Árbitro Igor Benevenuto ajuda a levar alegria a
hospital infantil
Enfermeiro de formação, árbitro da CBF integra grupo de
trabalho que visita crianças enfermas. Mineiro conta que
iniciativa o ajuda no campo e na vida
Créditos: Lucas Figueiredo/CBF
Árbitro mineiro Igor Benevenutto
participa de grupo de palhaços para animar crianças
doentes em hospital de Belo Horizonte -
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Árbitro da CBF, Igor Junio Benevenutto
se arruma para mais um dia de trabalho. Ajeita o meião, veste o
calção e... Coloca o nariz de palhaço. Isso mesmo. O mineiro se
transforma no Doutor Gravatinha, médico "besterologista", quando não
está dentro das quatro linhas e leva alegria aos pequenos pacientes
do Hospital ABC da Criança de Belo Horizonte (MG).
Igor é integrante do Guardiões do Riso, grupo mineiro de voluntários
que frequenta hospitais e lares de idosos, utilizando a metodologia
do "Doutor Palhaço". Nas horas vagas, o membro do quadro de
arbitragem da CBF troca o apito e os cartões pela maquiagem branca,
cartola e suspensório e arranca sorrisos de quem está debilitado.
Enfermeiro de formação, a ideia de participar de um grupo como este
surgiu pela vivência em hospitais. Ele viu a necessidade de levar
alegria e não só conseguiu alcançar o objetivo, como também ajudou a
si próprio.
– Sempre acompanhei essa parte de convívio com paciente e o desejo
de trazer um pouco de alegria, doar um pouco do meu tempo para essas
pessoas, para essas crianças. É um sentimento indescritível. Não só
para elas, mas para mim também. Esse trabalho mudou a minha vida no
modo de pensar, no modo de agir. Amanhã posso ser eu o paciente. E
sei que um momento de felicidade faz diferença – afirmou.
O site da CBF acompanhou uma visita e viu que a chegada do Doutor
Gravatinha e sua trupe no hospital muda o ambiente. Música, gritos e
gargalhadas aparecem em um local onde cada corredor ou pilastra
lembra que o silêncio é obrigatório. Apesar da indisciplina, Igor
Benevenutto nunca ouviu uma reclamação e nem foi expulso.
– O hospital tem várias regras, né? Mas ninguém reclama. Tem a
questão da higiene, contato com os próprios pacientes, o silêncio,
que é muito importante, mas esse momento é muito especial. A gente
percebe que as pessoas que estão internadas precisam dessa alegria.
A gente não vai fazer um barulho ensurdecedor, uma algazarra grande,
mas a gente leva o mínimo que pode para trazer essa alegria para
essas pessoas. A música é muito importante. Ela anima a pessoa que
está ali, quietinha, sozinha no canto. Desperta – acrescentou.
A iniciativa não faz bem só aos
pacientes, mas também ajuda o árbitro. Benevenutto destaca a
evolução que conquistou em alguns aspectos dentro das quatro linhas
e afirma que tudo isso aconteceu após o início do trabalho
solidário.
– A questão da paciência, de saber ouvir, entender o momento do
jogador, melhorou. A gente percebe que o jogador está em um momento
de grande estresse, com várias cobranças. Essa empatia tem me
ajudado muito nas minhas arbitragens e percebi que foi depois que
comecei a fazer esse tipo de trabalho. Me traz muita paz, muito
conforto, serenidade. Eu sei que aquele momento de grande estresse
vai ser só naquele momento e depois dali vão ter coisas boas na
minha vida – declarou.
A psicóloga da Comissão de Arbitragem da CBF, Marta Magalhães,
destacou como este trabalho pode ajudar Igor Benevenutto em campo.
Para ela, a iniciativa pode ajudar até no desempenho técnico do
árbitro.
– Quanto mais o ser humano se aproxima de quem ele é, mais ele
valoriza o outro. Quanto melhor a qualidade de contato que ele tem
consigo, melhor a qualidade de contato com o outro e com o meio. A
partir do momento em que ele for exercitando habilidades de
gratidão, a autoconfiança vai se qualificando. E quando ele
qualifica a confiança, começa a tomar medidas e decisões com mais
assertividade – finalizou.