Diz
José Roberto Wright, ex-árbitro FIFA e atual membro da
Comissão de Arbitragem da CBF
DOMICIO
PINHEIRO/ESTADÃO
O Apitonacional vem destacando
ao longo dos anos as criticas de diversas personalidades do segmento
e de pessoas anônimos, mas apaixonadas pela arbitragem, que anseiam
por mudanças radicais de rumo, em todos os níveis, começando pela
captação e formação nas escolas estaduais chegando ao chefe nacional
do apito, pois o modelo atual esta superado faz tempo e algo radical
precisa ser feito para que esse imenso navio que se transformou
nossa arbitragem não afunde de vez e encontre sua rota rumo a
modernidade e igualdade com o que é praticado nos demais países do
primeiro mundo do futebol.
No final do mês passado o ex-árbitro FIFA Arnaldo Cezar
Coelho deu entrevista ao portal Estadão onde não poupou
a
arbitragem brasileira. Para Arnaldo, além do nível estar muito
baixo, os árbitros não têm 'personalidade'. Alem disso, o eterno
FIFA, que apitou a final da Copa do Mundo de 1982, atacou a escolha
de Sandro Meira Ricci para a Copa da Rússia e que o assistente
Emerson Carvalho não deveria ir para o Mundial pelos erros cometidos na
carreira (leia).
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Mas Arnaldo não é o único figurão do apito descontente com o baixo
nível da arbitragem Brasileira, o também ex-arbitro FIFA com
participação na Copa do Mundo de 1990, José Roberto Wright, com a
língua bastante áspera e afiada, fez coro as palavras de Arnaldo
criticando as atuações dos homens de preto de nosso país.
Wright foi categórico ao afirmar que os árbitros atuais são covardes
e omissos e que Sandro Meira Ricci - escolhido para o Mundial da
Rússia - não está à altura de uma Copa. Frases bastante forte para
quem é atualmente membro da Comissão de Arbitragem da CBF.
Wright durante atividades da CA-CBF -
Foto reprodução TV CBF
O
ex-FIFA fez uma revelação que poucos sabem, que a famosa frase “A
regra é clara”, marca registrada de Arnaldo Cesar Coelho, é sua e
foi criada durante a Copa do Mundo de 1986 quando cobriu o torneio
pela Rede Globo.
“Na Copa do Mundo de 86 a TV Globo me convidou pra fazer a cobertura
da Copa, e ali criei a frase – 'A regra é clara' - que meu grande
amigo Arnaldo Cézar Coelho me tomou na mão grande” – disse
Wright.
As
declarações
de José Roberto Wright
foram dadas dia 11 deste mês durante longa entrevista ao Portal
Uol-Esportes que reproduzimos abaixo na integra.
Por Bruno Braz e Vanderlei Lima
- UOL Esportes
Uma Copa, duas
finais de Libertadores, oito finais de Campeonato Brasileiro, eleito
o melhor árbitro do mundo em 1990... Aos 73 anos, José Roberto
Wright coleciona histórias, polêmicas e não foge de nenhuma delas.
Com a língua afiada, não tem medo em afirmar que os árbitros atuais
são "covardes” e “omissos", que Sandro Meira Ricci - escolhido para
o Mundial da Rússia - "não está à altura de uma Copa", e nem de
poupar críticas a Leonardo Gaciba como comentarista de arbitragem da
Rede Globo.
Sim, é claro que
também não evita falar sobre a semifinal da Libertadores de 1981,
entre Flamengo e Atlético-MG, quando expulsou cinco jogadores do
Galo. Arrependimento pela atuação? Nenhum: "Fiz certíssimo!".
José Roberto Wright tem 73 anos e sofre de Mal de Parkinson
desde 1986 - Foto reprodução UOL
Deu cotovelada em argentino e
saiu no tapa com bolivianos Faixa preta de judô, alto
e de bom porte físico na época em que apitava, Wright não tinha medo
de cara feia e, se fosse preciso, encarava o conflito doa a quem
doer. Sempre ressaltando que a Libertadores na sua época era
extremamente violenta, ele lembra de seus "embates" com jogadores
argentinos.
