com os árbitros e propor um modelo
para melhorar o sistema.
O órgão governamental que atua no
direito trabalhista organizou audiência
publica no dia 7 de novembro na sua sede no Rio de Janeiro e apesar
de convocada, a CBF não enviou nenhum representante. Mesmo com a
ausência da principal empregadora dos árbitros, o procurador
encontrou diversos problemas e irregularidades ouvindo sindicalistas
e representantes de algumas federações que estiveram presente na
audiência. O Ministério Público do Trabalho
requisitou documentos das avaliações dos árbitros com notas dadas
pelos inspetores de federações a mando da CBF. Os documentos mostram
que, entre os 20 principais árbitros de 2011 a 2015, a variação das
notas não é maior do que um ponto na média. Com essa pequena
diferença, as avaliações não têm peso quase nenhum nas escalas que
depois são sorteadas. É o que
contou o ex-presidente da comissão de arbitragem da CBF Sergio
Corrêa, em depoimento em maio de 2016: ''Que as notas geram uma
média que influirá, apesar de que faticamente pouco altera, a
classificação nacional de árbitros: que essa classificação tem peso
maior com a participação em jogos'', disse ele. E acrescentou: ''Que
a nota pouco influi porque a variação das notas é baixa''.
Na prática, Corrêa expõe que ele e os
membros da comissão de arbitragem que decidem as escalas para
sorteio. O mesmo vale para a escolhas de árbitros FIFA e aspirantes.
O número de participações em jogos, com atuações ruins ou boas, tem
muito mais peso do que as notas.
Foram ouvidos entre oito e dez árbitros e ex-árbitros em
depoimentos. Suas declarações levaram a mesma constatação de falta
de critério claro nas escolhas dos juízes para partidas do
Brasileiro. Um outro documento da CBF mostra que a escolha da
árbitros aspirantes FIFA é feita por votação na comissão sem nenhuma
utilização das avaliações.
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Relação entre
CBF e árbitros: Entidade tem prerrogativa de escalar, dar
instruções e decidir a vida deles no campo, mas não quer
relação trabalhista |
''A escala é subjetiva, é aleatória''. contou Carelli. ''Os
critérios são subjetivos e não objetivos. Se o observador faz
relatórios, essa análise deveria ser levada em conta. As escalas das
partidas das Séries A e B têm que ter critério objetivo''. Segundo o
procurador, no formato atual, a escala não permite uma igualdade de
oportunidade para os árbitros, o que fere a relação trabalhista.
''No depoimento (Sergio Corrêa), ele deixa claro que ele que
decide.'' O procurador
lembrou que a classificação dos árbitros por participação em jogos
tende a criar um ciclo vicioso em que sempre os mesmos são
escalados. Ele critica a relação estabelecida entre a CBF os
árbitros, e até com a comissão de arbitragem. Isso porque a entidade
tem a prerrogativa de escalar, dar instruções e decidir a vida deles
no campo, mas não tem uma relação trabalhista.
O próprio Corrêa disse que nem era
empregado da CBF, nem nenhum membro da comissão. Teoricamente, ele
afirmou que a comissão de arbitragem é independente, mas toda paga
pela confederação. ''A CBF
quer o melhor dos mundos. Ela quer ter um real controle sobre os
árbitros, mas sem dar nenhuma contrapartida. Se quer ter controle,
tem que profissionalizar e estabelecer um vínculo'', contou
procurador. Ele cita o exemplo da punições aos árbitros que erram.
''Quando coloca um árbitro na geladeira, a CBF assume um ato de
empregador. Mistura-se a autonomia que tem o árbitro com regras de
ingerência.'' A ANAF
(Associação Nacional de Árbitros) foi ouvida no inquérito por meio
do seu vice-presidente, Jamir Carlos Garcez. A entidade pleiteou a
profissionalização dos árbitros como ocorre na Inglaterra, Espanha e
Argentina. Há outros países como Portugal. Nestes países, os
árbitros compõem um grupo restrito, têm salários fixos e uma parte
variável por atuação em jogos.
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A
CBF quer o melhor dos mundos. Ela quer ter um real controle
sobre os árbitros, mas sem dar nenhuma contrapartida.
Rodrigo Carelli |
Esses modelos foram estudados pelo
Ministério Público do Trabalho que após ouvir as partes vai propor
um sistema de profissionalização. Uma possibilidade pensada pelo
procurador é a requisição de que a CBF mantenha os árbitros como
empregados com relação empregatícia estabelecida, assim como a
comissão de arbitragem. A outra possibilidade é pedir a criação de
uma entidade independente de fato da entidade para cuidar da
arbitragem.
Ressalte-se: se a CBF rejeitar, o
MPT deve ir à Justiça para tentar impor as medidas.
Questionada pela reportagem, a CBF
informou que estaria na audiência pública do Ministério Público do
Trabalho, o que de fato, não se confirmou. A entidade se recusou a
se pronunciar sobre o assunto.
Com informações do Blog do Rodrigo
Mattos
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