Altemir Hausmann: “Árbitros recebem informações no celular nos intervalos das partidas”

Assistente FIFA se prepara para a aposentadoria, mas antes da entrevista polêmica onde diz que alguns árbitros deixam celular ligado para receber informações durante os intervalos das partidas

Ele é de Estrela, cidade que fica encravada no Vale do Taquari no Rio Grande do Sul. Entrou na arbitragem por acaso através do  convite de um tio. Teve uma carreira vitoriosa atingindo o ápice com a participação em duas Copas do Mundo (uma como suplente). Participou de 10 Libertadores e um total de quase mil jogos, mas como tudo tem um fim, está vivendo seus últimos momentos como árbitro de futebol profissional. Estamos falando de Altemir Hausmann (foto), que também é conhecido carinhosamente pela sua forma ranzinza de ser como o seu “Lunga” da arbitragem brasileira.

Hausmann estreou na arbitragem em 1991, um ano depois já estava na primeira divisão gaúcha e em 1994 entrou para o quadro da CBF. Dez anos depois já era árbitro internacional (FIFA) e em 2010 atingiu o máximo da carreira ao ser convocado pela FIFA para trabalhar na Copa da África onde trabalhou em dois jogos ao lado do árbitro Carlos Simon e do assistente Roberto Braatz: Inglaterra 1 X 1 Estados Unidos e Gana 0 x 1 Alemanha.

Polêmicas

Além das conquistas, a carreira de Altemir é recheada de polêmicas. Uma delas aconteceu no jogo do Grêmio em 2011, quando André Lima acusou Hausmann de dizer "Deus é justo" após sofrer uma lesão. Antes do episódio, o centroavante tricolor reclamara de um impedimento marcado pelo bandeirinha que a TV confirmou o impedimento.

“Hoje a penalidade máxima do futebol não é mais o pênalti e sim o impedimento, é só olhar quantos jogos são decididos pelo número de impedimentos”

Em outra polêmica, Hausmann foi agredido junto com os demais integrantes da arbitragem por torcedores corintianos durante uma conexão no Aeroporto de Congonhas após jogo em que o Corinthians perdeu para o América-MG por 2 a 1.

Mas a que chamou a atenção foi na semifinal da Copa Libertadores entre Corinthians e Santos. Nos acréscimos da partida, o árbitro Leandro Vuaden marcou falta para o Corinthians. Percebendo que os santistas estavam muito próximos da bola, Hausmann entrou correndo em campo, tirou do bolso a lata de spray branco e, em alta velocidade, demarcou uma meia-lua no gramado.

Pos arbitragem

Depois da aposentadoria, o estrelense casado e pai de dois filhos deve se concentrar em duas atividades principais: tocar a empresa que confecciona produtos de fibra de vidro instalada no fundo da casa onde mora, do qual é dono, e ampliar a escolinha de futebol que já mantém com o cunhado em Estrela. Mas não abandonara a arbitragem, pois é candidato a vice-presidente do Sindicato dos Árbitros do Rio Grande do Sul e segundo rumores deverá vir como candidato na próxima eleição da ANAF.

Sem papas na língua, no fim de junho deste ano ele deu uma entrevista a radio Independente AM 950 de Lajeado-RS onde não fugiu de nenhum assunto .

Confira abaixo alguns trechos da entrevista.

Assistente Fifa desde 2004, Altemir Hausmann, participa do programa Esportes pela Manhã. O bandeirinha natural de Estrela está no seu último ano de atuação, pois atingiu a idade limite de 45 anos. Hausmann fala da dificuldade na reabilitação de passar os finais de semana em casa, sem atuar, após 22 anos como profissional. Ele brinca que não sabe se a família conseguirá se habituar à sua presença.

Fora da Copa do Mundo de 2014, Hausmann torce pela participação do árbitro Leandro Pedro Vuaden, também estrelense, considerado por ele um dos melhores do Brasil. Para participar, Vuaden precisa contar com o insucesso físico de Sandro Meira Ricci e Heber Roberto Lopes, pré-selecionados para arbitrar em 2014.

Em primeira mão, Hausmann revela que, na volta do Brasileirão 2013, a CBF pretende proibir a comunicação entre técnico e auxiliar por meios eletrônicos durante a partida. O que o estrelense não concorda, por ser a favor do uso de tecnologia para a evolução do esporte.

Com vasta experiência, Altemir conta sobre o inicio da carreira, e opina sobre a arbitragem no Brasil e a Copa do Mundo de 2014.

Hausmann diz que não sabe como vai fazer quando parar com a arbitragem e cita que sua família ainda não esta preparada, pois seus filhos perguntam sempre se ele não vai viajar, talvez para terem mais liberdade e dormir com a mãe na cama – disse o assistente.

Altemir diz que a FIFA já escolheu e Sandro Ricci já esta na Copa do Mundo e Heber Lopes de fora, mas ele torce e acredita que Leandro Vuaden ainda possa participar, pois para ele é o melhor árbitro dos três indicados.

Hausmann diz que desliga o celular, mas revela que infelizmente tem árbitro que deixa o celular ligado e recebe ligações de amigos durante o intervalo informando sobre ocorridos no primeiro tempo.

O assistente também revela o time de coração, segundo Hausmann mesmo sendo gremista por influencia do pai, ia com sua mãe, dona Alzi, uma colorada doente aos jogos do Internacional e assim viu um tricampeonato gaúcho e um vice da libertadores do Inter sem comemorar. Altemir tem esse nome dado pelo seu pai em homenagem ao lateral Altemir que defendeu o tricolor gaúcho em 1968, mesmo ano que nasceu Hausmann.

Como não tem papas na língua e nem medo de represália, o assistente criticou a falta de aumento para a arbitragem neste ano, principalmente nos valores das diárias e do reembolso das passagens e diz que os árbitros estão tirando dinheiro do bolso para pagar hotel e transporte.

Ouça a entrevista completa abaixo dada ao programa Esportes pela Manhã.

Fonte:

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