Publicidade

 

 
 06/06/2020    07:24hs

"Me senti seguro no jogo", diz árbitro-enfermeiro que trata pacientes com coronavírus

Rafael Martins de Sá trabalha em hospital de Maricá e apitou no Carioca

Rafael de Sá - Crédito: Facebook
Publicidade

Do apito final da partida entre Portuguesa e Botafogo, pela 5ª rodada da Taça Rio, até o ponto batido em um hospital em Maricá, foram apenas 12 horas de diferença. A vida do árbitro Rafael Martins de Sá sempre se dividiu entre a enfermagem e os apitos, mas ganhou uma rotina ainda mais árdua com o avanço do novo coronavírus. Ele é um dos vários heróis silenciosos que estão na linha de frente do combate à Covid-19 e se tornou um elo importante no debate sobre o retorno do futebol em meio à pandemia.

Aos 35 anos, Rafael faz parte da Relação de Arbitragem de Futebol do Estado do Rio e da CBF, e está sendo convocado para alguns jogos do Campeonato Carioca. Por outro lado, também é enfermeiro e exerce esta função há 13 anos. Entre apitos e jalecos, vê a "cansativa rotina" se dividir entre escalas do Estadual e dos plantões no Hospital Municipal Conde Modesto Leal, na Região dos Lagos.

"É uma rotina que já foi mais difícil. Logo no início da minha carreira como árbitro, estava fazendo mais plantões. Trabalhava em dois lugares e também fazia jogos. Era cansativo e foi se tornando mais difícil conciliar. Hoje eu consegui uma carga horária boa para mim, que dá para conciliar a enfermagem com a arbitragem. Exige muita carga física e emocional" - conta Rafael.

Devido à pandemia, as escalas de Rafael sofreram algumas alterações. Anteriormente, ele atuava na área de emergência do Hospital, auxiliando na entrada de pacientes que sofreram acidentes — principalmente os de trânsito. Com o aumento no número de casos da Covid-19, sua função mudou e agora está na clínica médica, que trata de casos de pneumonia, diabetes, infecção, feridas, entre outros.

Enfermeiro Rafael M. de Sá - Crédito: Facebook

O vínculo com a área da saúde tornou Rafael uma voz importante no debate sobre o retorno do Campeonato Carioca e a implementação do protocolo 'Jogo Seguro', elaborado pela Ferj ao lado dos clubes do Rio. Questionado, o árbitro lembra que "não existe protocolo 100% eficaz", mas garante ter se sentido seguro quando voltou a apitar após a paralisação.

"Ter voltado ou não neste momento, deixo a cargo das autoridades competentes. São elas que estudam essa parte. Eles que montaram protocolos para esse retorno. O que posso dizer é que me senti seguro na partida entre Portuguesa x Botafogo. Dificilmente vamos encontrar algo 100% eficaz. Nem no hospital é 100% eficaz. Mas posso dizer pelo que eu senti. Nós realizamos testes, tivemos torneira de alcool-gel, acionamento por pedal, máscaras..."  confirma Rafael.

Em meio à guerra contra um "inimigo invisível", como ele se refere à Covid-19, Rafael perdeu pessoas importantes nas duas áreas em que atua. Na arbitragem, viu um amigo que apitava na Liga Niteroiense, competição de futebol amador, falecer por complicações da doença. A mesma situação atingiu outra amiga, que trabalhava como profissional da área de enfermagem.

"Não se compara um erro meu em um hospital, que vale uma vida, com o futebol. Mas você pode ter certeza que o comprometimento e a tensão é a mesma. No hospital eu trabalho com uma equipe multidisciplinar. Quando você está fazendo a ressuscitação do paciente, você conta com uma equipe. No futebol também. Trabalho com um quarto arbitro e dois assistentes, eu dependo deles e eles de mim. Sem comparar vidas com futebol, um depende do outro" - completa o árbitro.

Rafael não é o único a atuar também na área da saúde. Em Minas Gerias, outro árbitro fez o mesmo. O mineiro Igor Junio Benevenutto decidiu ajudar na luta contra o coronavírus. Em meio à paralisação, o árbitro passou a dar plantão na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade de Sete Lagoas (MG). Benevenutto concluiu a faculdade de enfermagem em 2012.

Rafael M. de Sá nas duas funções - Crédito: Facebook

As informações são de Marcello Neves/O Globo

Siga o Apitonacional nas redes sociais

Facebook.com/apitonacional

Twitter.com/apitonacional

Instagram/

Apitonacional, compromisso só com a verdade!

 

Publicidade

 

Copyright © 2009     -     www.apitonacional.com.br ® Todos os direitos reservados