30/09/2013    20:18hs

Apito e bandeira de pai para filho na arbitragem pernambucana

Apitos e bandeiras vem sendo repassados de geração em geração na arbitragem pernambucana

João José Venceslau dos Santos, o Cuíca, ficou imortalizado para o futebol pernambucano atuando pela ponta direita do Santa Cruz. No Cobra Coral conquistou vários campeonatos  entre eles o tetra de 1972. Ao todo foram sete títulos entre as Divisões de Base e o Profissional.

 

O ex-ponta-direita, que tinha como característica a velocidade pensava no futuro, prestou e passou no vestibular da antiga Fesp, hoje UPE em meados dos anos 70 onde se formou em Educação Física. Casado desde 1974 com Lúcia Maria, hoje vive tranqüilo na sua residência, no bairro do Arruda.

 

O jogador

Em 1963, João José Venceslau mostrava habilidade e muita velocidade jogando pelo clube amador do Cacique, na Várzea. Um ano depois, estava nas divisões de base do Santa Cruz, onde iniciava uma seqüência de títulos superior a do Timbu. Cuíca, como ficou conhecido no futebol, foi hepta estadual.

Chamando atenção nas peladas e torneios defendendo o Cacique, Cuíca foi logo chamado para o Sport, pelo então técnico Alexandre

Borges, das divisões de base, em 1964. Mas pouco depois optou pelo Santa Cruz, clube do coração. No Arruda foi campeão juvenil em 65, bi nos aspirantes em 66 e 67 e, já no profissional, participou dos quatro primeiros títulos do pentacampeonato coral.

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“Em 1973 passei no vestibular de educação física e deixei o Santa. Joguei ainda dois anos no América, antes de parar”, diz o ex-ponta-direita, que fez história numa equipe que tinha Luciano Veloso, Fernando Santana, Ramon, Gena e Givanildo.

O árbitro

 

Ao pendurar as chuteiras, Cuíca só trocou de vestiários. Em 1978, já estudante universitário, fez curso de árbitro passando a apitar partidas de futebol de salão (hoje futsal) e, logo depois, de futebol de campo. Passou a integrar o quadro da Federação Pernambucana onde permaneceu por duas décadas e chegou a ser aspirante à Fifa durante os anos de 91, 92 e 93.

 

“Era o único árbitro do Brasil que tinha um clube e não escondia”, afirma o tricolor Cuíca.

 

Por quatro décadas Cuíca atuou nos campos de futebol. Foi jogador, árbitro e assessor de arbitragem

 

Cuíca apitou vários clássicos, entre eles a final de 1989 no Arruda, com o alvirrubro conquistando o título em cima de seu Santa Cruz.

“E o gol do título do Náutico foi num pênalti que marquei”, relembra Cuíca.

O ex-jogador e ex-árbitro se aposentou em 1995, agora aposta suas fichas no filho, Giorgio Wilton, também conhecido como Cuiquinha, árbitro que atua na primeira divisão do futebol pernambucano.

“Ele tem futuro. Vem apitando bem e já merecia mais chances”, diz o pai coruja.

O assessor

 

Cuíca pai não conseguiu ficar longe dos gramados, tentou continuar de alguma forma no apito, fez curso e foi ser assessor de arbitragem da Federação Pernambucana de Futebol, curso que também fez na CBF, função que exerceu até o ano passado quando perdeu espaço com a chegada da nova comissão que optou por não contar com seu trabalho. Em agosto do ano passado, ainda atuando como assessor da Comissão Estadual de Arbitragem, teve que avaliar a atuação do seu filho em Jaboatão dos Guararapes.

 

Cuiquinha comandava bem o jogo entre Jaguar e Chã Grande, pela Série A2 do Campeonato Pernambucano, mas deu um vacilo de alguns segundos e virou de costas para uma bola que parecia ter saído pela linha de fundo. O zagueiro do Jaguar pensou o mesmo e a pegou com a mão dentro da área. Cuiquinha, alertado pelo auxiliar, marcou a penalidade. O descuido, no entanto, não passou despercebido pelo pai, que diminuiu consideravelmente a nota da atuação.

