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    São Paulo - 17/03/2023    06:27hs

Tribunal investiga Barcelona por corrupção na arbitragem; Federação Espanhola se manifesta

Clube Catalão pagou cerca de 7 milhões de euros para empresa do ex-árbitro José Negreira, enquanto este era vice-presidente do comitê de arbitragem

Joan Laporta, presidente do Barcelona, durante entrevista coletiva pelo clube - Crédito: Lluis Gene/ Getty Images
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O Tribunal espanhol aceitou a denúncia apresentada pelos promotores contra o Barcelona na semana passada e abrirá uma investigação sobre as denúncias de corrupção envolvendo árbitros.

Os promotores apresentaram acusações contra o clube catalão na última sexta-feira (10) após a revelação de pagamentos feitos a José Maria Enriquez Negreira, ex-vice-presidente do comitê de arbitragem, equivalente à nossa comissão de arbitragem da CBF comandada por Wilson Seneme.

Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu, ex-presidentes do Barcelona, Oscar Grau e Alber Soler, ex-executivos do clube, e Negreira também são listados como réus no caso.

Todos são acusados de corrupção no esporte, corrupção nos negócios, falsa administração e falsificação de documentos comerciais.

O Barcelona pagou à empresa de Negreira cerca de 7 milhões de euros entre 2001 e 2018, enquanto ele era o vice-presidente do comitê de arbitragem. Ele já havia arbitrado na primeira divisão espanhola.

Joan Laporta, atual presidente do Barça, disse que os pagamentos eram para ‘relatórios técnicos sobre árbitros’ e negou que o clube tenha ‘comprado árbitros ou influência’.

No entanto, na acusação apresentada, os promotores acusaram Rosell e Bartomeu de terem um acordo com Negreira no qual ‘ele realizaria ações visando favorecer o Barcelona na tomada de decisão dos árbitros nas partidas disputadas pelo clube e, portanto, nos resultados das competições’.

Rosell foi presidente do clube de 2010 a 2014 antes de Bartomeu substituí-lo. Depois de seis anos à frente do clube catalão, Bartomeu renunciou em 2020, e Laporta foi eleito como substituto em 2021.

Laporta - que será citado como testemunha no caso porque sua primeira passagem como presidente foi entre 2003 e 2010 - diz que as acusações são resultado de uma campanha para manchar a imagem do clube.

Javier Tebas, presidente de LaLiga, disse estar ‘envergonhado’ com o caso e criticou Laporta por não dar uma explicação apropriada a respeito dos pagamentos.

O dirigente disse que LaLiga não pode punir o Barcelona com uma sanção esportiva devido ao tempo decorrido. Uefa e FIFA podem intervir, e as autoridades do futebol espanhol informaram que a Uefa solicitou informações sobre o caso.

Quem é Negreira

O ex-árbitro FIFA José María Enríquez Negreira é natural de Barcelona, nasceu em 1945, era vinculado à federação catalã, estreou na primeira divisão nacional aos 34 anos e encerrou aos 46 atuando por 13 temporadas na principal divisão do campeonato espanhol, mas especificamente de 1975 a 1992.

José María Enríquez Negreira - Crédito: Reprodução / Divulgação

Em 1994, depois de se aposentar do apito, Negreira passou a ocupar o cargo de vice-presidente da comissão técnica de árbitros, cargo que ocupou até o final da temporada 2018.

Quando chegou à comissão técnica de árbitros, Enríques Negreira fundou uma empresa denominada 'DASNIL 95 SL', que, segundo a 'Cadena Ser', se dedicava ao "comércio grossista de produtos alimentares", embora em 2000 tenha mudado razão social para oferecer "serviços de publicidade para empresas, promoções, impressão de textos e realização de vídeos esportivos para marketing".

O que diz a Federação

Sede da RFEF - Crédito: Reprodução / divulgação

A Federação Espanhola de Futebol se manifestou na última quarta-feira (16). Em comunicado, a RFEF afirmou que tem colaborado com a investigação. A entidade reportou o envio à Uefa de documentos pertencentes ao Departamento de Integridade da Federação.

“A RFEF está colaborando desde o primeiro momento com as autoridades competentes para facilitar ao máximo o trabalho de investigação destes acontecimentos, que antecedem a atual gestão”, citou a entidade.

“Vale reiterar o inquestionável empenho da RFEF neste caso, iniciando uma investigação interna assim que o incidente foi conhecido. A Federação, pronta a colaborar em todos os momentos, quer que se chegue até ao fim e pede, por sua vez, a serenidade necessária e aconselhável que ajude a atenuar o clima de tensão que se tem criado face à coletividade de arbitragem”.

Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu, ex-presidentes do Barcelona, Oscar Grau e Alber Soler, ex-executivos do clube, e José Maria Enriquez Negreira também são listados como réus no caso. Todos são acusados de corrupção no esporte, corrupção nos negócios, falsa administração e falsificação de documentos comerciais.

Veja abaixo o comunicado emitido pela Federação Espanhola

“A Real Federação Espanhola de Futebol se pronunciou no processo, uma vez que foi admitida pelo Tribunal de Instrução de Barcelona a denúncia do Ministério Público sobre pagamentos do FC Barcelona ao ex-vice-presidente do Comitê Técnico de Árbitros, José María Enríquez Negreira.

Além disso, tendo analisado a situação, a RFEF já enviou ao Diretor de Integridade da UEFA o relatório do Departamento de Integridade da Federação e toda a documentação referente.

A RFEF está colaborando desde o primeiro momento com as autoridades competentes para facilitar ao máximo o trabalho de investigação destes acontecimentos que antecedem a atual gestão. A UEFA também foi informada da representação no tribunal pela Real Federação Espanhola de Futebol. Ao mesmo tempo, foi enviado para o CSD, com cópia para o FC Barcelona e o CTA, o referido relatório preparado pelo Departamento de Integridade.

Vale reiterar o inquestionável empenho da RFEF neste caso, iniciando uma investigação interna assim que o incidente foi conhecido. A Federação, pronta a colaborar em todos os momentos, quer que se chegue até ao fim e pede, por sua vez, a serenidade necessária e aconselhável que ajude a atenuar o clima de tensão que se tem criado face à coletividade de arbitragem. Isso não é benéfico para o futebol. A aplicação da justiça requer tempo e comprovação daqueles fatos que podem ser considerados ilícitos.

Por fim, a RFEF agradece a união do grupo de arbitragem em torno do CTA, que reuniu todos os árbitros que atualmente exercem o seu trabalho no futebol profissional, mas que por sua vez recebeu o apoio maciço de ilustres lendas da arbitragem espanhola que passado contribuíram para o crescimento do nosso futebol.

A todos eles, OBRIGADO!”

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