A Saudi Pro League conseguiu um
grande papel de evidência no mundo do futebol entre os últimos
meses. Contando com os investimentos financeiros do Fundo de
Investimento Público local, astros do futebol europeu, como Neymar e
Cristiano Ronaldo, optaram por topar movimentos em direção à Arábia
Saudita.
Além de jogadores, o projeto de
expansão da liga também envolve a ida de árbitros renomados nos
âmbitos nacionais para apitar partidas do campeonato. Embora pareça
novidade, a participação de árbitros estrangeiros na liga saudita
vem de longe, como destaca um dirigente.
- Esse processo já é realizado
há alguns anos, a Arábia Saudita costuma convidar árbitros de outras
ligas para dirigir os clássicos de lá. Agora é que isso está ficando
mais em evidência, por causa da chegada desses jogadores de
expressão.
A liga saudita busca árbitros
sul-americanos desde 2016. Além de brasileiros como Wilton Sampaio,
Bráulio Machado, Ramon Abbati e Raphael Claus, já trabalharam no
país nomes como o argentino Nestor Pitana, os venezuelanos Jesus
Valenzuela e Alexis Herrera, o colombiano Wilmar Roldán e o uruguaio
Andrés Matonte - os dois últimos, inclusive, atuaram na atual
temporada.
Entre os árbitros de outras confederações continentais que apitaram
jogos recentemente estão o italiano Daniele Orsato, presente em duas
das sete primeiras rodadas, o húngaro Tamas Bognár, o romeno Istvan
Kovacs, o guatemalteco Mario Escobar e o salvadorenho Ivan Cisneros.
Mais uma equipe de arbitragem
brasileira foi chamada para trabalhar na Arábia Saudita. Quatro
representantes do país irão embarcar neste domingo (29) para
comandar um jogo do campeonato de Cristiano Ronaldo, Neymar,
Firmino, Benzema e companhia. A integração é objetivo do comando do
futebol por lá e tem justificativa financeira.
Segundo uma fonte na CBF, até o
ano passado o convite já chegava à Conmebol com o nome do árbitro
que os árabes queriam ver apitando em sua liga. Mas, atualmente, a
escolha fica a cargo das federações nacionais.
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Cristiano Ronaldo reclama com Anderson
Daronco em partida do Al-Nassr, na Arábia Saudita - Crédito:
Francois Nel/Getty Images |
- Hoje a liga árabe entra em
contato com a Conmebol para solicitar um árbitro, a Conmebol decide
de qual associação membro será o juiz e informa, no caso do Brasil,
a CBF. A partir disso nós entramos em contato direto com a Arábia, e
é a CBF que escolhe o árbitro de acordo com a disponibilidade da
escala - explicou a fonte.
Os escalados
O árbitro Paulo César Zanovelli,
os assistentes Nailton Oliveira e Alex Ang Ribeiro e o VAR Rodolpho
Toski Marques foram chamados para comandar o confronto entre entre
Al-Ahli e Abha pelas oitavas de final da Copa do Rei da Arábia
Saudita que acontece na próxima terça-feira, dia 31 de outubro, às
15 horas de Brasília. Eles viajam na noite deste domingo (29).
Recentemente, Anderson Daronco já
tinha comandado a vitória por 4 a 3 do Al-Nassr sobre o Al-Ahli. Em
agosto, Ramon Abbati Abel tinha apitado a vitória do Al-Hilal sobre
o Al-Ettifaq por 2 a 0. Entre os europeus, nomes como Michael Oliver
e Mateu Lahoz também foram convidados a apitar jogos no Oriente
Médio.
A Conmebol já tem feito este tipo
de intercâmbio: o argentino Fernando Rapallini apitou a Eurocopa de
2020 e tem árbitros da Uefa vindo apitar a Copa América. Este tipo
de intercâmbio é positivo, pois você traz experiências novas para o
futebol.
Intercambio?
O suposto e estranho intercâmbio,
pois pelo que se saiba nenhum árbitro saudita atuou em partidas no
Brasil ou em qualquer outro país sul-americano, faz parte de um
acordo firmado entre a Federação de Futebol da Arábia Saudita, a
Conmebol e a CBF.
Motivação financeira
Segundo o jornal inglês 'The
Times', a Arábia Saudita quer atrair também os melhores árbitros da
Premier League (primeira divisão inglesa) para lá. Para isso, o
plano é oferecer o pagamento de 4 mil libras (R$ 24 mil na cotação
atual) por partida. O valor iguala o salário mensal dos melhores
árbitros da Inglaterra.
A condição financeira também está
presente na ida de brasileiros para apitar jogos do Sauditão.
No Brasil, um árbitro recebe em
média R$ 6.500 por partida se tiver escudo FIFA. O valor cai para R$
4.700 caso seja CBF. E o prêmio de apitar na Arabia é bem
recompensado pelos petrodólares pagando taxas quatro vezes maiores
que no Brasil.