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 31/05/2019    22:17hs

Árbitra sergipana punida pelo STJD por informações falsas

Vaneide Góis foi denunciada por informações falsas na ficha de integridade do árbitro; pela acusação pegou 540 dias de suspensão e multa de mil reais

Crédito: Gazeta Press

 

A árbitra sergipana Vaneide Vieira de Góis (foto) foi punida nesta sexta-feira (31) com suspensão de 540 dias e multa de R$ 1 mil pela quinta comissão disciplinar do STJD do futebol (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).

Vaneide foi suspensa por, segundo o Procurador Thiago Queiroz do STJD, falsificar informações com o intuito de enganar, por diversas vezes, a entidade desportiva no cadastro da Comissão de Arbitragem da CBF.

No mesmo processo o Presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Sergipana de Futebol (FSF), Edmo Oliveira dos Santos, foi advertido por conduta contrária á disciplina pela falta de atenção nas informações da árbitra. A decisão cabe recurso.

Entenda

Um e-mail enviado no inicio de abril à corregedoria de arbitragem da CBF (enviado também ao Apitonacional) deu inicio as investigações que foram parar no tribunal.

 

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O documento trazia denuncias contra a árbitra Vaneide Góis que teria supostamente trocado o ano de nascimento e contra o Presidente da Comissão de Arbitragem da FSF, Edmo Oliveira, que teria conhecimento e participação na adulteração das informaçoes. Ainda segundo a denúncia, a manobra da dupla seria com intuito de reduzir a idade da assistente visando possível indicação ao quadro FIFA, pois a mesma participou em 2015, 2016 e 2017 do Curso RAP FIFA realizado no Eco Resort Oscar Inn, na cidade de Águas de Lindóia (SP).  Outra possibilidade para adulteração nas informações seria para permanecer por mais tempo no quadro da CBF burlando as normas da arbitragem da entidade.

Veja abaixo print com trecho do documento recebido pelo Apitonacional.

O julgamento

Segundo os autos do julgamento no STJD, a arbitragem da CBF identificou que nos anos de 2016 a 2019, Vaneide teria preenchido e assinado os formulários enviados para a entidade com o ano de nascimento de 1980, quando a mesma é nascida em 1978. Outros formulários preenchidos pela árbitra no sistema da CBF dão conta do ano 1982 preenchido pela árbitra e onde deveria constar a idade de 40 anos, a mesma teria inserido 36.

O Procurador Thiago Queiroz classificou o caso como falsificação e um dos mais sérios vistos na Justiça Desportiva.

“Como foi relatado, houve uma clara falsificação com o intuito de enganar a entidade desportiva. O documento da denunciada é verdadeiro. Ela não faz nenhuma ressalva, não combate o ano que teria nascido e a explicação não é minimamente razoável. Acreditar que a pessoa errou o ano de nascimento é difícil, mas errar por quatro vezes e em anos distintos. Ela diminuiu a idade ano após ano para continuar atuando. O Presidente da Comissão de Arbitragem de Sergipe não teve o mínimo de cuidado e responsabilidade com os documentos e com a conferência” - defendeu a Procuradoria.

O Auditor Flávio Boson, responsável pelo processo, votou por uma pena de 360 dias. Metade entre a pena mínima e a máxima e aplicar multa de R$ 1 mil.

Ester Freitas, advogada da ANAF, atuando na defesa da arbitra Vaneide Gois no STJD - Credito: Daniela Lameira / STJD

O Auditor Eduardo Mello divergiu, disse que o caso é grave, equivalente ao ‘gato’ no futebol e aplicou aplico 540 dias pela gravidade do caso.

“Acho a situação gravíssima. É o equivalente ao gato, jogador que muda a idade para jogar uma categoria abaixo. Divirjo da penalidade e aplico 540 dias pela gravidade" - disse o Mello.

Já o auditor Sormane Freitas acompanhou a divergência.

“Salta aos olhos ter que julgar um caso como esse. O que mais causa espécie e ter sido reiterado. Não errou no passaporte e outros documentos. Concordo com a pena divergente de 540 dias e multa de R$ 1 mil” - frisou o auditor.

O auditor Otacílio Araújo, Presidente em exercício da Comissão, também votou com a divergência e acrescentou.

“Também acho muito grave. Se fosse só um erro, mas foram outras vezes. Errou três anos direto. Ela escreveu. Alguma coisa tem aí. Lamentável. Acompanho a divergência nos 540 dias de suspensão. Daria até o máximo” - disse o presidente.

Segundo os autos do julgamento, por e-mail, Vaneide confirmou que nasceu em 1978 e que deveria ter colocado equivocadamente 1980. A árbitra enviou ainda ofício à Corregedoria de Arbitragem da CBF afirmando ter nascido em 1978.

Já o Presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Sergipana disse que há a verificação de documentos.

O que eles disseram

O Apitonacional entrou em contato com Vaneide Góis e Edmo Oliveira.

Vaneide não retornou o contato. Já Edmo disse que a ANAF vai recorrer da decisão, que tem certeza que será comprovado que o que houve com Vaneide foi um equivoco. Disse também  que no momento certo esclarecera os fatos.

Entramos em contato com a presidência da ANAF, pois segundo as informações, a árbitra estaria inadimplente com suas contribuições sindicais, o que inviabilizaria a defesa da mesma e o valor que deve ser gasto com o recurso. Segundo o presidente dos árbitros a assistente realmente não esta em dia com suas contribuições, mas como decidido em assembleia a entidade é obrigada a defender o árbitro em qualquer situação. Sobre a denuncia disse que não teve acesso aos autos, mas indaga porque só agora esse assunto veio a tona e cobra a corregedoria de arbitragem da CBF por não ter tomado as devidas providencias. Por ultimo o dirigente defendeu a arbitra discordando do tamanho da punição aplicada a mesma.

Entramos em contato também com Milton Dantas, Presidente da FSF, mas até o fechamento da matéria o mesmo não tinha retornado.

Nota do Apitonacional

Desde que recebeu o email com as denuncias, o Apitonacional fez diversas checagens para comprovar os fatos. No curso das averiguações constatou que Vaneide Góis nasceu em 07/09/1978, como consta no RG 1.xxx.559, em Gararu-SE, filha de Valdo Aragão Nascimento e Maria Vieira de Góis. É solteira, mora no bairro Soledade e é professora no Colégio Graccho em Aracaju.

Apuramos também que pelo menos duas fichas de inscrição na CBF foram preenchidas com ano de nascimento diferentes da original, sendo 07/09/1980 (2017), 07/09/1982 (2019).

Em uma reportagem do site oficial da FSF, publicada em abril deste ano, a idade da assistente é informada como 38 anos (veja abaixo).

Conversamos com diversas pessoas ligadas a arbitragem sergipana. Para todos o corrido não é novidade e muitos estranham porque demorou tanto para esta informação vir a publico. Um deles, que vamos preservar a identidade por motivos óbvios, informou que a assistente e o presidente da comissão teriam forte ligação e que a mesma seria uma espécie de primeira dama da arbitragem local chegando inclusive a, supostamente, fazer escalas de arbitragens nas competições da FSF.

Apitonacional, compromisso só com a verdade!

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