A Copa America começa na noite
desta quinta-feira (20), com Argentina, a ultima campeã, e Canadá
fazendo a partida de abertura (A seleção brasileira estreia no dia
24, contra a Costa Rica, às 22h). Dos 101 árbitros convocados, oito
são mulheres que vão quebrar novas barreiras na arbitragem na
competição. O torneio de seleções mais antigo do mundo terá pela
primeira vez árbitras mulheres e duas delas são brasileiras: Edina
Alves e Neuza Back. Mary Blanco (COL), e Migdalia Rodríguez
completam o time da CONMEBOL.
Também estarão atuando na
competição as americanas Maria Penso, Brooke Mayo (EUA) e
Kathryn Nesbitt e Tatiana Guzmán (NIC). Todas elas representes da
Concacaf.
A brasileira Edina Alves e a
americana Mary Victoria 'Tori' Penso serão árbitras principais,
enquanto a brasileira Neuza Back, a colombiana Mary Blanco, a
venezuelana Rodríguez e as americanas Brooke Mayo e Kathryn Nesbitt
foram escolhidas para estar no evento como assistentes. Por fim, a
nicaragüense Tatiana Guzmán trabalhará na arbitragem de vídeo, o
VAR.
- O momento (da consulta) chegou
foi uma avalanche de emoções — lembra Rodríguez com um sorriso. - O
que fiz foi gritar de emoção. Comecei a pular, porque estava focada
nos Jogos Olímpicos, esse era o objetivo principal.
A venezuelana enfatiza que, em
2009, quando começou a atuar como árbitra, "as oportunidades para as
mulheres no futebol masculino não eram tão abertas". Hoje, segundo
ela, é algo do "cotidiano".
Eventos como a Copa Sul-Americana
e a Copa Libertadores já foram paradas anteriores para ela, que se
tornou juíza internacional em 2016, em meio a uma abertura cada vez
maior para a arbitragem feminina.
- Temos trabalhado para isso.
Desde que comecei, minha preparação física sempre foi focada em
querer chegar aos torneios masculinos - destaca Rodríguez.
As barreiras vêm caindo desde os
tempos em que, após disputar uma partida em Valência, no seu estado
natal, Carabobo (centro-norte da Venezuela), foi convidada pelo
árbitro internacional Luis Solórzano para um curso de arbitragem.
Ela amou aquele mundo.
Um teto de vidro explodiu em mil
pedaços na Copa do Mundo do Catar 2022, com árbitras e assistentes,
incluindo duas das que estarão na Copa América: Neuza Back e Kathryn
Nesbitt.
Em 2021, Edina Alves foi a
primeira mulher a apitar um jogo do Mundial de Clubes. A Copa do
Mundo de 2026, nos Estados Unidos, Canadá e México, é o próximo
grande desafio para elas.
Conheça as brasileiras que farão
parte da arbitragem da Copa América
Edina
Alves
|
Edina Alves já apitou outra Copa do Mundo
Feminina, em 2019 - Foto: Thais Magalhães/CBF |
Formada em educação física, a
árbitra paulista, de 44 anos, faz parte do quadro da CBF desde 2007.
Mas ela só começou a fazer história no futebol nos últimos cinco
anos. Em maio de 2019, ela foi escalada para apitar o confronto
entre CSA e Goiás e se tornou a primeira mulher a comandar um jogo
da Série A do Brasileiro, após 14 anos (Silvia Regina de Oliveira
foi a precursora). Naquele mesmo ano, ela fez parte da arbitragem da
Copa do Mundo feminina na França.
Dois anos depois, ela voltou a ser
destaque pelo pioneirismo. Em 2021, Edina foi a primeira mulher a
apitar uma partida do futebol masculino numa competição da FIFA, da
qual faz parte do quadro de árbitros desde 2016. Ela comandou o jogo
entre Al Duhail, do Catar, e o sul-coreano Ulsan Hyundai, pelo
Mundial de Clubes. Também naquele ano, a árbitra alcançou mais dois
feitos: apitou o clássico entre Corinthians e Palmeiras, pelo
Paulistão, e fez parte do primeiro trio feminino a comandar um jogo
da Libertadores (Defensa y Justicia x Independiente del Valle).
Edina será um dos seis
representantes brasileiros nos Jogos Olímpicos de Paris para os
torneios de futebol.
Neuza
Back
|
Neuza Back, assistente de arbitragem,
durante testes físicos para o Mundial de Clubes - Foto:
Lucas Figueiredo/CBF |
A árbitra assistente de 39 anos,
também formada em educação física, tem sido parceira de Edina Alves
nos feitos da arbitragem feminina brasileira. Parte do quadro da CBF
desde 2009, ela estreou na Série A do Brasileiro como bandeirinha no
confronto entre Grêmio e Barueri daquele ano.
Em 2014, passou a fazer parte do
quadro da FIFA como árbitra assistente, e, dois anos depois, foi
escalada para os Jogos Olímpicos do Rio-2016. Considerada a
principal assistente do país, Neuza coleciona grandes partidas. Ela
fez parte do trio da final da Copa do Brasil de 2019, entre
Athletico e Internacional, e da semifinal da Copa do Mundo feminina
daquele ano entre Inglaterra e Estados Unidos.
A primeira partida masculina
internacional aconteceu em 2020. Neuza fez parte do trio do jogo
entre Peñarol e 1 Vélez Sarsfield, pela Copa Sul-Americana. Ao lado
de Edina Alves, ela entrou para a história do futebol ao compor o
primeiro trio de mulheres numa competição masculina da FIFA (Mundial
de Clubes de 2021) e num torneio da Conmebol (Defensa y Justicia x
Independiente del Valle, pela Libertadores.
Neuza ainda foi escalada para as
Olimpíadas de Tóquio-2020 e para a Copa do Mundo Catar de 2022,
sendo uma das seis mulheres que pela primeira vez atuaram num
Mundial masculino. Ela também faz parte do quadro dos Jogos de
Paris-2024.
- É um alto compromisso assumido
pela Conmebol desde 2016, que aposta no desenvolvimento e na
profissionalização de mais mulheres dentro e fora do campo de jogo,
impulsionando um futebol com igualdade em diferentes torneios -
afirmou a confederação sul-americana de futebol.