"Acho jogador argentino folgado
pra burro. Eles empurram o companheiro que está na frente em cima do
árbitro. Quando o cara vinha eu já pisava no pé dele e dava uma
cotovelada no estômago. Aí seu nome começa a viajar no universo do
futebol. O Toninho, ex-lateral direito do Flamengo, vinha, eu parava
em frente dele, ele batia o peito no meu e tome cartão! Pode evitar?
Pode, mas jogador não respeita nesse sentido, então você tem que
impor autoridade", ressalva.
Nada, porém, supera o fatídico Jorge
Wilstermann (BOL) x Olímpia (PAR), em Cochabamba (BOL, pela
Libertadores nos anos 1970, quando, literalmente, saiu no braço com
os bolivianos.
"Time local
entrou dando porrada direto, expulsei cinco do time da casa e acabou
o jogo. Fui entrar no vestiário e dois minutos depois arrebentaram a
porta. Pulei no meio dando porrada, levando porrada, e voltei para o
campo. Quando chego, o coronel-chefe do policiamento está com a
orelha pendurada, tinha tomado garrafada. Falei: `Pô, estou
ferrado´. Quando vi que tinha uma passagem por baixo da
arquibancada, tirei a camisa e parti para lá. Quando cheguei lá,
dois guardas me seguraram, me botaram dentro do carro e me levaram
para o quartel. Os dois auxiliares tomaram tanta porrada no
vestiário... Então se eu sou frouxo e fico lá dentro, estava
roubado. Mas parti para dentro, meti o pau. Não quero saber, sempre
fui assim. Se você não for assim, vai ser engolido. Os caras hoje
têm medo, tudo frouxo, tudo achando que tem que se acomodar, não se
aborrecer. Acho que o árbitro tem que se aborrecer".
“A
Copa Libertadores hoje é brincadeira, você vê na TV a tranqüilidade,
mas antes era coisa doida, não tinha exame antidoping. Tinha que
enfrentar isso tudo, partir para dentro, tomar atitude"
- José Roberto Wright, sobre o futebol
sul-americano atual.
Estréia em Fla x Botafogo expulsando Wright não tinha a pretensão de ser árbitro quando era jovem.
Ex-goleiro do Fluminense, deixou a profissão ao ser um eterno
reserva de Edson Borracha. Tentou seguir carreira então no atletismo
e chegou a ir bem, até que, por obra do acaso, pintou uma pitoresca
oportunidade de apitar uma partida profissional.
SÉRGIO BEREZOVSKY/ESTADÃO
"Na época que fui goleiro fiz uma relação muito boa com
o diretor Dílson Guedes. Em 1974 ele chega para mim e
disse: `Zé Roberto, vou te dar sua chance no futebol´. E
eu: `Legal, Gilson, o que o senhor manda?´ Ele falou:
`você quer apitar Olaria e América em São Januário ou
Botafogo e Flamengo no Maracanã?´ Eu: `Dílson, ou calça
de veludo ou bumbum de fora. Claro que vou apitar
Botafogo e Flamengo´. Apitei, fui muito bem no jogo e
expulsei o Carbone (ex-meia do Botafogo), que achou que
ia deitar e rolar. E a partir dali minha carreira foi
embora", relembra.
Embora seja conhecido pelo estilo
disciplinador, a arbitragem rendeu muitos sustos também para Wright,
como em uma passagem pela Libertadores.
