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 20/05/2019    14:47hs

Árbitra prudentina conta detalhes da estreia no quadro da CBF

Lili Galindo foi assistente na partida entre Santos e Flamengo, pelo Brasileirão Feminino e projeta maior número de oportunidades na carreira

Crédito: Arquivo pessoal  

Evolução, surpresa e muito treino. Foram estas as palavras mais usadas pela assistente de arbitragem, Liliane Galindo, após sua estreia no quadro de arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O primeiro desafio da carreira em partidas nacionais pela categoria adulta foi o duelo entre Santos e Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro Feminino, no último sábado (11), no Pacaembu.

Para a prudentina, aquela história de querer sempre mais, é verdadeira. Pois, agora, após realizar um de seus maiores desejos na profissão, ao deixar seu nome registrado em uma partida de torneio nacional, ela ampliou o horizonte. Além das competições femininas, as masculinas também estão no radar.

 

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– Fico muito feliz com a minha evolução, no meio do ano vou para os testes masculinos. Eu evoluí muito e estou muito feliz! O que eu tinha mais dificuldade eram os testes de velocidade, e agora estou correndo o que eu preciso. Nos testes de resistência já estou muito bem também. Por isso, em junho ou julho, vou tentar, e aí sim vai começar Série D, Copa do Brasil, as bases e, com isso, até na Federação Paulista de Futebol (FPF) ganho mais espaço, então, a partir do meio do ano, prevejo uma evolução na minha carreira, mais do que foi no início do ano.

Com passagens em 2019 pela Copa São Paulo de Futebol Júnior e Paulista da Série A2 e A3, a prudentina aguardou cerca de quatro meses após sua aprovação para estrear pela CBF, o que, para ela, foi uma surpresa, apesar de se preparar para isso.

– A minha convocação foi em 7 de dezembro de 2018. Depois, fiz os testes físicos, entreguei a documentação, já em janeiro deste ano, e fiz os testes de fevereiro. Após isso, eu estava apta. Quando começaram os campeonatos, eu fiquei esperando, mas como vimos que ninguém que tinha subido tinha sido escalado, eu fiquei mais tranqüila esperando as escalas da Federação mesmo. Mas, admito que não sou daquelas que ficam olhando as escalas, para ver se o povo foi escalado. Às vezes, eu sei que as meninas foram escaladas porque postam nas redes sociais e eu acompanho elas. As minhas escalas eram mais pela FPF, e eu espero por lá. CBF eu não esperava ainda, entende?! Porém, agora que veio a primeira, você já fica mais de olho.

Buscando participar das competições nacionais há sete anos, a assistente explica que as escalações são diferentes daquelas que já está acostumada, como o modelo da FPF, e que vai ter que se adaptar ao novo.

– Os meninos já falaram que tenho que olhar todos os dias, que a CBF não é como a FPF, onde se a gente não confirmar escala, eles não ligam para a gente para poder confirmar as partidas. Na CBF, não. Eles dão um tanto de horas e você tem que confirmar, se não é tirada da escala. Então temos que estar mais ligados e ligeiros por isso.

Crédito: Edson de Lima/A Vitrine Do Futebol Feminino

Lili Galindo (1ª da dir. p/ a esq.) fez a estreia no quadro da CBF no Pacaembu ao lado de Adeli Monteiro e Macela Silva

Como recebeu a notícia

Acostumando-se com as novidades, Lili conta que soube da escalação através de uma amiga que também participaria da partida e, após isso, a correria foi um pouco maior por conta do nervosismo.

– Foi bem legal. Uma amiga minha me ligou para falar que estava escalada comigo. Porque a gente se cadastra pela CBF, mandamos documentação, mas nós não temos acesso direto. Então, eles têm que liberar um link para nós, a senha, as coisas todas e, depois, a gente pega e tem o acesso. Eu fiquei sabendo em uma sexta-feira que o jogo seria uma semana depois e que teria o acesso apenas na segunda-feira, três dias após ficar sabendo. Logo que soube, entrei em contato com a secretária para ela liberar o tal link. Então, eu não tinha muita noção do jogo, do lugar, eu tinha mais clareza do lugar porque a menina tinha me falado. E quando não se tem muita informação, a gente vai ficando cada vez mais nervosa, a emoção vai tomando conta, também. Foi meio difícil absorver, admito, pois nunca fiquei entrando em site, procurando escala, entende?

Quando achou que as emoções terminariam por ali, a prudentina decidiu se informar sobre a partida e, então, soube que participaria do jogo que envolvia, até o momento, as líderes e vice-líderes do Brasileirão Feminino. Ou seja, não era qualquer jogo e, para a sorte dela, sua estreia se distinguia das que aconteciam normalmente.

