CBF
exalta trabalho com arbitragem, mas ignora árbitro lesionado
que espera a seis meses para ter despesas ressarcidas
Comissão de Arbitragem reunida: Trabalho bem feito ou
propaganda enganosa?
O site da CBF publicou no ultimo
sábado (12), matéria sobre a reunião da Comissão de Arbitragem com
todos seus membros, treze pessoas, onde foi divulgado um balanço da
temporada e o planejamento para os próximos anos.
Publicidade
Segundo a matéria foram debatidos
critérios para o aproveitamento dos árbitros nas competições
organizadas pela CBF nas temporadas de 2017 e 2018. Entre as pautas,
estiveram medidas para cruzar dados e informações sobre os árbitros
e os assistentes.
O recém-empossado Marcos Marinho,
presidente da comissão de arbitragem, disse que o planejamento
inclui a formação do quadro de árbitros e a organização de
treinamentos.
Grifo nosso: A pergunta é:
quando a CBF formou um árbitro e desde quando ela tem quadro de
árbitros?
Enquanto a CBF
vende uma imagem de organização, de comprometimento com a
arbitragem, casos como a do baiano Arilson Bispo da Anunciação
mostram justamente ao contrario, mostra que a entidade se preocupa
com a imagem dela, mas jamais com as necessidades dos árbitros.
Arilson deixando o campo lesionado
Entenda
Arilson Bispo da Anunciação se
lesionou no dia 27 de abril deste ano no inicio da partida entre
Santa Cruz e Campinense, confronto de ida pela final da Copa do
Nordeste disputada no Estádio do Arruda em Recife-PE (vídeo abaixo).
Após a cobrança de um escanteio, no
momento que iniciava deslocamento para acompanhar jogada, Arilson
sofreu uma gravíssima contusão que exames posteriores apontaram como
rompimento total do tendão medial da panturrilha o que o impediu de
prosseguir na partida sendo de imediato substituído pelo quarto
árbitro.
Um mês depois passou
por cirurgia, teve que usar botas de proteção por seis semanas e
ficou noventa dias afastado de qualquer atividade fazendo a
recuperação.
Arilson foi
informado pela CA-CBF que o seguro que a CBF contrata para as
partidas, como exige o estatuto do torcedor, iria reembolsar todas
as despesas, mas apesar de todos os esforços e solicitações
burocráticas à entidade, até hoje (sete meses depois) o árbitro não
recebeu sequer um centavo do dinheiro gasto na sua recuperação assim
como ressarcimento dos dias parados.
Apesar de ser vice-presidente regional
da ANAF (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol), Arilson não
teve desta a ajuda efetiva e merecida que necessitou nesse episodio,
ou seja, uma intervenção firme de uma entidade que se diz
representante dos árbitros.
Desabafo
Se a entidade não fez seu papel como
era esperado, seu diretor financeiro, Salmo Valentim, ficou
indignado com a matéria exaltando o trabalho da CBF com a arbitragem
enquanto na realidade não cumpre o papel como deveria e deixou seu
recado cobrando tratamento digno aos árbitros.
“Como disse Rui Barbosa: de tanto
ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de
tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se os poderes
nas mãos dos maus, o homem chega a se desanimar da virtude, rir da
honra e ter vergonha de ser honesto” – disse Valentim.
O dirigente ainda acusou a CBF de
lavar as mãos no momento em que o árbitro mais precisou.
“Arilson foi
abandonado pela CNA que simplesmente lavou as mãos no momento que
ele mais precisou na sua carreira. Simplificando, o projeto é de
poder pessoal e não coletivo. O que adianta uma reunião com tantos
membros, se um profissional fica afastado por seis meses de suas
atividades por um acidente em pleno exercício da profissão e é
simplesmente jogado no lixo. Nem o seguro acidente que deveria estar
pago, estava, conforme informou por escrito a corretora responsável
pelo seguro de acidentes. Todos esses documentos foram devidamente
enviados para a CNA. Até quando vamos admitir estas indiferenças com
a pessoa humana...” -
acrescentou Salmo.
Carta do Itaú informando que
o árbitro não estava assegurado como informou a CBF
Salmo
ainda atacou as condições mínimas de trabalho e frisou que os
árbitros não são como copos descartáveis.
“Não somo copos descartáveis...
Somos árbitros e antes disso... Somos homens dignos, sérios, honesto
e comprometidos com o trabalho, mesmo sem as mínimas condições
necessárias para o desempenho de excelência da profissão” –
encerrou Salmo Valentim.
Retorno
Ainda sem ser ressarcido, Arilson retornou aos treinamentos
na semana passada