"Sandro Meira Ricci não merece ir
para a Copa do Mundo"
KIRILL KUDRYAVTSEV/AFP
Pela segunda
vez consecutiva, o árbitro Sandro Meira Ricci foi o brasileiro
escolhido pela FIFA para trabalhar na Copa do Mundo. Mesmo
carregando em seu currículo a experiência do Mundial de 2014 e
também das Olimpíadas do Rio de 2016, do Mundial de Clubes e da
Copa das Confederações de 2017, além da Copa América de 2015,
ele não é considerado por Wright como um profissional capacitado
para um Mundial.
"Acho que não está à altura de
uma Copa do Mundo. Já foi a uma Copa e não foi bem, no ano passado
não foi bem no Brasileiro. O Sandro é um árbitro que não tem
constância. Pode apitar um jogo bem e outros dois, três, mal. O
árbitro da Copa, na minha opinião, seria o Luiz Flavio de Oliveira,
que vinha numa boa fase. O Raphael Claus pulou rapidamente e, se
continuar no mesmo ritmo, vai ser o árbitro da Copa de 2022. Acho
que a arbitragem brasileira não será bem representada”, avaliou
também colocando no balaio os auxiliares Emerson de Carvalho e
Marcelo Van Gasse.
"Árbitro de vídeo é besteira. Vai virar
basquete dos EUA. Um saco!" - diz Wright
Tricolor de coração, ele trocou
socos contra o Bangu
ARQUIVO/ESTADÃO
Wright não esconde de
ninguém: é tricolor de coração. Suas raízes com o
Fluminense vêm desde jovem, quando ainda era goleiro do
clube.
“O Fluminense é o
clube do meu coração. Sou benemérito do clube como
ex-atleta, pela pontuação. Lamento muito o estado em que
se encontra, não o time, o clube em si. Foi um clube de
elite, bem freqüentado e caiu muito. E agora está lá no
barco à deriva e tem um remador com remo pequeno
tentando acertar, que é o Abel (técnico). Esse é muito
competente, sabe tudo, tem capacidade, liderança e
conhece bastante futebol”, disse.
O ex-árbitro, entretanto, afirma que
quando apitava não deixava o coração falar mais alto.
“Já dei pênalti
contra o Fluminense aos 45 minutos do segundo tempo. Foi num
Fluminense e Vasco. Se fosse torcedor de futebol não daria, mas
apitando e tendo uma infração eu quero que o Fluminense se dane”.
A maior polêmica apitando jogo do
clube tricolor foi em 1985, quando foi criticado por ter prejudicado
o Bangu na decisão do Carioca. O Flu vencia por 2 a 1, quando o
Bangu, que precisava do empate, reclamou de um pênalti nos instantes
finais em Claudio Adão. Os jogadores se revoltaram e partiram para
cima de Wright, que revidou com cartões vermelhos e socos e pontapés
contra agressores do time de Moça Bonita, incluindo seguranças de
Castor de Andrade (patrono do clube).
"Quando
o lateral direito do Bangu bateu na bola já tinha 47 minutos e
cacetada. Eu viro e apito o final. Questão de décimos de segundo.
Quando ele entra na área realmente foi agarrado, mas ali já tinha
parado, tanto que estou no meio de campo já virando o corpo"
- José Roberto Wright, se defendendo do pênalti não marcado contra o
Fluminense
"Agora o que ninguém fala é que o
Bangu só chegou ali na base de Castor de Andrade, uma grande
figura... Deixa eu ficar calado. Time do Bangu era muito bom com o
Claudio Adão. Era um time realmente forte, mas naquela época tinham
umas histórias meio esquisitas"
- José Roberto Wright, sobre a força do contraventor e ex-mandatário
do clube do time de Moça Bonita
Usou microfone da Globo apitando
Flamengo x Vasco
Em 1982, José Roberto Wright entrou
em uma enorme polêmica ao topar uma pauta do programa “Fantástico”,
da Rede Globo, que sugeria apitar a final da Taça Guanabara, entre
Flamengo e Vasco, com um microfone escondido em seu uniforme. Na
época a reportagem parou nos tribunais esportivos pois alguns
jogadores acharam que foram expostos e intimidados. O ex-árbitro,
entretanto, se defendeu.
