No último dia 10 de dezembro (sábado)
no período de 08 às 12 horas – ocorreu eleição para nova diretoria
no Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado do Ceará (Sindarf).
Encabeçando chapa única, o atual
presidente, João Batista Lucas Correia (foto), teve seu mandato
renovado para mais um triênio (2017/2019). O Pleito contou com a
presença de vinte árbitros dos vinte e oito adimplentes e com
direito a voto no processo eleitoral. Desses, dezenove votaram em
João Lucas e um votou contra.
A eleição uniu os caciques da
arbitragem do Estado, pois além do dirigente contar a partir de
agora com apoio direto de árbitros experientes no que tange o
aspecto administrativo, a nova diretoria contará com ex-árbitros
cearenses consagrados como Márcio Torres (vice-presidente), Mario
Léo (secretario) e Manoel Moita (suplente do conselho fiscal).
Veja abaixo a nova diretoria eleita.
Apuramos que atualmente o sindicato
conta com 83 associados (17 do quadro RENAF). Desses, 70 estão
atuando, 13 são ex-árbitros e apenas vinte e oito estão em dia com
as contribuições sindicais. Apuramos ainda que apenas quatro dos
associados que estariam em dia com suas obrigações pertencem ao
quadro da CBF (Avelar Rodrigo, Luís César Magalhães, Anderson Farias
e Mardônio Ribeiro).
FALA PRESIDENTE
Procuramos João Lucas para que ele falasse das conquistas do atual
mandato e dos planos para a nova gestão que se inicia no próximo
domingo, dia primeiro de janeiro de 2017.
O dirigente disse que assumiu o sindicato com uma excelente relação
de parceria com a FCF, que a entidade tinha patrocínio e adimplência
era total, pois os valores devidos pelos árbitros eram descontados
pela Federação e repassados para o caixa do sindicato!
Mas se engana quem pensa que tudo era rosa na relação com os
árbitros, a FCF devia 74 mil de taxas atrasadas para os árbitros e
tinha ainda dois anos de competição amadora para quitar. Os
árbitros, o elo mais fraco na relação, por medo ou subserviência se
calaram preferindo atuar sem contestar para não sofrerem
represálias.
Sem uma solução ou possibilidade de
dialogo com a FCF, o presidente do sindicato procurou o NUDETOR
(Núcleo do Desporto e Defesa do Torcedor), órgão ligado ao
Ministério Público do Estado do Ceará para assuntos do futebol. No
inicio de 2015, o órgão governamental intervir junto a Federação
Cearense fazendo com que o estatuto do torcedor fosse respeitado.
Desde então todos os jogos foram pagos antes do jogo começar, o que
deve ser muito comemorado, pois faz dois anos que não há dividas de
taxas de arbitragem no futebol profissional do Ceará.
REPRESÁLIAS
Segundo informações, após a denúncia feita ao MP, a FCF passou a
fazer represálias contra João Lucas e ao seu mandado no sindicato. A
Federação supostamente teria passado a só designar árbitros não
ligados ao sindicato e teria proibido o dirigente sindical de falar
com os árbitros durante os treinamentos físicos. A perseguição teria
sido tão grande que a FCF convocou três árbitros da CBF para
discutir valor das taxas para 2016 ignorando a entidade que
representa "todos" os árbitros.
As conseqüências foram danosas ao
sindicato, pois os árbitros com medo tiraram o apoio do sindicato e
muito deles se desfiliaram, principalmente os do quadro da CBF,
deixando de pagar a anuidade e os 5 % dos jogos. Para piorar, os
patrocínios que eram alinhavados com apoio da Federação não foram
renovados o que levou a zero a arrecadação do Sindarf.
Se o enfrentamento dificultou as coisas para o sindicato, para os
árbitros a situação melhorou muito, pois todos foram beneficiados
com a ação movida pela entidade de classe que muito deles renegam ou
renegaram em algum momento. Para os árbitros não faz diferença se o
sindicato está ou não de portas abertas. Não importam nem mesmo se
recebe as taxas em dia desde que sejam escalados.
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Documento convocando árbitros e não sindicato para discutir
valores da taxas 2016 |
CARTA SINDICAL
Outra conquista significativa do primeiro mandato foi a
regularização da carta sindical, o mesmo que mais de vinte
sindicatos espalhados pelo país tentam há uma década sem sucesso até
o presente momento. O sindicato cearense foi o único nos últimos
anos que conseguiu o feito e está regularizado juntamente com outros
três (São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná).
“A filiação a uma central sindical (UGT-União Geral dos
Trabalhadores) foi algo muito importante na agilização do processo.
Agenor Lopes, presidente da UGT, foi o grande responsável por essa
conquista. Sem a UGT não teríamos nossa carta sindica, pois a
burocracia é imensa e a UGT foi essencial!” – disse o dirigente
que completou:
“Agora somos de fato um sindicato com toda documentação em dia”.
Sobre o futuro João Lucas é bastante incisivo e prega a parceria
como única saída.
“Temos uma reunião com o Mauro Carmélio logo no inicio do ano.
Tudo depende dessa reunião, pois deste setembro houve uma
reaproximação com o sindicato, mais é preciso realmente de uma
parceria entre Federação, sindicato e árbitros.” – disse João
Lucas.
Mesmo confiante numa mudança, João
não esconde sua decepção com os associados.
“Ao fim do meu primeiro mandato, vejo uma total indiferença dos
árbitros para com tudo que fizemos, pois é lamentável o árbitro só
pensar em escalas, apenas 28 associados estão adimplentes com o
sindicato. Acredito que o período das brigas já passou e os
associados precisam entender que um sindicato com as portas fechadas
o maior perdedor é o próprio associado!” – encerrou o
presidente.
NOTA DO APITONACIONAL
Tivemos o prazer de conviver algumas vezes com João Lucas, uma
pessoa aberta ao dialogo, transparente, visionário e extremamente
amigo. O bom cearense pode errar por ação, jamais por covardia ou
omissão. O feito que ele conseguiu no Ceará enfrentando sozinho e
vencendo a Federação que saiu de uma situação de dividas com os
árbitros para pagar as taxas adiantadas aliada a regularização da
carta sindical já o torna o presidente mais vitorioso de todos os 27
que formam a Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (ANAF).
Lamentavelmente por covardia e subserviência à Federação, os
árbitros o abandonaram a própria sorte, preferindo formar grupinhos
de fofocas em vez de se unirem a sua entidade de classe para lutar
pelos direitos da categoria. Felizmente o presidente foi forte para
seguir em frente contra tudo e contra todos não os abandonando, o
que seria compreensível, conseguindo as conquistas que foram para
todos. Mas tem muito ainda a ser feito, muitas conquistas pela
frente que só serão alcançadas com união de todos.
Sozinho o árbitro até consegue chegar, mas unidos aos demais
certamente ele vai muito mais longe.
Apitonacional, compromisso só com a verdade! |