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Charly Wendy, árbitra de futebol –
Arquivo pessoal |
“Tinha que estar em casa lavando
louças”.
Essa é só uma das frases mentalmente contabilizadas pela
profissional de educação física Charly Wendy Straub Deretti, 32
anos, natural de Joinville e que há sete anos arbitra futebol.
Atualmente no quadro de arbitragem da
CBF pela FCF (Federação Catarinense de Futebol), Charly é um dos
símbolos em nome da inclusão e da igualdade no futebol, onde ela faz
uma revelação auto-implicativa: “não fui eu que escolhi a
arbitragem, foi ela que me escolheu”.
O futebol é um ambiente intolerante. Moldado na paixão, está
suscetível a atitudes passionais e nos apresenta nos quatro cantos
do planeta exemplos diários de “pessoas” que não merecem essa que é
uma das maiores invenções do ser humano.
A parte de toda essa complexidade está
a maior autoridade de um jogo: o árbitro. Alheio as cores
envolvidas, é um alvo vulnerável a tudo e todos que cercam o jogo.
Soma-se a toda essa atmosfera bélica a presença de uma mulher como a
figura mais poderosa em um embate entre homens.
Charly Wendy, que é residente em
Jaraguá do Sul, representa uma das profissionais que têm ganhado
força em todo o País.
Recentemente Edina Alves Batista
(FIFA/SP) apitou o duelo entre CSA x Goiás, vitória do time de
Alagoas por 1 a 0, válido pela Série A 2019. Edina rompeu um tabu de
15 anos desde a última vez que uma mulher comandou um jogo da elite
do futebol nacional.
Charly revelou que tem como o grande
objetivo na arbitragem ostentar o escudo da entidade máxima e, se
possível, atuar em uma Copa do Mundo. Ela lembra, no entanto, que
trata-se de um processo evolutivo no qual está galgando seus passos.
“Meu próximo degrau é apitar uma
Série B para, logo depois, chegar a uma Série A. Eu posso sonhar.
Coloco nos meus objetivos e minha meta é receber um escudo FIFA para
poder representar o Brasil”, contou Charly que divide sua rotina
em uma academia de musculação como educadora física.
Dentro desse quadro evolutivo, Charly
vem se consolidando. No campeonato Catarinense, em 2018, ela apitou
um jogo. Neste ano foram quatro partidas. Em âmbito nacional, Charly
está apta a comandar jogos nas séries C e D.
No último sábado apitou a vitória do
Coruripe-AL por 1 a 0 sobre o Sergipe, em Aracaju (SE), no estádio
Batistão. O duelo valeu pela 6ª rodada do Grupo A08 da série D do
campeonato brasileiro e marcou a despedida de ambas as equipes da
competição, que não conseguiram a classificação à segunda fase.
Charly, em gentil contato com a
reportagem após o jogo, relatou alguns contratempos com aeroporto
fechado devido ao mau tempo que acometeu na região nos últimos dias,
mas nada que pudesse interferir no desempenho da equipe catarinense
de arbitragem que fez a melhor das apresentações possíveis dentro
desse segmento: passou sem ser vista.
Apito de Charly; com Eli Alves
Sviderski e Gianlucca Perrone de Vascocellos nas bandeiras.
“Estar ali dentro, ouvindo o hino
nacional. Nosso trabalho passou despercebido e isso para a
arbitragem significa êxito, sairmos sem sermos o centro das
atenções”, admitiu.
A joinvilense não esqueceu de
agradecer e deixar uma mensagem. “Quando se tem paciência,
persistência e perseverança, não existe tempo ruim que faça desistir
dos sonhos”.