Um breve comunicado da Federação
Paulista de Futebol (FPF) colocou fim à passagem de Ana Paula
Oliveira como presidente da Comissão Estadual de Arbitragem na
quinta-feira (19). A explicação para a troca no comando não está no
texto publicado no site oficial da entidade, mas passa por
diferentes incômodos com a profissional nos bastidores, segundo
apurou a ESPN.
Oficialmente, a FPF atribuiu a
mudança a um objetivo de reformular o departamento de arbitragem,
buscando principalmente uma renovação em seu quadro. Havia, porém,
muita insatisfação com a postura de Ana Paula no cargo, tanto em
termos de relacionamento, quanto de atuação, por exemplo, em suas
redes sociais – o que chegou a gerar desgaste público.
Pessoas ouvidas pela reportagem,
ligadas ao comando da federação, descreveram Ana Paula como
“arrogante”, algo que gerava incômodo há algum tempo internamente.
O entendimento da FPF também é que
o chefe da arbitragem deve ter um perfil mais discreto, diferente do
de Ana Paula, ativa nas redes sociais e afeita a aparições públicas.
Um episódio especificamente,
ligado a essa questão, repercutiu muito mal e gerou problema difícil
de ser contornado. Em 2022, na final do Campeonato Paulista entre
São Paulo e Palmeiras, Ana Paula publicou vídeos em seu Instagram no
Morumbi, em um camarote, mas com diversos torcedores do clube
mandante, já que a partida tinha torcida única.
O Palmeiras também saiu bastante
insatisfeito com a atuação dos árbitros do duelo – o técnico Abel
Ferreira chegou a falar em “campeonato manchado”. Após a partida,
porém, alheia às reclamações, Ana Paula postou foto com a equipe de
arbitragem com a palavra “orgulho”. A própria FPF repreendeu a
profissional, definindo suas postagens como “inadequadas”.
A ESPN também ouviu Ana Paula
Oliveira, que viu a saída da FPF como “normal”, fruto de uma
“mudança estrutural e filosófica” na entidade. Sobre o episódio no
Morumbi, ela também minimizou o impacto em relação à demissão.
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Ana Paula de Oliveira (centro) na sede da
Confederação Brasileira de Futebol (CBF) - Crédito: Glauco
Fernandes/Gazeta Press |
“Deu em nada. Segui em frente,
e conseguimos entregar mais competições com qualidade e com números
impressionantes, que foi a desta temporada 2023. Estou
supertranquila e feliz com o trabalho realizado” - disse ela,
que comandava a arbitragem paulista desde dezembro de 2019.
Do ponto de vista do trabalho
realizado por Ana nesses quase quatro anos, a principal crítica da
FPF é em relação à renovação da arbitragem. Luiz Flávio Oliveira,
por exemplo, deixou o quadro da Fifa, e São Paulo não teve nenhum
novo árbitro pronto para estar nesse nível.
Ana Paula também questiona essa
visão. “Já estamos renovando. Você verá um plantel de árbitros
abaixo de 30 anos que nós preparamos. Este ano, tivemos vários
árbitros renovados. Entre as séries A1, A2 e A3. Só precisamos
emplacar esses jovens na CBF. Mas aqui em São Paulo já temos.”
Fato é que, entre os árbitros
paulistas, a mudança no comando da Comissão gerou surpresa. Isso
porque Ana Paula vinha tocando normalmente suas funções, inclusive
durante esta semana. Na segunda-feira (16), por exemplo, ela
participou de uma reunião do VAR para o Paulistão 2024. Na quarta,
aconteceria um simulador do VAR, que acabou cancelado de última
hora, gerando suspeitas que acabaram se confirmando no dia seguinte,
com o anúncio da troca.
Sem Ana Paula Oliveira, a
presidência da Comissão foi assumida, interinamente, segundo a FPF,
por Silvia Regina de Oliveira, ex-árbitra, instrutora Fifa e
integrante do Comitê de Desenvolvimento da Arbitragem da federação.
Embora fora da FPF, Ana Paula
entende que a entidade será sempre sua “casa”. “Sinceramente, não
tenho mágoa alguma. Se hoje me sinto pronta para assumir novos
desafios na gestão de arbitragem, devo a Federação. Que será sempre
minha casa!”
As informações são da ESPN