“Nunca se fez
nada igual. Seria na rodada anterior, mas quando botou o
equipamento, que era o colete com microfone, ficou apertado e não
dava conforto, então falei para colocar na semana que vem, então deu
uma repercussão maior porque era um grande jogo, uma decisão entre
Flamengo e Vasco. Mas foi um negócio muito bem feito porque não se
editou. Minha preocupação era mostrar como é difícil o trabalho de
árbitro e mostrei ali na base da bronca em cima deles. Consegui me
impor num jogo difícil. E a coisa aconteceu sob uma pressão muito
grande porque os jogadores não sabiam. O Roberto Dinamite,
inclusive, disse o seguinte: `deviam ter me avisado´. E eu respondi:
`se tivesse avisado vocês (jogadores) iriam se tornar coadjuvantes
do Oscar, iam querer aparecer".
A ousadia, porém, chegou a custar
caro para Wright: após denúncia do Vasco, ele levou uma suspensão de
40 dias, mas conseguiu derrubá-la após recorrer no tribunal
desportivo.
"O que aconteceu foi julgamento
político, da CBF, da federação e levei 40 dias de suspensão. Falei:
"estou pouco ligando". E tem um detalhe: não cobrei um centavo da TV
Globo. Nada. Aí recorri na CBF duas semanas depois e ganhei de 7 a
0. Na época era o Caixa D´Água (Eduardo Vianna, ex-presidente da
Ferj), Eurico Miranda... Figuras ilustres do futebol?" - José
Roberto Wright, sobre a pressão sofrida posteriormente.
Acervo da Folha
Sobre polêmica com Fla x Galo em
1981: "Fiz certíssimo" “Depois vim a saber que o
prefeito agora, o filho Kalil, que é frouxo, muito frouxo. Porque
quando eu tive com ele em Búzios, na praia de Jeribá passeando, e o
Bebeto de Freitas, supervisor do Atlético foi `oi, Wright´, não sei
que, falou comigo numa boa e agora depois sou um ladrão, sou isso,
sou feio, sou bonito, sou homossexual e aí porque não falou na
frente ali? Porque é frouxo. Se fosse macho falaria ali o que tinha
dito antes e o que falou depois. Cara muito corajoso em microfone,
mas na hora de chegar perto e falar junto não fala mesmo"
- José Roberto Wright, sobre o atual prefeito de BH e ex-presidente
do Galo
No campo era bravo. Em casa, o
diálogo
LUIZ PRADO/ESTADÃO
Wright teve três
casamentos, é avô de quatro netos e pai de cinco filhos:
dois homens e três mulheres. Um deles chegou até o
juvenil do Fluminense e, segundo ele, “jogava muito”. O
ex-árbitro, no entanto, acredita que seu herdeiro sofreu
uma espécie de boicote no clube por ser seu filho.
“O treinador tirou
ele e o filho do Abel, o Fábio (Braga), para mostrar que
tem autoridade. Quem viu o Pedro jogar viu que ele é
muito bom de bola. Jogava no meio, inteligente”,
elogia.
O ex-árbitro afirma ter educado seus
filhos na base do diálogo:
“Sempre fui
carinhoso, amoroso, nunca dei palmada em filho meu. Aliás, para não
ser mentiroso, a Rafaela, minha filha, morava num apartamento de
fundo com varanda virada para um pirambeirão e ela falou que ia
pular. No que falou `vou pular´, eu fui e dei umas palmadas, até
hoje ela fala disso. Mas depois disso nunca encostei a mão, acho que
o diálogo é sempre melhor. Todos são amigos, a gente procura sempre
estar junto, é muito positivo esse relacionamento”.
Mas o treinador sai do sério com a
"escrotidão da internet" quando foi confundido com um sósia, que era
suspeito de ter furtado um bacalhau de um supermercado.
