O Tribunal espanhol aceitou a
denúncia apresentada pelos promotores contra o Barcelona na semana
passada e abrirá uma investigação sobre as denúncias de corrupção
envolvendo árbitros.
Os promotores apresentaram
acusações contra o clube catalão na última sexta-feira (10) após a
revelação de pagamentos feitos a José Maria Enriquez Negreira,
ex-vice-presidente do comitê de arbitragem, equivalente à nossa
comissão de arbitragem da CBF comandada por Wilson Seneme.
Sandro Rosell e Josep Maria
Bartomeu, ex-presidentes do Barcelona, Oscar Grau e Alber Soler,
ex-executivos do clube, e Negreira também são listados como réus no
caso.
Todos são acusados de corrupção no
esporte, corrupção nos negócios, falsa administração e falsificação
de documentos comerciais.
O Barcelona pagou à empresa de
Negreira cerca de 7 milhões de euros entre 2001 e 2018, enquanto ele
era o vice-presidente do comitê de arbitragem. Ele já havia
arbitrado na primeira divisão espanhola.
Joan Laporta, atual presidente do
Barça, disse que os pagamentos eram para ‘relatórios técnicos sobre
árbitros’ e negou que o clube tenha ‘comprado árbitros ou
influência’.
No entanto, na acusação
apresentada, os promotores acusaram Rosell e Bartomeu de terem um
acordo com Negreira no qual ‘ele realizaria ações visando favorecer
o Barcelona na tomada de decisão dos árbitros nas partidas
disputadas pelo clube e, portanto, nos resultados das competições’.
Rosell foi presidente do clube de
2010 a 2014 antes de Bartomeu substituí-lo. Depois de seis anos à
frente do clube catalão, Bartomeu renunciou em 2020, e Laporta foi
eleito como substituto em 2021.
Laporta - que será citado
como testemunha no caso porque sua primeira passagem como presidente
foi entre 2003 e 2010 - diz que as acusações são resultado de uma
campanha para manchar a imagem do clube.
Javier Tebas, presidente de
LaLiga, disse estar ‘envergonhado’ com o caso e criticou Laporta por
não dar uma explicação apropriada a respeito dos pagamentos.
O dirigente disse que LaLiga não
pode punir o Barcelona com uma sanção esportiva devido ao tempo
decorrido. Uefa e FIFA podem intervir, e as autoridades do futebol
espanhol informaram que a Uefa solicitou informações sobre o caso.
Quem é
Negreira
O ex-árbitro FIFA José María
Enríquez Negreira é natural de Barcelona, nasceu em 1945, era
vinculado à federação catalã, estreou na primeira divisão nacional
aos 34 anos e encerrou aos 46 atuando por 13 temporadas na principal
divisão do campeonato espanhol, mas especificamente de 1975 a 1992.
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José María Enríquez Negreira - Crédito:
Reprodução / Divulgação |
Em 1994, depois de se aposentar do
apito, Negreira passou a ocupar o cargo de vice-presidente da
comissão técnica de árbitros, cargo que ocupou até o final da
temporada 2018.
Quando chegou à comissão técnica de árbitros, Enríques Negreira
fundou uma empresa denominada 'DASNIL 95 SL', que, segundo a 'Cadena
Ser', se dedicava ao "comércio grossista de produtos alimentares",
embora em 2000 tenha mudado razão social para oferecer "serviços de
publicidade para empresas, promoções, impressão de textos e
realização de vídeos esportivos para marketing".
O que diz a Federação
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Sede da RFEF - Crédito: Reprodução /
divulgação |
A Federação Espanhola de Futebol
se manifestou na última quarta-feira (16). Em comunicado, a RFEF
afirmou que tem colaborado com a investigação. A entidade reportou o
envio à Uefa de documentos pertencentes ao Departamento de
Integridade da Federação.
“A RFEF está colaborando desde o
primeiro momento com as autoridades competentes para facilitar ao
máximo o trabalho de investigação destes acontecimentos, que
antecedem a atual gestão”, citou a entidade.
“Vale reiterar o inquestionável
empenho da RFEF neste caso, iniciando uma investigação interna assim
que o incidente foi conhecido. A Federação, pronta a colaborar em
todos os momentos, quer que se chegue até ao fim e pede, por sua
vez, a serenidade necessária e aconselhável que ajude a atenuar o
clima de tensão que se tem criado face à coletividade de
arbitragem”.
Sandro Rosell e Josep Maria
Bartomeu, ex-presidentes do Barcelona, Oscar Grau e Alber Soler,
ex-executivos do clube, e José Maria Enriquez Negreira também são
listados como réus no caso. Todos são acusados de corrupção no
esporte, corrupção nos negócios, falsa administração e falsificação
de documentos comerciais.
Veja abaixo o comunicado
emitido pela Federação Espanhola
“A Real Federação Espanhola de
Futebol se pronunciou no processo, uma vez que foi admitida pelo
Tribunal de Instrução de Barcelona a denúncia do Ministério Público
sobre pagamentos do FC Barcelona ao ex-vice-presidente do Comitê
Técnico de Árbitros, José María Enríquez Negreira.
Além disso, tendo analisado a
situação, a RFEF já enviou ao Diretor de Integridade da UEFA o
relatório do Departamento de Integridade da Federação e toda a
documentação referente.
A RFEF está colaborando desde o
primeiro momento com as autoridades competentes para facilitar ao
máximo o trabalho de investigação destes acontecimentos que
antecedem a atual gestão. A UEFA também foi informada da
representação no tribunal pela Real Federação Espanhola de Futebol.
Ao mesmo tempo, foi enviado para o CSD, com cópia para o FC
Barcelona e o CTA, o referido relatório preparado pelo Departamento
de Integridade.
Vale reiterar o inquestionável
empenho da RFEF neste caso, iniciando uma investigação interna assim
que o incidente foi conhecido. A Federação, pronta a colaborar em
todos os momentos, quer que se chegue até ao fim e pede, por sua
vez, a serenidade necessária e aconselhável que ajude a atenuar o
clima de tensão que se tem criado face à coletividade de arbitragem.
Isso não é benéfico para o futebol. A aplicação da justiça requer
tempo e comprovação daqueles fatos que podem ser considerados
ilícitos.
Por fim, a RFEF agradece a
união do grupo de arbitragem em torno do CTA, que reuniu todos os
árbitros que atualmente exercem o seu trabalho no futebol
profissional, mas que por sua vez recebeu o apoio maciço de ilustres
lendas da arbitragem espanhola que passado contribuíram para o
crescimento do nosso futebol.
A todos eles, OBRIGADO!”