O documento trazia denuncias contra a
árbitra Vaneide Góis que teria supostamente trocado o ano de
nascimento e contra o Presidente da Comissão de Arbitragem da FSF,
Edmo Oliveira, que teria conhecimento e participação na adulteração
das informaçoes. Ainda segundo a denúncia, a manobra da dupla seria
com intuito de reduzir a idade da assistente visando possível
indicação ao quadro FIFA, pois a mesma participou em 2015, 2016 e
2017 do Curso RAP FIFA realizado no Eco Resort Oscar Inn, na cidade
de Águas de Lindóia (SP). Outra possibilidade para adulteração
nas informações seria para permanecer por mais tempo no quadro da
CBF burlando as normas da arbitragem da entidade.
Veja abaixo print com trecho do
documento recebido pelo Apitonacional.
O
julgamento
Segundo os autos do julgamento no
STJD, a arbitragem da CBF identificou que nos anos de 2016 a 2019,
Vaneide teria preenchido e assinado os formulários enviados para a
entidade com o ano de nascimento de 1980, quando a mesma é nascida
em 1978. Outros formulários preenchidos pela árbitra no sistema da
CBF dão conta do ano 1982 preenchido pela árbitra e onde deveria
constar a idade de 40 anos, a mesma teria inserido 36.
O Procurador Thiago Queiroz
classificou o caso como falsificação e um dos mais sérios vistos na
Justiça Desportiva.
“Como foi relatado, houve uma clara falsificação com o intuito de
enganar a entidade desportiva. O documento da denunciada é
verdadeiro. Ela não faz nenhuma ressalva, não combate o ano que
teria nascido e a explicação não é minimamente razoável. Acreditar
que a pessoa errou o ano de nascimento é difícil, mas errar por
quatro vezes e em anos distintos. Ela diminuiu a idade ano após ano
para continuar atuando. O Presidente da Comissão de Arbitragem de
Sergipe não teve o mínimo de cuidado e responsabilidade com os
documentos e com a conferência” - defendeu a Procuradoria.
O Auditor Flávio Boson, responsável pelo processo, votou por uma
pena de 360 dias. Metade entre a pena mínima e a máxima e aplicar
multa de R$ 1 mil.
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Ester Freitas, advogada da ANAF,
atuando na defesa da arbitra Vaneide Gois no STJD -
Credito: Daniela Lameira / STJD |
O Auditor Eduardo Mello divergiu,
disse que o caso é grave, equivalente ao ‘gato’ no futebol e aplicou
aplico 540 dias pela gravidade do caso.
“Acho a situação gravíssima. É o equivalente ao gato, jogador que
muda a idade para jogar uma categoria abaixo. Divirjo da penalidade
e aplico 540 dias pela gravidade" - disse o Mello.
Já o auditor Sormane Freitas acompanhou a divergência.
“Salta aos olhos ter que julgar um caso como esse. O que mais
causa espécie e ter sido reiterado. Não errou no passaporte e outros
documentos. Concordo com a pena divergente de 540 dias e multa de R$
1 mil” - frisou o auditor.
O auditor Otacílio Araújo, Presidente em exercício da Comissão,
também votou com a divergência e acrescentou.
“Também acho muito grave. Se fosse só um erro, mas foram outras
vezes. Errou três anos direto. Ela escreveu. Alguma coisa tem aí.
Lamentável. Acompanho a divergência nos 540 dias de suspensão. Daria
até o máximo” - disse o presidente.
Segundo os autos do julgamento, por
e-mail, Vaneide confirmou que nasceu em 1978 e que deveria ter
colocado equivocadamente 1980. A árbitra enviou ainda ofício à
Corregedoria de Arbitragem da CBF afirmando ter nascido em 1978.
Já o Presidente da Comissão de
Arbitragem da Federação Sergipana disse que há a verificação de
documentos.
O que eles disseram
O
Apitonacional entrou em contato com Vaneide Góis e Edmo
Oliveira.
Vaneide não retornou o contato. Já
Edmo disse que a ANAF vai recorrer da decisão, que tem certeza que
será comprovado que o que houve com Vaneide foi um equivoco. Disse
também que no momento certo esclarecera os fatos.
Entramos em contato com a presidência
da ANAF, pois segundo as informações, a árbitra estaria inadimplente
com suas contribuições sindicais, o que inviabilizaria a defesa da
mesma e o valor que deve ser gasto com o recurso. Segundo o
presidente dos árbitros a assistente realmente não esta em dia com
suas contribuições, mas como decidido em assembleia a entidade é
obrigada a defender o árbitro em qualquer situação. Sobre a denuncia
disse que não teve acesso aos autos, mas indaga porque só agora esse
assunto veio a tona e cobra a corregedoria de arbitragem da CBF por
não ter tomado as devidas providencias. Por ultimo o dirigente
defendeu a arbitra discordando do tamanho da punição aplicada a
mesma.
Entramos em contato também com Milton
Dantas, Presidente da FSF, mas até o fechamento da matéria o mesmo
não tinha retornado.
Nota
do Apitonacional
Desde que recebeu o email com as
denuncias, o Apitonacional fez
diversas checagens para comprovar os fatos. No curso das
averiguações constatou que Vaneide Góis nasceu em 07/09/1978, como
consta no RG 1.xxx.559, em Gararu-SE, filha de Valdo Aragão
Nascimento e Maria Vieira de Góis. É solteira, mora no bairro
Soledade e é professora no Colégio Graccho em Aracaju.
Apuramos também que pelo menos duas
fichas de inscrição na CBF foram preenchidas com ano de nascimento
diferentes da original, sendo 07/09/1980 (2017), 07/09/1982 (2019).
Em uma reportagem do site oficial da
FSF, publicada em abril deste ano, a idade da assistente é informada
como 38 anos (veja abaixo).
Conversamos com diversas pessoas
ligadas a arbitragem sergipana. Para todos o corrido não é novidade
e muitos estranham porque demorou tanto para esta informação vir a
publico. Um deles, que vamos preservar a identidade por motivos
óbvios, informou que a assistente e o presidente da comissão teriam
forte ligação e que a mesma seria uma espécie de primeira dama da
arbitragem local chegando inclusive a, supostamente, fazer escalas
de arbitragens nas competições da FSF.