"O mundo mudou"
Aos 73 anos, Wright diz que tem a mente aberta no que se refere às
relações homoafetivas. O ex-árbitro, no entanto, afirma que nunca
presenciou um relacionamento entre gays no futebol.
"Fui supervisor
do Fluminense durante um período e nunca tive conhecimento de algum
cara que chega e vai se insinuando, entendeu? Nunca vi nada
diferente. Existe? Deve existir, com certeza tem, mas não tenho
realmente nada, nada contra. Às vezes você lamenta, por exemplo:
ontem eu estava em Búzios (RJ), fui tomar um café na padaria lá
perto voltando para o Rio e tinham quatro moças, três delas muito
bonitas. Mas eram companheiras e falei: `que desperdício (risos)´.
Eu acho isso tão natural, você não pode ter discriminação nesse
sentido. Opção cada um tem a sua".
Paulada em Sérgio Cabral
Preocupado com a política, Wright é a favor da intervenção das
forças federais no Rio de Janeiro. O ex-árbitro, porém, não poupa
críticas ao ex-governador Sérgio Cabral e ao ex-presidente da Alerj
e deputado estadual Jorge Picciani (MDB-RJ).
"Acho um espetáculo a intervenção
e espero que tenham coragem de enfrentar. E que tudo aquilo que
generais e delegados estão dizendo, façam. O que você não pode é
estar na mão de vagabundo dominando o Estado, os políticos. Ainda
bem que estão presos o Cabral, o Picciani... Cambada de ordinários,
pessoas escrotas. Esvaziaram a saúde do Rio, esvaziaram as escolas
do Rio e a Petrobras. O Rio perdeu royalties num nível absurdo por
causa do dinheiro que eles roubaram", afirma.
"Apitei Copa com Mal de
Parkinson"
Wright sofre de Mal de Parkinson. O
que poucos sabem, porém, é que, segundo ele, a doença já o acompanha
desde 1986. O ex-árbitro afirma que isso não o atrapalha, mas seus
filhos têm o convencido a realizar uma cirurgia importante no
exterior.
Images Getty Images
“Parkinson. Tô
pensando em fazer, mas dá medo. Não sei, vou ver o que vou fazer.
Estou pensando. A família acha que eu devo fazer, mas como não me
atrapalha... Tenho isso desde 1986, apitei Copa do Mundo com isso.
Quando você fica agitado, aumenta um pouquinho mais, mas não tem
alteração nenhuma”.
Armando Marques me tirou da final
da Copa de 1990
Wright tem uma frustração: não ter
apitado uma final de Copa do Mundo. O sonho não realizado ele coloca
na conta do falecido Armando Marques, ex-árbitro que comandou a
Comissão Nacional de Arbitragem da CBF de 1997 a 2005. Segundo
Wright, o ex-dirigente fez um lobby para ter o veto do ex-presidente
da FIFA João Havelange.
“Eu iria apitar
a final da Copa de 1990, mas lamentavelmente o Armando Marques usou
um argumento contra mim junto ao Havelange dizendo o seguinte: `A
Alemanha perdeu duas Copas do Mundo com árbitro brasileiro, o
Arnaldo César Coelho e o Romualdo Arppi Filho. Se perder a terceira
com o Wright vão fazer a Terceira Guerra Mundial´. E então fui
retirado”.
"O Armando realmente era
homossexual. Não era declarado, mas assumido. Nunca vi o Armando...
Aliás, tem umas histórias, mas prefiro ficar calado. Que Deus o
tenha” - José Roberto Wright, sobre o ex-chefe de arbitragem.
"O homem que fez Gascoyne chorar"
ly Stickland/INPHO /
Getty Images
José Roberto Wright
apitou a semifinal da Copa de 1990 entre Alemanha e
Inglaterra e ficou marcado por dar um cartão amarelo que
tiraria o astro inglês Paul Gascoigne de uma possível
final. O ex-meia, desesperado com a situação, caiu em
prantos. O jogo, porém, foi para os pênaltis e os
alemães venceram.
