Crédito: Ricardo Rafael |
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A última árbitra central a apitar uma
partida da 1ª Divisão do Campeonato Goiano foi Sirley Cândida. Foi
no jogo entre Anapolina e Aparecidense, em 12 de fevereiro de 2006,
pela 5ª rodada do 2º turno da competição.
Hoje, com 55 anos, a ex-árbitra é
proprietária de uma sanduicheria na cidade de Anápolis. Sirley segue
na arbitragem de futebol amador, futsal e society. Além disso,
lembra com carinho da época em que fez história no esporte goiano.
A ex-árbitra apitou a final do Goiano,
em 2001, entre Vila Nova e Goiás. O processo para chegar neste
patamar foi longo. Naquela competição, Sirley apitou 17 jogos. Para
o último jogo, os times indicaram juízes para o sorteio, que caiu
nas mãos da única mulher.
“O auge da minha carreira foi o
clássico porque dele vieram todas as oportunidades que tive.
Trabalhei no México, em São Paulo. Como mulher, em meio a tantos
homens, eu sobressaí. Se não tivesse sobressaído, feito serviço bem
feito, não teria oportunidades para os próximos” - disse Sirley.
O sucesso na carreira é atribuído à
dedicação física, mental e técnica. Assim como os colegas homens,
ela sabia que estava sob análise em cada jogo.
“A mulher é avaliada por olheiros,
que são homens. Somos julgadas pela postura, pela forma de aplicar
um cartão. Não podemos ser omissas. Se é cartão vermelho, tem de ser
vermelho. O árbitro tem de passar despercebido” - disse a
ex-árbitra.
A maturidade é essencial para seguir
carreira na arbitragem. Saber filtrar o que escuta é necessário, diz
Sirley. Ela acredita que não existe jeito de moldar o torcedor e que
ignorar os xingamentos e preconceitos é o melhor a se fazer. “Você
precisa estar bem preparada psicologicamente para trabalhar e focar
nos jogos. Deixa lá fora falarem o que quiserem. É difícil colocar
alguma coisa na cabeça das pessoas, educação vem de berço”,
finalizou Sirley.
No último jogo da 1ª Divisão do Goiano
que teve uma mulher como árbitra central, em 2006, Sirley acabou
deixando o campo escoltada por policiais por causa de suspeita de
envolvimento em fraude em concurso da Educação. Depois disso, não
voltou a apitar na elite.
Por: Aline Carlêt - O Popular