– Geralmente, as pessoas estreiam nas categorias de base, não nos brasileiros. Estreiam nessas competições, mas não nos primeiros jogos, como foi o meu. Ainda mais em um jogo de bastante expressão, como Santos e Flamengo. Além disso, até então, era um jogo televisionado e, apenas depois de uns problemas, não foi ao ar. Aí eu fiquei mais ansiosa por isso, não pelo jogo. Porque, pelo jogo em si, nós trabalhamos no Paulista Feminino, que é a base dos times, na maioria das vezes são os mesmos. Mas a sensação foi única, muito boa, e a ficha meio que não caía pela preciosidade do jogo.

Crédito: Arquivo pessoal

Lili Galindo, com a bandeira na mão, ao lado da árbitra Katiúcia da Mota Lima e da outra assistente Débora Fisk

À espera do próximo jogo

Como as convocações são realizadas uma semana antes da partida, Lili ainda não sabe quando pode entrar em campo pela CBF mais uma vez. Mas acredita que o próximo jogo não está tão distante.

– Como eu estreei, creio que não demore muito, porque eu fui analisada, então assim, eles têm que ver as análises, coisas dos jogos para eu ir para outra partida. Como meu jogo foi dia 11, eu acredito que lá para a outra semana eu devo pegar mais um. E, também, tenho que ver jogos que têm no estado de São Paulo mesmo, porque todos os árbitros trabalham em seu determinado estado nesta fase.

Imprevisto antes da partida

Com apoio de um personal trainer, a assistente de arbitragem conta com ajuda não só no preparo físico, como também no emocional. Os treinos semanais possuem de alongamentos até academia, e Lili teve que superar um imprevisto na semana da convocação: infecção na garganta. O que fez com que seus treinamentos tivessem uma queda na intensidade.

– Na semana eu estava meio adoentada. Então, assim, foi uma semana meio que quebrada de treino, porque tive que burlar alguns, ele (personal) teve que dar uma repaginada na minha semana por causa da infecção. Além do mais, não sou de ficar tomando remédio, meu personal também não gosta que eu tome, então fui curando com romã e coisas naturais. Fora isso, tinha também a preocupação com o desgaste que a própria viagem para o jogo causa. Mas, graças a Deus, na quarta-feira (8), eu dei uma melhorada, apesar de, mesmo assim, continuar mais cansada que o normal. Ao final deu tudo certo. Mas, após a partida há muito desgaste, inclusive depois tomei uma injeção de B12 (vitamina) para recuperar a musculatura, até porque a viagem foi de ônibus. Então fui e voltei assim. Cheguei um dia antes, fiquei no hotel, mas mesmo assim não dá para recuperar totalmente.

Comparando com as competições em que trabalha normalmente, como a Série A2 e A3 do Paulista, Lili conta que seus treinos mais fortes já tiveram que ser retomados, por conta dos níveis diferenciados das partidas.

– Os jogos femininos têm um nível muito bom. Não é aquele jogo em que as meninas ficam emboladas na bola, é aquele jogo bom mesmo, sabe? O campo bom também, a bola corre bem. Realmente, os treinadores falam mais com a equipe ao invés de ficar retrucando com a gente. Então foi um jogo muito jogado. E, olha, eu já senti esse desgaste porque eu tive uma semana desgastante fisicamente, mas, você imagina um masculino? Que é maior ainda, porque somos diferentes dos homens, eles têm um preparo maior. Mas, mesmo assim, não dá para participar de um jogo e parar os treinos para descansar, nossa rotina continua corrida, para que estejamos prontos para dar conta de todas as escalações.

Na correria desde o início do ano, a prudentina não dispensa o apoio psicológico de seu personal, já que, apesar de importantes, as novidades podem acabar assustando em certos momentos.

– Participei da Copinha, A3, A2, e a gente vai indo. Teve teste da CBF, viagem, aí tiveram as diretrizes das trocas de regras, e fomos de novo para São Paulo, são 600km, não é fácil. É estressante, cansativo, são três dias, pelo menos, para recuperar o corpo. Estou muito feliz pela minha fase, pelas oportunidades dadas aqui no interior, nós vemos a diferença no trabalho, no empenho dos árbitros. Os investimentos são diferentes, eu tenho evoluído muito com o meu assessor, ele me ajuda até emocionalmente falando, porque nós temos medos em algumas situações, a gente precisa de um suporte não só físico. Com certeza é Deus acima de tudo, mas nós precisamos de pessoas na terra para nos darem esse suporte, também. Ele entende muito minha ansiedade.

Fonte: Globo.com

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