“Sou cult na
Inglaterra (risos). Um jornal enorme de lá fez uma
matéria: `o homem que fez Gascoigne chorar´. Tenho a
matéria aqui. Gascoigne era um grande nome,
intempestivo, jogava muito também, mas jogador de
temperamento difícil. Ele entrou por trás do jogador
alemão. Ele pôs
a
mão na cabeça desesperado. Lamentavelmente nos pênaltis
o zagueiro inglês bateu lá na arquibancada e me tirou da
final, porque se a Inglaterra passa eu apitaria a final
com certeza”, afirma.
"Já aliviei para o Tite"
José Roberto Wright já teve uma
história curiosa com Tite, e não dos tempos de fama como treinador
da seleção brasileira. Foi na época de jogador, quando defendia o
Guarani e, em jogo contra o São Paulo, teve o ex-árbitro no comando
do apito.
ANTONIO LÚCIO/ESTADÃO
“Ele deu um pau
no cara, já estava pendurado e botou a mão na cabeça: `Ih, estou
roubado, estou expulso´. E quando cheguei, disse: `se fizer de novo
está na rua!´. Ele lembrou dessa história para mim e disse: `Pô, que
alívio que você me deu!´. São situações que vivi com ele, mas o
Brasil deve muito a ele por ser um camarada competente, de bom papo,
líder. Se for campeão do mundo o Brasil deve a ele um grande
percentual”.
"Não tenho nenhuma mágoa com a
Globo"
Há dois anos José Roberto Wright
deixou o quadro de comentaristas de arbitragem da TV Globo. O
ex-árbitro, porém, afirma não guardar mágoas da emissora, pelo
contrário, os elogios são rasgados pelos 17 anos trabalhados na
casa:
“Não renovaram.
É um direito que eles têm. Estavam acreditando no Gaciba. Questão
política da empresa, eu respeito. Empresa que não tem o que falar.
Impressionante. Empresa muito forte, com muita inteligência é líder
nas transmissões. Então não tenho queixa nenhuma. Uma bela empresa.
Se todas as emissoras no Brasil fossem como ela, seria bem diferente
a relação funcionário e empresa".
“No Esporte Interativo aconteceu que não compensava
financeiramente. Então não vale a pena. Mas o Esporte interativo tem
um pessoal muito legal. O André Henning é fantástico, belo locutor,
nesse aspecto o Interativo está bem?” - José Roberto Wright,
sobre a passagem pelo canal da Turner.
"Leonardo Gaciba não está à
altura da Globo"
Apesar da boa relação com a Globo,
Wright não segura as críticas ao falar sobre Leonardo Gaciba, que
foi árbitro e hoje é comentarista de arbitragem na emissora.
Reprodução/Globo
"Negócio do
Gaciba é o seguinte: o Gaciba trabalhou muito nos bastidores para
conseguir o que queria, não medindo esforços se prejudicava bem,
aquém, ou alguém mais. E Gaciba tem o grave defeito que interpreta
mal. Gaciba, na minha opinião, é um teórico e não acho que seja um
homem à altura da TV Globo, não”.
"Sou criador da 'regra é clara!'
Arnaldo me tomou na mão grande"
“Arnaldo é uma figura danada, um
cara muito legal, faz a função muito bem, enxerga o jogo, faz
abordagem e, com isso, criou um personagem junto com o Galvão, outra
figura super interessante. O Galvão provocou e ele brincando foi
levando, levando... E se impôs pela qualidade. Hoje, sem dúvida
nenhuma, é o grande nome da análise de arbitragem" - José
Roberto Wright sobre o ex-colega de Globo.
Confira abaixo vídeo com a entrevista na integra de José Roberto
Wright.