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 21/08/2017    10:018hs     -     Atualizado 21/08/2017    18:11hs

Árbitro agredido denuncia pressão da CEAF para realizar partida sem policiamento

Júlio César Farias diz que foi pressionado para apitar partidas sem policiamento; Vice-presidente da Ceaf alagoana desmente ligação e chama árbitro de ‘leviano’

O futebol alagoano não se cansa de proporcionar cenas lamentáveis no esporte brasileiro e os árbitros, a engrenagem mais frágil da maquina futebol, sofre com todo tipo de mazelas, se bem que, boa parte da culpa pelos acontecimentos advém de atitudes, ou falta dela, deles mesmos.

Quarteto de arbitragem agredido em Coruripe momento antes do jogo começar - Foto: Divulgação
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Não é fácil a vida dos homens de preto na terra dos marechais. O Apitonacional é testemunha ao longo dos anos das péssimas condições de trabalhos que são submetidos como nos treinamentos e testes físicos realizados em pistas mais apropriadas para pastagens de animais como aqui (Leia) já denunciado. Isso sem mencionar a baixa remuneração que recebem para atuarem num campeonato violento onde enfrentam todo tipo de adversidades apitando jogos de times comandados por coronéis cercados de capangas em verdadeiros ‘currais’ esquecido pelo tempo e pelo resto do país. Para piorar a situação, muitas vezes sequer as taxas de arbitragem são pagas previamente como estipula o estatuto do torcedor.

Não bastassem o acima citado, ainda estão sujeitos a todo tipo de violência como a ocorrida no ultimo sábado (19) na partida da volta entre Cururipe e Santa Cruz valida pela semifinal do campeonato alagoano sub-20, disputado em Cururipe. O time da casa venceu por 1 a 0, mas ficou fora da decisão em virtude de ter perdido o primeiro jogo por 2 a 0 no Estádio Rei Pelé, em Maceió.

A vitória com sabor de derrota levou a selvageria relatada em boletim de ocorrência pela equipe de arbitragem da partida formado pelo árbitro Júlio César Ferreira Farias (CBF), pelos assistentes Ana Paula dos Santos (CBF) e Francisco Raimundo Cunha de Freitas Junior e pelo quarto árbitro Márcio dos Santos Oliveira, ambos FAF, que passaram maus bocados ao serem agredidos com requintes de crueldades.

Aos 44 minutos do segundo tempo, Júlio César expulsou dois jogadores do Coruripe e a partir deste momento, praticamente, todos os jogadores e comissão técnica da equipe local partiram para agressões contra arbitragem e jogadores da equipe visitante, forçando o árbitro a encerrar a partida.

Segundo relatou o árbitro via telefone à redação do Apitonacional, ele e seus companheiros da arbitragem foram encurralados no vestiário e agredidos com murros, tapas, socos e pontapés por jogadores e membros da comissão técnica da equipe local após a porta ser arrombada com uso de anilha (objeto usada para musculação) de 5kg.

A violência foi tamanha que o vaso sanitário foi destruído assim como as demais dependências do vestiário da arbitragem como mostra as fotos abaixo.

Temendo maiores conseqüências caso continuassem em Cururipe, a equipe de arbitragem decidiu fazer BO (boletim de ocorrência) em Maceió onde relatou a falta de policiamento no Estádio Gerson Amaral, onde foi realizada a partida, como causa principal das agressões.

Em sua rede social, o jovem árbitro de 26 anos relatou o ocorrido e criticou a comissão de arbitragem, a quem acusa de ter, uma rodada antes, feito pressão para que realizasse uma partida sem policiamento.

Segundo Júlio Cesar (foto abaixo), após recusar fazer a partida Sete de Setembro e CSA por falta de policiamento, recebeu dentro do vestiário uma ligação via celular do delegado da partida (Bebeto), presenciado pelo delegado e pelos assistentes, de George Feitosa onde foi pressionado a realizar o jogo mesmo sem a presença de policiais.

