico está
estudando o caso, informamos à CBF também da decisão para que, de
maneira conjunta, a gente possa saber quais serão os próximos
passos" - explicou o mandatário da Federação.
Já o Presidente da Comissão Estadual
de Arbitragem da Federação Alagoana de Futebol (CA-FAF), Charles
Hebert disse em entrevista à imprensa local que a decisão judicial
será cumprida e que estuda a melhor maneia de encaixar Chicão nos
jogos.
"Vamos ver com os demais
integrantes da Comissão de Arbitragem como será o atendimento desta
liminar, até porque decisão judicial não se discute. Se cumpre. E,
depois, pode ser feita qualquer Medida de Agravo pela CBF ou pela
Federação Alagoana, para que se discuta o mérito desta liminar. Mas,
por enquanto, ela está válida e estaremos aqui para ver com o
Francisco Carlos onde ele vai ser encaixado nos jogos" – Disse
Charles.
Ainda de acordo com Charles Hebert, a
escala de Chicão vai ser feita de forma técnica para atender à
liminar.
"Vai ser dentro do que é feito pela
Comissão. Até porque o juiz não colocou como nem quando deverá ser a
volta de Chicão, se no início do Alagoano, em toda a competição, em
qual fase, em qual jogo. Então, isso fica a critério da Comissão"
- explicou o dirigente.
Crédito: Arquivo Pessoal |
|
Charles Hebert: "decisão judicial não
se discute. Se cumpre" |
Em contato com o
Apitonacional, Francisco Carlos falou sobre a liminar
e voltou a classificar a denúncia na ‘Operação Cartola’ como
infundada.
“Estou muito feliz e ansioso para
voltar a atuar, coisa que eu gosto, sei e estou preparado para
fazer. Fiz todos os testes nesses anos e fui aprovado; tanto na CBF
como na FAF. Eu fui absolvido por unanimidade na esfera desportiva.
Na criminal, fui denunciado de ter recebido R$ 140 de uma diária de
hospedagem. É uma denúncia totalmente infundada. Estou muito
confiante na minha absolvição também na esfera criminal” – disse
Chicão.
STJD
Em 2018, Chicão foi absolvido das
mesmas acusações, por unanimidade, no Superior Tribunal de Justiça
Desportiva (STJD). No julgamento, à época, ele se defendeu dizendo
que foi vítima de um esquema.
"Quanto ao processo na Justiça
Comum, acredito que o caso será arquivado. Ficou provado hoje, por
unanimidade dos auditores do STJD, que não tive e não tenho
participação nenhuma com os problemas do futebol paraibano. Na
denúncia ofertada contra mim, existem algumas inconsistências, como:
primeiro que eu era árbitro da Federação Paraibana, quando sou da
Alagoana, lá dizia que eu atendi ligações no meu telefone e nunca
recebi e tampouco fiz qualquer tipo de ligação telefônica com nenhum
dirigente de clube... Então, assim, estamos acreditando que o
processo contra mim será arquivado; porque não há nenhum tipo de
ligação da minha parte" - disse o ex-FIFA.
Carreira
O árbitro alagoano Francisco Carlos do
Nascimento, de 40 anos, iniciou a carreira no futebol em 2006 e
recebeu o escudo da Fifa em fevereiro de 2012. Ele trabalhou no
Brasileirão, Série B, Copa Libertadores, Sul-Americana, além do
Torneio de Toulon, envolvendo seleções sub-21.
Ele perdeu o escudo em outubro de 2014
e continuou apitando nos quadros da CBF. A última partida comandada
por Chicão foi Goiás 2x1 São Bento, no dia 21 de agosto de 2018, em
Goiânia, pela 22ª rodada da Série B do Brasileiro.
|
Francisco Carlos se defendeu das
acusações no STJD — Crédito: Ronald Lincoln Jr/Rede Globo |
Opinião do Apitonacional
O
Apitonacional entende e respeita que todos são inocentes
enquanto não for julgado e condenado conforme diz a lei.
Francisco Carlos foi julgado na justiça desportiva (STJD) onde foi
absolvido por unanimidade e deveria ter sido dado continuidade a sua
carreira de forma natural. Deveria, mas não foi o que ocorreu, pois
tanto a Federação Alagoana de Futebol, como a CBF, atendendo uma
recomendação esdrúxula do Corregedor Edson Rezende de Oliveira
através do oficio 01/19 obtido com exclusividade pelo
Apitonacional (veja no
final da matéria), ignoraram e desrespeitaram o julgamento da
justiça desportiva e a revelia condenaram o árbitro Chicão à morte
quando o julgaram como em um tribunal de exceção retirando ele das
escalas.
Nada mais justo que obedecendo uma
decisão judicial, as entidades voltem a escalar Chicão respeitando
seu histórico de escalas e sua categoria de ex árbitro internacional
antes das denuncias pelas quais em parte foi inocentado e em parte
ainda sequer foi julgado.
Qualquer escala fora do seu histórico
anterior ao seu afastamento configura desrespeito a uma decisão
judicial, ao cidadão e ao árbitro que foi julgado e condenado mesmo
sem sequer ter havido julgamento.
Menos mal que, ainda que tardio e
mesmo assim elogiável, a atitude dos dirigentes da Federação
Alagoana de Futebol que vieram a publico informar que vão respeitar
a decisão judicial e colocar o arbitro nas escalas. Esperamos que as
boas intenções demonstradas sejam reais e que não tentem interpretar
de forma pejorativa a lei que certamente vai constranger o árbitro
agravando a situação ainda mais.
|
Oficio da corregedoria da CBF
orientando a não escala do árbitro mesmo este tendo sido
inocentado pelo STJD |