Aristeu Tavares: “Árbitros brasileiros são denunciados de manipulação de resultado”

Por problemas com SPC, Serasa e por não terem o 3º grau, 68 árbitros deixaram a Relação Nacional em 2012

22/02/2013 - O presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, Aristeu Leonardo Tavares teria afirmado em entrevista ao jornalista Thiago Rabelo do Jornal Popular de Goiás - edição da ultima quarta feira (20) - que as denuncias sobre uma quadrilha mundial que manipula resultados de jogos de futebol para beneficiar apostadores teria atingido a arbitragem brasileira.

Segundo a matéria do JP, Tavares teria dito que existem denúncias contra apitadores do país que foram encaminhadas ao Ministério Público e conta com o conhecimento do alto comando da CBF. Aristeu disse que a CBF tem colocado ferramentas à disposição, inclusive da população que é fiscal da moralidade da arbitragem nacional.

O chefe do apito brasileiro não entrou em detalhes porque segundo ele, a denúncia pode não dar em nada, mas afirmou que os denunciados continuam trabalhando sob monitoramento.  Por ultimo ele revelou que um árbitro fez uma denúncia de algo relevante que ouviu e seu relato foi enviado para o Ministério Público, tendo o presidente da CBF sido alertado.

Acompanhe abaixo a matéria na integra. A entrevista é de Thiago Rabelo para o Jornal Popular,

Por Thiago Rabelo - Jornal Popular – Goiás edição de 20 de fevereiro de 2013 (quarta-feira)

A investigação da manipulação de resultados na Europa provocou uma onda de desconfiança no futebol mundial. O Brasil tem jogos na lista dos suspeitos, situação que incomoda Aristeu Leonardo Tavares, presidente da Comissão de Arbitragem de Futebol, que está em Goiânia. Em entrevista exclusiva ao POPULAR, ele conta que já passou os casos para o Ministério Público Federal.

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JP: No estudo da Interpol, há suspeitas de manipulação de resultados no Brasil, mas a rede é complexa e pode envolver não só árbitros, como também jogadores. Na questão da arbitragem, você garante que o País não precisa se preocupar?

Aristeu Tavares: Não, lógico que não garanto. Seria leviano da minha parte garantir. Não tenho a capacidade que eu gostaria de ter para botar a mão no fogo e falar de todos. O que eu posso garantir é que estamos cada vez mais atualizando os processos fiscalizatórios e preventivos. Vamos discutir algumas situações e criar um disque-denúncia. Hoje, temos uma ouvidoria. As denúncias que recebemos já encaminhamos para o Ministério Público Federal.
 
JP: Então, há denúncias sobre manipulação?

Aristeu Tavares: Sim. Existem denúncias e, repito, foram de pronto encaminhamento para o Ministério Público, que é o órgão fiscal da lei. Eu esperei virar o ano, ver as denúncias e as coletas de provas. Eu quero acompanhar isso. Vou pedir para verificar com o Ministério Público como que está isso, se houve evolução. Temos de acompanhar. É uma obrigação nossa. Somos fiscais da moralidade da arbitragem nacional. Posso dizer que a CBF tem colocado ferramentas à disposição, inclusive da população, para fiscalizar isso.
 
JP: As denúncias envolvem jogos grandes, de Série A, Libertadores?

Aristeu Tavares: Não vou entrar em detalhes. Não posso entrar em detalhes porque é denúncia e isso pode dar em nada. Pode ser que alguém fez a denúncia com um objetivo sem fundamento de atingir alguém, porque o torcedor é um ser passional. Ele vê a sua equipe sendo traída e prejudicada, e o culpado é o árbitro.
 
JP: Os árbitros denunciados estão continuam em ação?

Aristeu Tavares: Sim, eles continuam trabalhando. A gente monitora, obviamente, e não há, a princípio, nenhum indício que contra indique o trabalho desse profissional. Repito, é uma denúncia que tem de ser analisada. Veja bem, algumas denúncias surgiram até de árbitros. É algo interessante. O árbitro fez uma denúncia que ouviu aqui, ali, acolá. É algo que já foi enviado para o Ministério Público e o presidente da CBF já foi alertado.
 
JP: Você disse que uma denúncia de manipulação foi feita por um árbitro. Esse automonitoramento é um pedido da CBF?

Aristeu Tavares: Sim, claro. Vamos reforçar com a nata da arbitragem nacional, que eles têm a obrigação de serem elementos fiscalizatórios da conduta de todos. Temos essa obrigação.
 
JP: Como impedir a manipulação de jogos no Brasil?

Aristeu Tavares: A CBF vem tratando disso há muito tempo, prova disso é a Corregedoria. A FIFA elencou quatro viés. O físico, técnico, psicológico e social. Antes o cara era gordo pra caramba e continuava apitando. Hoje, se ele não tiver bem fisicamente, não apita. Mesma coisa se for desequilibrado e tiver problemas sociais e econômicos.

