22/02/2013 -
O presidente da Comissão Nacional de
Arbitragem, Aristeu Leonardo Tavares teria afirmado em entrevista ao
jornalista Thiago Rabelo do Jornal Popular de Goiás - edição da
ultima quarta feira (20) - que as denuncias sobre uma quadrilha
mundial que manipula resultados de jogos de futebol para beneficiar
apostadores teria atingido a arbitragem brasileira.
Segundo a matéria
do JP, Tavares teria dito que existem denúncias contra apitadores do
país que foram encaminhadas ao Ministério Público e conta com o
conhecimento do alto comando da CBF. Aristeu disse que a CBF tem
colocado ferramentas à disposição, inclusive da população que é
fiscal da moralidade da arbitragem nacional.
O chefe do apito
brasileiro não entrou em detalhes porque segundo ele, a denúncia
pode não dar em nada, mas afirmou que os denunciados continuam
trabalhando sob monitoramento. Por ultimo ele revelou que um
árbitro fez uma denúncia de algo relevante que ouviu e seu relato
foi enviado para o Ministério Público, tendo o presidente da CBF
sido alertado.
Acompanhe
abaixo a matéria na integra. A entrevista é de Thiago Rabelo para o
Jornal Popular,
Por Thiago
Rabelo - Jornal Popular – Goiás edição de 20 de fevereiro de 2013
(quarta-feira)
A investigação da manipulação de resultados na Europa provocou uma
onda de desconfiança no futebol mundial. O Brasil tem jogos na lista
dos suspeitos, situação que incomoda Aristeu Leonardo Tavares,
presidente da Comissão de Arbitragem de Futebol, que está em
Goiânia. Em entrevista exclusiva ao POPULAR, ele conta que já passou
os casos para o Ministério Público Federal.
JP: No
estudo da Interpol, há suspeitas de manipulação de resultados no
Brasil, mas a rede é complexa e pode envolver não só árbitros, como
também jogadores. Na questão da arbitragem, você garante que o País
não precisa se preocupar?
Aristeu
Tavares: Não, lógico que não garanto. Seria leviano da minha parte
garantir. Não tenho a capacidade que eu gostaria de ter para botar a
mão no fogo e falar de todos. O que eu posso garantir é que estamos
cada vez mais atualizando os processos fiscalizatórios e
preventivos. Vamos discutir algumas situações e criar um
disque-denúncia. Hoje, temos uma ouvidoria. As denúncias que
recebemos já encaminhamos para o Ministério Público Federal.
JP: Então, há denúncias sobre manipulação?
Aristeu Tavares:
Sim. Existem denúncias e,
repito, foram de pronto encaminhamento para o Ministério Público,
que é o órgão fiscal da lei. Eu esperei virar o ano, ver as
denúncias e as coletas de provas. Eu quero acompanhar isso. Vou
pedir para verificar com o Ministério Público como que está isso, se
houve evolução. Temos de acompanhar. É uma obrigação nossa. Somos
fiscais da moralidade da arbitragem nacional. Posso dizer que a CBF
tem colocado ferramentas à disposição, inclusive da população, para
fiscalizar isso.
JP: As denúncias envolvem jogos grandes, de
Série A, Libertadores?
Aristeu Tavares:
Não vou entrar em detalhes.
Não posso entrar em detalhes porque é denúncia e isso pode dar em
nada. Pode ser que alguém fez a denúncia com um objetivo sem
fundamento de atingir alguém, porque o torcedor é um ser passional.
Ele vê a sua equipe sendo traída e prejudicada, e o culpado é o
árbitro.
JP: Os árbitros denunciados estão continuam
em ação?
Aristeu Tavares:
Sim, eles continuam
trabalhando. A gente monitora, obviamente, e não há, a princípio,
nenhum indício que contra indique o trabalho desse profissional.
Repito, é uma denúncia que tem de ser analisada. Veja bem, algumas
denúncias surgiram até de árbitros. É algo interessante. O árbitro
fez uma denúncia que ouviu aqui, ali, acolá. É algo que já foi
enviado para o Ministério Público e o presidente da CBF já foi
alertado.
JP: Você disse que uma denúncia de
manipulação foi feita por um árbitro. Esse automonitoramento é um
pedido da CBF?
Aristeu Tavares:
Sim, claro. Vamos reforçar com a nata da arbitragem nacional, que
eles têm a obrigação de serem elementos fiscalizatórios da conduta
de todos. Temos essa obrigação.
JP:
Como impedir a manipulação de jogos
no Brasil?
Aristeu Tavares: A
CBF vem tratando disso há muito tempo, prova disso é a Corregedoria.
A FIFA elencou quatro viés. O físico, técnico, psicológico e social.
Antes o cara era gordo pra caramba e continuava apitando. Hoje, se
ele não tiver bem fisicamente, não apita. Mesma coisa se for
desequilibrado e tiver problemas sociais e econômicos.