"Não se pode dar as costas nunca para a bola. Se você não está vendo, tem que transferir a responsabilidade (nesse caso, para um dos assistentes)", ensina Cuíca.

 

Giorgio reconheceu o erro e garante ter absorvido o ensinamento.

 

"Todo árbitro tem que passar por um lance curioso, assim como um goleiro tem que levar um peru, pelo menos, uma vez na carreira. Pelo menos, deu tudo certo no final", lembra Cuiquinha. Ter o pai como o maior crítico, segundo ele, é um privilégio.

E essas cobranças surgem porque Cuíca nunca "aliviou" para o filho, que antes de ser árbitro jogou futebol e futsal no colégio e em clubes.

 

"Ele já me expulsou várias vezes quando apitava jogos no colégio. E depois eu levava esporro em casa. Teve um jogo no Vera Cruz em que ele pediu para o treinador do São Luís me tirar antes do final porque eu seria expulso. E ainda mandou me segurar depois da partida porque eu ia querer brigar. Eu tinha pavio curto", diz Cuiquinha.

 

"Ele não tinha pavio nenhum", corrige Cuíca pai, sorrindo.

 

Quem é Cuiquinha

 

Giorgio Wilton Macêdo dos Santos (foto ao lado) nasceu órfão de habilidades com uma bola de futebol, consequentemente não conseguiu ser jogador como o pai e teve que procurar os estudos.

 

A educação física foi o caminho natural e como não queria ficar fora do esporte a saída foi a arbitragem onde formou-se árbitro em 1999 mesmo contra a vontade do pai, e não teve carreira fácil como imaginava, pois só veio apitar seu primeiro clássico cinco anos depois, clássico na categoria Sub-20 sendo que ainda esta aguardando na fila de forma ansiosa o dia de se igualar ao pai, pelo menos no apito já que Deus não lhe deu o dom de jogar futebol.

 

Cuiquinha esteve um tempo afastado da arbitragem

quando fez viagem ao exterior o que impossibilitou sua entrada no quadro da CBF. Mas ciente do seu potencial persistiu com a esperança que uma hora as coisas melhorariam como de fato melhorou com apoio da atual comissão.

 

A comissão atual tem acreditado no meu trabalho, este ano fiz jogos importantes como Náutico x Pesqueira, Sport x Belo Jardim, Salgueiro x Central e a decisão do terceiro lugar do estadual entre Náutico e Ypiranga – disse  Cuiquinha demonstrando grande orgulho.

Para Cuiquinha seu pai é tudo e em rápidas palavras não esconde a admiração que sente pelo progenitor.

"Não poderia ser diferente, meu pai é meu espelho para tudo, como pai, desportista, profissional e amigo" – encerra Giorgio Wilton.

Pais famosos

Neilson Santos e Jossemar Diniz tem filhos atuando na arbitragem

A arbitragem pernambucana tem outros pais famosos cujo filhos seguem na arbitragem os mesmos passos dos antecessores, o árbitro Neilson Santos é pai do assistente Bruno Vieira, o famoso ex-arbitro e ex-deputado estadual Sebastião Rufino é pai do árbitro Sebastião Rufino Ribeiro Filho, melhor árbitro do pernambucano 2012 e o assistente Jossemar Diniz é pai do também assistente Jean Marcel.

Para manter o nome forte na arbitragem como tem sido há décadas, o atual manda chuva da arbitragem pernambucana Salmo Valentim tem dado algumas dicas ao seu filho Kalil (foto ao lado) a quem sonha ver um dia apitando uma Copa do Mundo.

Como a matéria mostra, a renovação esta garantida na arbitragem pernambucana, pois os candidatos vem do berço onde em vez de chupeta recebem um apito para já começarem a se acostumar a comandar pelo som inconfundível e para treinar os movimentos que serão muito usados no futuro deles.

Com informações: Blog do Torcedor.

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