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JP: Quais são os resultados da Corregedoria? Alguém já foi afastado?

Aristeu Tavares: Sim. Ano passado, 68 árbitros deixaram de figurar na relação nacional. Problemas de Serasa, SPC, por não ter 3º grau ou não comprovou ter feito um curso que nos traga tranqüilidade sobre sua formação.

Link original da matéria: http://www.opopular.com.br/editorias/esporte/arbitragem-sob-suspeita-1.280329

Suspeito é preso em Milão

A polícia italiana prendeu nesta quinta-feira um esloveno acusado de ser cúmplice de Tan Seet Eng, suposto chefe de uma quadrilha mundial que manipula resultados de jogos de futebol para beneficiar apostadores.

Admir Suljic, 31, era aguardado pela polícia ao desembarcar durante a madrugada de um vôo procedente de Cingapura. Autoridades do pequeno país asiático haviam alertado os colegas italianos sobre a viagem do suspeito.

Ele estava foragido desde dezembro de 2011, e é considerado um elemento-chave na investigação italiana sobre resultados manipulados entre 2009 e 2011. A polícia disse que o esloveno seria levado para uma prisão na cidade de Cremona.

Entenda o caso

Uma investigação conjunta da Europol (agência européia de combate a crimes) com promotores nacionais identificou cerca de 680 partidas sob suspeita, incluindo jogos das eliminatórias da Copa do Mundo e para torneios europeus, e jogos da Liga dos Campeões da Europa.

O governo de Cingapura diz que Tan não é procurado judicialmente no país, mas garantiu estar trabalhando com as autoridades européias para investigar a quadrilha.

Na quinta-feira, a polícia de Cingapura disse que quatro agentes serão enviados nas próximas duas semanas à sede da Interpol para colaborar nas investigações.

Tan não pode ser extraditado de Cingapura para a Itália, por não haver tratado de extradição entre esses dois países. Mas ele poderia ser mandado para a Alemanha, que também realiza investigações sobre o caso.

Especialistas dizem que a manipulação de resultados futebolísticos ocorre de forma desenfreada na Ásia, onde há um grande mercado de apostas e pouca regulamentação da atividade.

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No ano passado, uma entidade de combate à corrupção estimou que as apostas esportivas movimentem 1 trilhão de dólares por ano ou 3 bilhões por dia, sendo a maior parte na Ásia e em apostas relacionadas ao futebol.

Caso Máfia do Apito

O árbitro paulista Edilson Pereira de Carvalho, foi figura central do escândalo em 2005 que ficou conhecido como Máfia do Apito em reportagem da revista Veja. Um grupo de investidores havia "negociado" com o árbitro Edílson Pereira de Carvalho (integrante do quadro da FIFA), para garantir resultados em que haviam apostado em sites. Descobriu-se a participação de um segundo árbitro no esquema, Paulo José Danelon. Ambos, Paulo José e Edilson, foram banidos do futebol e, depois, denunciados pelo Ministério Público por estelionato, formação de quadrilha e falsidade ideológica.  Danelon

Edilson foi acusado de receber propina entre dez e quinze mil reais por jogo, fato que levou a Confederação Brasileira de Futebol a anular onze partidas por ele apitadas, e a determinar que essas partidas fossem novamente realizadas. Edílson Pereira foi suspenso em 24 de setembro de 2005. Em sua defesa alega que só chegou a tal atitude em razão de não ter como honrar uma dívida que possuía no valor de quarenta mil reais.

Nota do Apitonacional

As denuncias podem ser vazias como sugere o Coronel do Apito, mas também podem ser verdadeiras e o fantasma de 2005 reaparecer para esculhambação total da arbitragem brasileira. A forma como foi concedida a entrevista e, se foi reproduzida fielmente as palavras de Aristeu Tavares, toda os árbitros do quadro nacional estão sob suspeita, pois o chefe do apito brasileiro disse que os denunciados continuam trabalhando normalmente o que por si só já é uma decisão altamente temerária.

Em situação como essa, em se tratando de arbitragem que não basta ser honesta, mas que tem que parecer honesta para ter credibilidade, ao menor indicio de irregularidade, deve se afastar o acusado e investigar a fundo a denuncia punindo o infrator ou o denunciante caso o delito não seja comprovado. O preço a pagar caso a denuncia seja comprovada é incalculável e a mancha na credibilidade dos homens de preto jamais será apagada.

O Apitonacional entende que as responsabilidades recaiam única e exclusivamente sobre Aristeu Tavares e os seus superiores na CBF para caso as denuncias sejam comprovadas, pois mesmo sabendo antecipadamente, permitem que suspeitos continuem trabalhando normalmente e colocando seus pares sob suspeitas.


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