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Aron Dresch - Crédito: Marcus
Mesquita/MidiaNews |
Absurda, arbitraria e com requinte de
tirania a declaração de Aron Dresch, presidente da Federação
Mato-grossense de Futebol (FMF), ameaçando punir os árbitros que
atuarem no futebol amador. As ameaças foram feitas na ultima
terça-feira (16) durante o Conselho Arbitral da Primeira Divisão do
Futebol Estadual. Segundo o dirigente, o árbitro que atuar em
campeonatos amadores de Cuiabá e outras regiões do Estado serão
rebaixados para a fase inicial da carreira.
O dirigente ainda disse que não se
pode permitir que o árbitro relacionado para as divisões
profissionais do futebol estadual e até mesmo de competições
promovidas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) aceitem
apitar partidas do futebol amador.
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Aron vetou patrocínio de 25 mil entre
sindicato e Ligraf - foto divulgação |
“Estamos falando de
profissionalismo, deixar o nosso futebol cada vez mais profissional,
em condições de chegar a Série A do futebol brasileiro, de
conquistar títulos nacionais e internacionais. Portanto, não podemos
aceitar, neste contexto, que a nossa arbitragem seja tão amadora.
Ela também tem de ser profissional, se conscientizar disso” -
disse o dirigente que acrescentou:
“Quem não cumprir a nossa ordem será punido. Queremos que nossos
árbitros sejam altamente capacitados, que possam ser lembrados para
apitar partidas nacionais e não amadoras. Todos vão ter de se
enquadrar em nossas determinações” - encerrou Aron Dresch.
Fora a taxa irrisória que a Federação
paga por partida para cada árbitro (600 reais no ultimo estadual), a
entidade não tem campeonatos e nem condições de exigir que os
profissionais do apito trabalhem só para ela. Além disso, os
árbitros não tem carteira assinada com a FMF, são autônomos e não
podem ser proibidos de trabalharem onde quiserem ou ameaçados de
punição por estar exercendo a profissão onde complementam a renda
familiar. Essa declaração do presidente da Federação é digna de
senhores do engenho acostumados em botar cabresto em seus
trabalhadores que eram tratados como se escravos fossem.
A Federação Mato-grossense de Futebol
vive ainda no sistema de coronelismo. Seu atual presidente, Aron
Dresch é, juntamente com seu irmão Alessandro Dresch, proprietários
da Drebor Borrachas e do clube empresa Cuiabá Esporte Clube. Ao
assumir a entidade em maio de 2017, Aron manteve o Cel. Magalhães
(Altair das Neves Magalhães), ex-comandante da Polícia Militar do
Mato Grosso, no comando da arbitragem que teria ameaçado deixar os
árbitros Alinor Paixão, Marcelo Alves e Rodrigo Fonseca fora da
lista da CBF por supostos erros contra o Cuiabá.
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Cel. Magalhães comanda com punho de
aço arbitragem mato-grossense desde 2006 - Crédito:
Robson Boamorte |
Para aumentar a crise, Alinor Paixão,
presidente do sindicato, teria uma empresa de arbitragem que atua no
futebol amador na região.
Segundo ainda as informações, após a
posse, o dirigente vetou o patrocínio de 25 mil reais ano que o
sindicato dos árbitros mantinham com a gráfica Ligraf.
Nota do Apitonacional
O
Apitonacional repudia a declaração do dirigente e clama
os dignos representantes da arbitragem tanto a nível estadual no
nome de Alinor Paixão, presidente do sindicato dos árbitros local e
Marco Antônio Martins, presidente da Associação Nacional dos
Árbitros de futebol (ANAF) para que intercedam em nome dos árbitros
perante a Federação Mato-grossense e junto ao Ministério Publico do
Trabalho (MPT) que certamente colocara a entidade no seu devido
lugar.
O que
disseram
Procuramos Alinor Paixão, presidente
do Sindicato dos Árbitros de Mato Grosso (SINDAMAT) para que falasse
sobre a declaração do presidente da FMF. Segundo Alinor, a atitude é
arbitrária e ilegal e que na manhã desta sexta-feira (19) a
diretoria fará uma reunião onde buscara providencias para defender
os árbitros.
"Infelizmente no Brasil árbitro é
visto como algo indiferente que não valorizam e nem respeitam, mas
faremos de tudo para defender e resguardar a integridade moral dos
árbitros" - disse Alinor.
Não conseguimos contatar Aron Dresch.
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Alinor Paixão, árbitro CBF,
presidente do sindicato dos árbitros e dono de empresa
de arbitragem - Crédito: Gazeta Press |