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 31/03/2018    09:05hs

Trio feminino apita partida do Catarinense 2018

Charly Wendy fará sua estréia na serie A do Catarinense neste domingo - Reprodução/OCP
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Durante abertura do 16º seminário da arbitragem catarinense, Lédio Dal Toé, Superintendente da Federação Catarinense de Futebol (FCF), disse que seu maior sonho era ver um trio feminino apitando uma partida do estadual. Sugestão aceita pela comissão estadual de arbitragem comandada pelo Diretor do Departamento de Arbitragem Marco Antônio Martins que escalou um trio feminino no confronto entre Avaí e Chapecoense pela Taça Angeloni 60 Anos (Campeonato Catarinense 2018).

Charly Wendy apita a partida, Maíra Americano e Elen Sieglitz serão as assistentes com Adriano Roberto de Souza de quarto árbitro e Érica Gonçalves de avaliadora. A partida será disputada no próximo domingo (1/04), às 16h, no Estádio Dr. Aderbal Ramos da Silva, popularmente conhecido como Ressacada, em Florianópolis.

A política de incentivo à arbitragem feminina é um dos objetivos do Departamento de Arbitragem da FCF. Há 14 anos um trio feminino não atuava numa partida oficial da Série A. A ultima escala foi em 28 de janeiro de 2004, a árbitra Lucimar Lauxen conduziu a partida Tubarão 2X1 Lages, no Estádio Domingos Silveira Gonzáles, em Tubarão, válida pela 3ª rodada do Campeonato Catarinense da Série A1 daquele ano, tendo Érica Gonçalves Klaus e Nívea Márcia Velho como assistentes (veja escala completa abaixo).

Amistoso

No inicio deste ano, a Federação Catarinense de Futebol escalou só mulheres para o amistoso entre Chapecoense e Tubarão, na Arena Condá. A árbitra foi Charly Straub Deretti e as assistentes foram Neuza Inês Back (FIFA) e Gizeli Casaril(CBF) com Tamiris Rodrigues Marmentini (FCF) de quarto árbitro.

Avaliadora em campo

Outra curiosidade da arbitragem feminina de Santa Catarina a ser registrada na partida é a presença de Érica Gonçalves Klaus como avaliadora do confronto designada pela Comissão de Arbitragem da FCF, tendo sido uma das protagonistas do trio feminino em 2004.

Érica Klaus com Roberto Perassi


Conheça Charly

Charly Wendy Straub Deretti nasceu no dia 25/05/1987 (30 anos) em Joinville-SC, mas ela faz questão de dizer que é de Jaraguá do Sul onde sempre residiu com a família.

"Nasci em Joinville porque o hospital de Jaraguá estava de greve" - frisa Charly.

Dona de uma técnica e controle de jogo invejável dentro de campo a ponto de ser a esperança da arbitragem feminina catarinense estando aprovada com sobra no índice masculino nos testes físicos da CBF.

Iniciou a carreira de atleta de futsal e futebol com 11 anos de idade tendo jogado em varias equipes do país. Representou a Seleção Brasileira Universitária em duas ocasiões, (2007 na Universíade na Tailândia e em 2011 na mesma competição na China).

No ano seguinte, em 2012, iniciou a carreira de arbitra apitando por uma Liga Amadora em Osasco/SP. Em 2013 voltou a Jaraguá do Sul, e continuou com a arbitragem amadora. Em 2015 filiou-se a Liga Joinvillense e em 2016 formou-se oficialmente arbitra de futebol pela Federação Catarinense de Futebol.

É filiada como árbitra à Liga Joinvillense de Futebol. É educadora física e trabalha no SESI Jaraguá com ginástica laboral.

O que ela disse

Nesse momento de quebrar barreiras e de afirmação, falamos com Charly que não escondeu a alegria pela escala, pela confiança depositada nela pela comissão de arbitragem da FCF e afirmando que entende a responsabilidade que tem na partida.

"Em 2017 tive minha primeira escala como 4°árbitra na série A do Campeonato Catarinense. As oportunidades não pararam por ai, vieram às categorias maiores e a cada jogo ganhava mais respeito dos atletas e das comissões técnicas. Em Setembro veio a escala tão esperada, apitar um jogo de competição profissional. Foi designado um trio feminino para aquele jogo (Fluminense x Operário), pela série B do Catarinense. A sensação de comandar um jogo assim é indescritível, passa um filme na sua cabeça e lembrar que a anos atrás estava apitando em campos que nem grama tinha e naquele momento você comandava uma partida de tanta importância. Todo suor e trabalho ali eram recompensados.

Charly tem índices masculino nos testes físicos da CBF - (arquivo pessoal)

Início do ano veio mais uma surpresa boa, participei pela primeira vez da pré temporada do Catarinense da série A, estava junto com a elite do Estado e mais uma vez o sonho parecia continuar a caminhar. Durantes esses meses de Catarinense foram várias escalas de 4°árbitro, aprendendo e adquirindo muita experiência ao lado de grandes árbitros. E hoje recebo essa escala, última rodada do campeonato e se pra mim já tinha sido um campeonato de grande aprendizado e de muita satisfação hoje ele encerra pra mim com um sabor especial. Novamente um trio feminino, o que muda muito pra nós mulheres. Buscamos diariamente um espaço e oportunidade para trabalhar e hoje com essa nova diretoria da Federação Catarinense, estamos ganhando essas oportunidades. Gratidão é a palavra a todos da comissão de arbitragem.

É claro que devemos pensar que é sempre mais um jogo, mas esse não podemos pensar assim. Mais de 14 anos que uma mulher não comanda um jogo de série A e é claro que isso pesa um pouco, a responsabilidade é ainda maior, mas eu gosto de desafios e farei nesse jogo o que faço em todos, darei o melhor de mim!

A arbitragem me trouxe vários sentimentos, todos eu já senti ali dentro. Não são apenas dias de sorrisos e glórias, os dias de dores, tristezas e de incertezas são comuns, mas se você tem um sonho e deseja muito isso, tudo vai te fazer evoluir e quando realizar o objetivo, tudo valerá a pena, como até hoje está valendo pra mim. Não sei o que ainda me reserva nesse 2018 mas até agora eu só posso agradecer a Deus e principalmente a minha família que sempre me apoiou em tudo, inclusive minha mãe que mesmo sendo várias vezes "lembrada" pela torcida, sempre gostou de ir ao estádio e torcer por mim.

Ter eles ao meu lado é a força que muitas vezes acho não ter mais".

Tensão

"Teve um episódio ruim pela liga de Joinville. O jogo estava empatado e, aos 44 minutos do segundo tempo, marquei um pênalti. O jogador já tinha amarelo e iria receber o segundo. Ele veio em minha direção e ia me dar um soco, quando, talvez por um detalhe, ele lembrou que era mulher e baixou o braço, mas deu um “peitaço ” me empurrando para trás".

Charly (azul) quando ainda jogava futebol - Reprodução/acekurdana

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