O Apitonacional conversou via Whatsapp com George Alves Feitosa sobre as acusações do árbitro. O dirigente confirmou a ligação, mas disse que ligou para saber o que estava ocorrendo e que em momento algum pediu pra ele fazer jogo sem policiamento como afirmou no facebook. George  disse ainda que entende por ele ter passado por momentos terríveis, mas por imaturidade foi leviano em fazer tal afirmação.

por fim, George insinuou que o comportamento do árbitro pode ter sido motivado pelas mudanças ocorridas recentemente na comissão de arbitragem e que ele pode ter sido orientado a agir dessa forma. Como exemplo usa o fato de que no campeonato alagoano o árbitro quase foi agredido, teve os quatro pneus do carro furado e não acusou ninguém.

"Sei que mudanças em comando de ceafs gera desconforto em quem recebia certo tipo de de tratamento... e de repente o árbitro foi orientado a tomar essa atitude" - disse Feitoza.

Sabendo que a pressão para apitar sem policiamento fora desmentida e chamado de ‘leviano’ pelo vice-presidente, Júlio César disse estar com a consciência tranqüila e reafirmou a acusação.

“Eu falei com o vice-presidente da Comissão de arbitragem George, se ele esta dizendo que estou mentindo... ai só de frente com ele né, que nem todo mundo é homem pra admitir. Mas é aquilo mesmo que foi escrito lá no facebook, não retiro nada não! Estou com minha cabeça tranqüila, com a consciência tranqüila. Independente se vai haver justiça ou não, eu coloquei o que aconteceu pra que isso não venha acontecer com mais ninguém!" - disse o árbitro.

Dia da posse: George Alves Feitoza, Charles Hebert Cavalcante Ferreira e Felipe Feijó

Nota da redação: O Apitonacional apurou com uma fonte dentro da federação alagoana de futebol que realmente houve a ligação com a pressão relatada pelo arbitro por parte do vice-presidente da CEAF e teria sido a pedido do presidente da FAF, Felipe Feijó.

Apesar da juventude, apenas 26 anos, Julio Cesar com bastante tranqüilidade e firmeza nas palavras deixa bem claro estar consciente que acabou sua carreira na arbitragem onde caso permaneça será perseguido por tornar publico o ocorrido e por também questionar os métodos da atual comissão de arbitragem. Em entrevista à Rádio Gazeta disse que pensa em desistir da carreira e não teme perder o escudo CBF.

"Isso não pode ficar impune. Estou aqui em casa, meu pé está inchado, estou com a coxa cortada. Vai ficar por isso mesmo? Eu tenho que ser agredido? Isso tem que acabar! Eu penso hoje sinceramente em abandonar a arbitragem, não quero saber se perco o escudo. Ontem foi muito lamentável o que aconteceu, e penso em abandonar sim” – encerrou o árbitro.

Procurado, Charles Hebert, presidente da comissão de arbitragem alagoana não se pronunciou. O dirigente apenas fez um comentário no facebook onde raivosamente manda o árbitro provar a acusação (veja abaixo).

Atitude bem diferente dos tempos quando era árbitro e cobrava prontamente posicionamento da CEAF em situações como essa. Vale lembrar que Hebert vivia em atritos com a presidência da CEAF e seu atual vice, a quem acusava de ser favorecido pela antiga comissão, especialmente nos testes físicos que supostamente seriam burlados para aprovações indevidas. A quem diga que o ex-árbitro supostamente financiava matérias e fofocas nos bastidores fomentando a discórdia na tentativa de derrubar seu antecessor para assumir o cargo que hoje ocupa conquistado sorrateiramente graças a ingenuidade de aliados que confiavam nas suas boas intenções, que na verdade eram boas só para ele.

Também procurado, o Sindicato dos Árbitros de Alagoas (Sindafal), através de seu presidente Pedro Jorge, disse que assim que foi informado dos acontecimentos tomou providencias para o fato não ser abafado e que foi procurado pela assistente Ana Paula que relatou o acorrido. Informou também que esta marcado reunião amanha (terça-feira) com o quarteto na sede da entidade para tratar das providencias a serem tomadas. Paralelamente disse que o sindicato contratou advogado para entrar com ação cível e no TJD-AL contra os agressores.
 

Em relação a denuncia da suposta pressão sofrida pelo árbitro disse que estará na tarde de hoje (21) na sede da FAF onde falara com Charles Herbert e Felipe Feijó sobre o assunto.

Anilha foi arremessada contra o quarteto de arbitragem no vestiário

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