JP:
Quais são os resultados da
Corregedoria? Alguém já foi afastado?
Aristeu Tavares:
Sim. Ano passado, 68 árbitros deixaram de figurar na relação
nacional. Problemas de Serasa, SPC, por não ter 3º grau ou não
comprovou ter feito um curso que nos traga tranqüilidade sobre sua
formação.
Link original da
matéria:
http://www.opopular.com.br/editorias/esporte/arbitragem-sob-suspeita-1.280329
Suspeito é preso em Milão
A polícia italiana
prendeu nesta quinta-feira um esloveno acusado de
ser cúmplice de Tan Seet Eng, suposto chefe de uma
quadrilha mundial que manipula resultados de jogos
de futebol para beneficiar apostadores.
Admir Suljic, 31, era
aguardado pela polícia ao desembarcar durante a
madrugada de um vôo procedente de Cingapura.
Autoridades do pequeno país asiático haviam alertado
os colegas italianos sobre a viagem do suspeito.
Ele estava foragido
desde dezembro de 2011, e é considerado um
elemento-chave na investigação italiana sobre
resultados manipulados entre 2009 e 2011. A polícia
disse que o esloveno seria levado para uma prisão na
cidade de Cremona.
Entenda o caso
Uma investigação
conjunta da Europol (agência européia de combate a
crimes) com promotores nacionais identificou cerca
de 680 partidas sob suspeita, incluindo jogos das
eliminatórias da Copa do Mundo e para torneios
europeus, e jogos da Liga dos Campeões da Europa.
O governo de
Cingapura diz que Tan não é procurado judicialmente
no país, mas garantiu estar trabalhando com as
autoridades européias para investigar a quadrilha.
Na quinta-feira, a
polícia de Cingapura disse que quatro agentes serão
enviados nas próximas duas semanas à sede da
Interpol para colaborar nas investigações.
Tan não pode ser
extraditado de Cingapura para a Itália, por não
haver tratado de extradição entre esses dois países.
Mas ele poderia ser mandado para a Alemanha, que
também realiza investigações sobre o caso.
Especialistas dizem
que a manipulação de resultados futebolísticos
ocorre de forma desenfreada na Ásia, onde há um
grande mercado de apostas e pouca regulamentação da
atividade.
No ano passado, uma
entidade de combate à corrupção estimou que as
apostas esportivas movimentem 1 trilhão de dólares
por ano ou 3 bilhões por dia, sendo a maior parte na
Ásia e em apostas relacionadas ao futebol.
Caso Máfia do Apito
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O árbitro
paulista Edilson Pereira de Carvalho,
foi figura central do escândalo em 2005
que ficou conhecido como Máfia do Apito
em reportagem da revista Veja. Um grupo
de investidores havia "negociado" com o
árbitro Edílson Pereira de Carvalho
(integrante do quadro da FIFA), para
garantir resultados em que haviam
apostado em sites. Descobriu-se a
participação de um segundo árbitro no
esquema, Paulo José Danelon. Ambos,
Paulo José e Edilson, foram banidos do
futebol e, depois, denunciados pelo
Ministério Público por estelionato,
formação de quadrilha e falsidade
ideológica. Danelon
Edilson foi
acusado de receber propina entre dez e
quinze mil reais por jogo, fato que
levou a Confederação Brasileira de
Futebol a anular onze partidas por ele
apitadas, e a determinar que essas
partidas fossem novamente realizadas.
Edílson Pereira foi suspenso em 24 de
setembro de 2005. Em sua defesa alega
que só chegou a tal atitude em razão de
não ter como honrar uma dívida que
possuía no valor de quarenta mil reais. |
Nota do Apitonacional
As denuncias podem
ser vazias como sugere o Coronel do Apito, mas
também podem ser verdadeiras e o fantasma de 2005
reaparecer para esculhambação total da arbitragem
brasileira. A forma como foi concedida a entrevista
e, se foi reproduzida fielmente as palavras de
Aristeu Tavares, toda os árbitros do quadro nacional
estão sob suspeita, pois o chefe do apito brasileiro
disse que os denunciados continuam trabalhando
normalmente o que por si só já é uma decisão
altamente temerária.
Em situação como
essa, em se tratando de arbitragem que não basta ser
honesta, mas que tem que parecer honesta para ter
credibilidade, ao menor indicio de irregularidade,
deve se afastar o acusado e investigar a fundo a
denuncia punindo o infrator ou o denunciante caso o
delito não seja comprovado. O preço a pagar caso a
denuncia seja comprovada é incalculável e a mancha
na credibilidade dos homens de preto jamais será
apagada.
O Apitonacional
entende que as responsabilidades recaiam única e
exclusivamente sobre Aristeu Tavares e os seus
superiores na CBF para caso as denuncias sejam
comprovadas, pois mesmo sabendo antecipadamente,
permitem que suspeitos continuem trabalhando
normalmente e colocando seus pares sob suspeitas.
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